quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

# antifahrenheit 451 (xix)

fdDas duas investigadas razões para a rebelião ocorrida há algumas semanas na "Penitenciária Central do Estado", em Piraquara" – e que foi contida em 16 horas mas elevada à hecatombe pela grande mídia que não recebe um tusta para propaganda –, ambas confirmaram-se: (i) o confronto entre facções rivais, talvez facilitada por corrupção de servidores que permitiram misturá-las nas mesmas alas do presídio, e (ii) a sabotagem de agentes penitenciários, os quais há meses pressionam para, absurdamente, portarem armas e mudar a escala de trabalho, em que trabalhariam 8 dias por mês e folgariam 22.
fdSim, dois agentes penitenciários já foram presos sob a acusação de tramar a rebelião. O Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) cumpriu nesta terça-feira outros nove mandados de prisão contra detentos da PCE, também acusados de envolvimento na rebelião e que foram transferidos para presídios do Paraná e de outros Estados.
fdEntre os agentes envolvidos na trama estão o chefe e o subchefe da segurança da penitenciária.dAs investigações foram conduzidas pelo Cope, da Polícia Civil do Paraná, que descobriu que o motim foi tramado e incentivado através da colocação de presos rivais jurados de morte numa mesma ala. O objetivo, segundo a polícia, seria forçar a volta dos 20 policiais militares retirados da guarda interna do presídio dias antes.
fdSegundo o Secretário de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, a investigação foi acompanhada e chancelada por um Promotor de Justiça e também pelo Juiz-Corregedor dos presídios, o qual afirmou que a investigação foi conduzida com muita seriedade e lisura e que foi acompanhada pela Corregedoria dos Presídios desde o início.
fdDe acordo com o relatório de investigação do Cope, a rebelião foi resultado de uma “imprudente” decisão de remover presos rivais para uma mesma galeria, dominada por uma das facções criminosas.
fdO inquérito policial ainda aponta que a experiência de mais de 20 anos de agentes penitenciários no presídio lhes daria perfeita condição de saber o que estaria por acontecer com essa transferência, o que reforça a ideia de que o motim resultou de uma “trama muito bem planejada pela chefia de segurança e alguns presos, tendo como premissa maior o retorno de policiais militares ao estabelecimento prisional”, conforme traz o relatório.
fdEm relação às mortes e aos danos ocorridos, o Cope assinala que fizeram parte do planejamento, tendo em vista que algumas vítimas e agressores dispunham de armas e conhecimento sobre o confronto que ocorreria. “Nesse contexto, é de se presumir que os chefes da segurança do presídio protagonizaram o papel de verdadeiros intermediadores de uma arena de gladiadores, o que corresponde dizer que dispuseram meios para ambos os lados se digladiassem, insuflando-os a contenta até a morte”, conforme traz o inquérito.
fdO Promotor de Justiça da 10ª Vara Criminal, Pedro Carvalho Santos Assinger, baseado em indícios muito fortes de que toda a rebelião foi tramada e articulada pelo chefe e subchefe da segurança do presídio, concedeu parecer favorável às prisões temporárias e ao cumprimento dos mandados de busca e apreensão.
fdAlém destas prisões, a Delegacia de Piraquara prendeu dez funcionários do Centro de Triagem II que trabalhavam como auxiliares de carceragem e foram acusados de facilitar a fuga de dois detentos – um deles transferido recentemente da PCE, envolvido na rebelião e jurado de morte.
fdAs investigações continuam e a polícia tem o prazo de 10 dias para concluir o inquérito, que tem 182 páginas. (v. aqui)
fd