Vejo as fotos da Baixada, praticamente pronta, e está um espetáculo.
Mas também vejo que em mais um ato da ópera bufa de desprezo ao futebol, à sua história e à sua torcida, o recheio do estádio, na cor de cada uma das cadeiras, é... cinza.
Mas também vejo que em mais um ato da ópera bufa de desprezo ao futebol, à sua história e à sua torcida, o recheio do estádio, na cor de cada uma das cadeiras, é... cinza.
Sim, ordens do mandatário da Casa.
Que parece, pois, não conhecer o nosso valor.
E como se perpetrasse transfundir o sangue de cada um dos atleticanos, aquilo ali nos empalidece, nos deslustra e nos abafa.
E tira o vigor, e jaça e usurpa parte do tom da alma rubro-negra.
Subtrai-se a cor da paixão, a cor apaixonada do clube, a cor da vida de um clube de cuja paixão sabemos de cor: o vermelho.
Esfria-se, mortifica-se, enluta-se no cinza o vivo que se tinha no nosso caro vermelho, que esquentava, que enfogava e que sempre tornou aquilo ali um fervoroso caldeirão.
Quer-se, agora, as cinzas de uma quarta-feira qualquer, desprezando todos os santos dias em que o nosso futebol foi eternizado sob o manto das nossas sagradas cores.
Quer-se um cinza mercantil, um cinza frio e calculista, um cinza à moda dos negócios, um cinza à la carte, um cinza que nos fatia, que nos apunhala pelas costas e que nos debulha.
Um cinza gelado, neutro, nulo, duro, inodoro, insípido.
E um cinza sem cor, sem grito e sem vida.
Roubaram-nos o vermelho, meus amigos.