(...)
- Mas e por que a mídia, então, não fala toda a verdade?
- Porque não lhe é conveniente, por se tratar de uma mídia corporativa, uma mídia comercial, uma empresa que visa aos seus interesses e, claro, ao lucro.
- Como assim?
- Esta mídia que a senhora vê aí, neste canal e nos outros, neste e nos outros jornais da tv, faz tudo por dinheiro, com fins mercantis, de negócios e, principalmente, faz tudo pelo poder (v. aqui e aqui).
- Ah... é tipo uma loja de shopping?
- Exato, vendem notícias (e fatos) como o Burger King vende sanduíche.
- Entendi. Mas estranho... e eles podem fazer isso?
- Não, mas fazem.
- Não entendi.
- A tv é uma concessão pública, e por isso tem regras de uso, de transmissão, de conteúdo etc. O problema é que as concessões de rádio e tv sempre funcionaram no Brasil como meros "mimos políticos"... Além disso, quase nunca ninguém ousa enfrentar estes grandes grupos de comunicação – que são verdadeiros "latifúndios eletromagnéticos" –, grupos que tem braços em rádios, jornais, revistas... e que podem destruir qualquer um a qualquer momento. (v. aqui)
- Hum...
- Tem gente que enfrenta isso... basta lembrar do Brizola, o maior de todos os inimigos da Globo, e, lá fora, do Chávez, dos Kirschner... E, claro, do Requião, que no governo dele zerou os gastos em propaganda e publicidade nas tvs comerciais, na CBN, na Gazeta... e era diariamente massacrado por todos os veículos de comunicação do Paraná, que deixavam todo ano de embolsar milhões e milhões de reais. E foi por isso que ele investiu na "TV Educativa", uma tv pública, um órgão oficial do Estado e cujo interesse público pautava as notícias, as reportagens e os programas . O problema é que era tudo muito chato, em regra mal feito, e por isso ninguém assistia... e por isso ninguém sabia do que se fazia no Paraná, nas mudanças todas e nas inúmeras políticas públicas que se promoviam e que mudavam a vida dos paranaenses (v. aqui e aqui).
- Como assim "gastos em propaganda"?
- Pois é, o governo federal, para piorar, insiste não apenas em deixar como está – sendo incapaz de avançar no projeto de regulação da mídia –, como coloca cada vez mais dinheiro em propaganda nestes canais...
- Como pode... masoquismo isso! Paga para alguém falar mal!
- É... mas o problema nem tanto é falar mal ou bem, pois este é o "jogo", mas sim falar as verdades pela metade, o que tangencia a "mentira", só revelando a parte que interessa, e também falar sobre os fatos convenientemente selecionados, à la carte, como se o Brasil ficasse escondido por debaixo da programação das tvs. Mas isso está a mudar... (v. aqui)
- Será? Por quê?
- Não só pelo fato de que o Brasil está, mesmo com todos os seus erros e percalços, melhor para todos. É porque a internet está aí e está mudando tudo. O mundo dos fatos está disponível "on line", escancarado, sem intermediários historicamente privilegiados por regerem a pauta e a verdade... Qualquer um hoje é e pode ser um noticiante, um veículo.
- Ah, mas a tv ainda é a tv...
- Claro. O poder dela ainda é enorme, e por isso a necessidade urgente de se regular a mídia, de implementar tvs públicas de qualidade e de se reduzir a mamata da gigante verba publicitária entregue aos grandes grupos. Sem isso o interesse público continuará refém da vontade e do desejo financeiro destes grupos... (v. aqui e aqui)
- Claro, claro... é tudo tão claro isso meu filho...