fffdsO ser humano é confuso; em tantos casos e situações, muito.
fffdsE lá e cá, do quase internacional norte amazônico ao bairro nobre da capital paranaense, duas grandes figuras -- a mim muito próximas noutros carnavais -- mostram-se sentimentalmente confusas.
fffdsA primeira, outrora retumbantemente dita de esquerda, de apoiador dos movimentos sociais, de preocupado com os rotos e os aleijados, de intransigente com a falta de terra e comida, de eleitor do luiz inácio, de exterminador do estado mínimo, de contestador das coisas do grande capital, de opositor à grande mídia corporativa etc. -- capaz, até, de discussões madrugada e vinhos do porto adentro com este que vos fala, dantes um idiota que ainda transitava (e elevava-se) do egocêntrico e libertino mundo de luxo&riqueza para o justo mundo de saber o que é consciência --, mostra-se agora um firme defensor da banda UDN/ARENA/PFL/DEM e de todos os interesses que tal grupelho historicamente defende. Ossos do ofício? Tu quoque, Brute?
fffdsA outra, um veementemente autoaclamado "anarco-liberal", resolve, não sei se do dia pra noite, fiar e afiançar a ode que se faz ao governo dos milicos bundões e da canalha direita, nos anos de trevas totais que a nossa escrota ditadura propiciava. Dantes uma pessoa cujo sonho parecia ser um woodstock regido por mãos invisíveis, hoje parece delirar com um nazi-salazarismo comandado pela tradição, família e propriedade. Quo Vadis, Domine?
fffdsLembro aqui, e sempre, Voltaire -- "je ne suis pas d'accordavec un mot de ce que vous dites, mais je défendrai jusqu'à la mort le droit de le dire", ou algo assim... --, e por isso jamais admitiria vê-los calados, pois, além de cidadãos, são inteligentes e agradáveis (esta liberdade, inclusive, é um dos suportes da democracia que defendo, a qual, já se insista, não é essa que anda por aí, dissimulada no faz-de-conta das eleições).
fffdsContudo, que ambos parecem estar a passar por alguma aguda e conflituosa fase de autocrítica filosófico-político-social, ah, isso estão.
fffdsE então meus filhos, o que se há de fazer? Temo, talvez, pelo pior.
fds