terça-feira, 3 de março de 2009

# a milionésima nona falácia

A verdade acerca dos boxeadores cubanos que abandonaram a delegação cubana nos Jogos Panamericanos de 2007 veio à tona, dita pelos próprios protagonistas.
Sim, Erislandy Lara e Guillermo Rigondeaux decidiram por vontade própria voltar para casa, para Cuba, após terem fugido da sua delegação. Repensaram. Mudaram de idéia. Ficaram com medo. Não importa. O que importa é que desistiram da atitude e resolveram voltar para a sua terra, mesmo com a opção dada pelo governo brasileiro de ficar em terra brasilis.
Assim, mais um vez se mostra que tão-somente uma ínfima parte de atletas cubanos resolvem, em competições internacionais, abandonar a sua delegação, abandonar o seu país e buscar luxo&fortuna d'além mar. Repita-se: são pouquíssimos os casos de atletas cubano que desistem do seu país para enriquecer em outros países. O que acontece é que este microcosmos é supervalorizado de tal maneira pela mídia golpista e assimilado tão cegamente pelas pessoas que nela se seduzem que se pensa que todo mundo foge ou quer fugir de Cuba. Ora, é muito fácil qualquer atleta, quando está num longínquo país a disputar uma competição, deixar a sua delegação, esconder-se, requerer asilo político e lá ficar, ad eternum. Portanto, deixe-se de bobagem: a ampla maioria de atletas não deixam Cuba porque, simplesmente, não querem deixar o seu país, não querem abrir mão do sonho de consolidar um mundo novo e já entendem que há muita coisa mais importante do que fazer fortuna pessoal.
Mas uma coisa deve ser dita: se há erros e falhas -- e, claro, existem! -- no governo cubano, o maior deles sem dúvida é a proibição de sair do país. Se o cidadão quer sair, que saia -- como, por sinal, depois veio a fazer um destes boxeadores, que fugiu para Miami, pois em Cuba, pelo seu gesto de abandonar a delegação, já não conseguia lutar e havia sido expulso da equipe nacional de boxe. O que deveria ser restringido, condicionado e examinado, a posteriori, seria a possibilidade do seu retorno.
Essa liberdade de mão-única deve ser considerada por dois motivos: (i) primeiro, privilegiar-se-ia por si só a sacrossanta liberdade de ir -- sim, se o cidadão está descontente, frustrado ou seja lá o que for, que saia; depois, e principalmente, (ii) acabar-se-ia com aquele mito de que todos ficam em Cuba por que são obrigados a ficar em Cuba, e não porque querem e não porque desejam colaborar na construção de uma nova sociedade e um novo Estado.
Tal atitude, juntamente a todas as demais que o renovado Governo de Raúl Castro promove, já está na hora de ser discutida no país.