Do seu espaço virtual -- dividido com outros tantos político, professores e intelectuais (v. aqui) --, o Prof. Vital Moreira, da Universidade de Coimbra, traz uma curiosa situação, ocorrida quando se viu obrigado a requisitar o atendimento da empresa que lhe "prestava serviços" (?) de telefonia móvel e que já bem ilustra o mundo maravilhoso das privatizações, nomeadamente no mundo dos telemóveis. É, sem dúvida, a última geração dos serviços de atendimento ao consumidor, cujo inovador mecanismo é ainda inédito nestes trópicos. Eis o seu depoimento, tragicômico:
"Tendo necessidade de assistência do meu prestador de serviços de telemóvel (a TMN), fui surpreendido com a descoberta de que o serviço de apoio aos clientes deixou de ser feito directamente, via voz, passando a estar disponível por meio de... SMS. Segunda surpresa, ao fim de quatro SMS e respectiva resposta descobri que o meu problema não cabia em nenhum dos itens do menu disponibilizado, pelo que tive de desistir. Resta-me deslocar-me a uma loja de assistência do operador (imaginem que eu estava no estrangeiro...).Trata-se de um situação inadmissível sob o ponto de vista da protecção dos direitos dos utentes, que nem o regulador das telecomunicações (a ANACOM), nem as associações de defesa dos consumidores, podem passar sem censura. Primeiro, a obrigatoriedade de recurso ao SMS exclui do serviço de apoio todos os utentes iletrados ou não familiarizados com essa função. Segundo, não é simplesmente exigível que uma pessoa desperdice o seu precioso tempo em SMS sucessivos, para descobrir no final que de nada lhe serve. A PT desconsidera os seus clientes. (...) Há tempos rescindi o contrato de telefonia fixa, em protesto pela cobrança de serviços não solicitados. Parece-me, agora, que também tenho de procurar outro fornecedor de serviço de telefonia móvel.