Assombra a Europa e o Norte global, em
geral, um sentimento de exaustão política e intelectual que traduz em uma
incapacidade de enfrentar, de modo minimamente inovador, os desafios da justiça social, econômica, ambiental, cultural e histórica que interpelam o mundo (desenvolvido e em desenvolvimento) nas
primeiras décadas do séc. XXI.
Razão pela qual é do Sul de onde se espera, na sua imensa diversidade, a proficuidade de planos e propostas, de modo a se assumir como o mais promissor ente inotrópico global e o mais fértil campo de inovação política, econômica e social.
Razão pela qual é do Sul de onde se espera, na sua imensa diversidade, a proficuidade de planos e propostas, de modo a se assumir como o mais promissor ente inotrópico global e o mais fértil campo de inovação política, econômica e social.
E sob estas inquietações surgiu o projeto "Alice" (v. aqui), comando pelo Prof. Boaventura de Souza Santos, da Universidade de Coimbra, e financiado pelo Conselho Europeu para Investigação, com o fim de pensar, discutir e propor alternativas institucionais, políticas e econômicas para estes nossos novos (e necessariamente novos) tempos – na esteira, inclusive, do que está a propor o Prof. Carlos Sávio Teixeira, no Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da UFF.
Deste projeto de ideias, colhe-se no programa os ensaios denominados "Aprendizagens Globais - Conversas do Mundo", cujo propósito é, literalmente, rodar o planeta com o objetivo de (re)pensar todo este estado das coisas para desenvolver novos paradigmas teóricos e políticos de transformação social.
Deles, trago a conversa do Prof. Boaventura com o Gov. Tarso Genro, um dos importantes "intelectuais orgânicos" do Brasil – ao menos no sentido de altitude de
voo (Prefeito, Governador e Ministro de Estado) –, na qual se percebe, claramente, que na hora em que a porca torce o rabo o buraco é mais embaixo.
E, mais uma vez, não obstante as diversas ideias em construção no Rio Grande do Sul, basta querer ver para reparar a quantos anos-luz o Partido dos Trabalhadores (PT) está de promover uma revolução institucional, de construir reformas políticas, econômicas e sociais que efetivamente rompam com as lógicas do cruel sistema vigente.
Como também restam absolutamente claras as profundas dificuldades da práxis acompanhar o discurso teórico e as soluções acadêmicas, apresentadas com mais ou menos profusão, com mais ou menos criatividade, com mais ou menos praticidade mundo afora.
Ao cabo, Tarso Genro dignifica seus altos cargos ocupados e a sua intelectualidade – "um político satisfeito é um político medíocre", ensina ele –, mas vê dificuldades em suportar as indagações acerca de uma conjuntura perfeitamente estraçalhada por Boaventura.
E nestas lições de um desassossego coletivo, o nosso Brasil ainda parece muito sossegado.
theo̱ría & práxi̱