Em aprazível conversa no início da noite de hoje com alguns amigos, esses também já percebem -- mesmo sem estarem, sob o espectro sócio-político-econômico, nem cá nem lá (mas cuja postura, como lhes disse, infelizmente os fazem estar do lado de lá...) -- a ardilosa e galopante ofensiva da direita pelo continente.
E fazem uma acertada afirmação: na disputa pela América Latina, o Brasil é o centro nevrálgico, é o pilar, o fiel da balança, o conducteur latino-americano.
O Brasil é um Virgílio.
Se cair, se retroceder e se ir para o lado errado nas próximas eleições, todos os progressistas governos que assumiram os Estados latinos -- devastados pelos séculos de colonialismo, coronelismo e neoliberalismo implementados pelas oligarquias e pelas elites locais -- cairão, como peças de um dominó.
E é assim, e por isso, que em nosso país já há essa visível, concreta e recrudescente articulação da direita: donos da grande mídia, oligopolistas, latifundiários, militares, todos em busca do retrocesso, do status quo ante.
Na firme retaguarda do movimento, a patética classe média, desejosa e invejosa da elite, e preconceituosa e odiosa da gente humilde.
Um terror que, alvoroçada e raivosa, parece ser capaz até de, como faz pela América Latina, empunhar foices e martelos para ir lutar pelo fim dos governos revolucionários, progressistas ou reformistas e pelo fim das políticas públicas includentes e sociabilizantes, sendo aqui o caso nacional mais real.
Por isso, não se espantem. Em breve, pelas ruas, passeatas, discursos e mais passeatas -- patrocinadas pela UDN/Arena/PFL/DEM, pelos tucanos, pelas FIEPs, pela CNA, pela Opus Dei, pela OAB, pela grande mídia e por uma imensa renca de pessoas da classe média -- farão os mais velhos lembrar daqueles negros e recentes anos nos quais via-se pelas avenidas do Brasil a malfada "Marcha da Família", a apoiar o conservador regime ditatorial dos milicos e das elites.
Será um remake da "Tradição, Família e Propriedade"? Cruz-credo.
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