Denso, complexo, completo.
“Breaking Bad” é um exemplo impecável da televisão como forma de
arte, distante do propósito chauvinista de poder ou de império do lixo
cultural alienante que costumam caracterizá-la.
E, desde já, um filme em bem longa-metragem.
Pois é, encare-o assim, como um filme com aproximadamente 50 horas de duração, repartido em 63 capítulos de singular brilhantismo – é cinema, meus caros, a sétima arte em estado puro (e bruto).
Pois é, encare-o assim, como um filme com aproximadamente 50 horas de duração, repartido em 63 capítulos de singular brilhantismo – é cinema, meus caros, a sétima arte em estado puro (e bruto).
Atores e atrizes esplêndidos, em torno de um
protagonista (Bryan Cranston) cuja atuação, sem exagero, talvez seja
a melhor que vi de alguém na vida – e esta opinião não é só minha, v. aqui a carta aberta de Anthony Hopkins sobre Bryan e a série –, não são os únicos detalhes
desta obra-prima.
É que o modo como "Breaking Bad" trata o ritmo da trama
constitui um dos elementos cruciais da sua genialidade: recua quando você acha
tudo irretroativo, avança em momentos para bricolagem do telespectador, talha caminhos para que juntemos os cacos, abre reticências para que finalmente pontuemos e se farta de flashbacks ou flashforwards de forma fabulosa.
Estilizada visualmente, com um fascinante jogo de cores e intensas rimas visuais com simbolismos propostos cirurgicamente, uma fotografia esplêndida que emerge cada situação em brilhos ou
trevas e mergulha cada personagem em luzes ou sombras, criativos truques de câmera e vertiginosas capturas de cenas com locações que arrombam a retina – quase tudo acontece em Albuquerque (Novo México, EUA), local que, efetivamente, também é um personagem –, embebidos em um primoroso design de som e em composições de
uma trilha sonora irritantemente primorosa que cola em segundos na alma de tudo o que mostra.
E mais.
E mais.
Sem perder o fôlego, um roteiro fechado no qual todas as
ações e direções têm uma justificativa, com pontas muito bem conjugadas, arcos de
enredo milimetricamente arranjados e diálogos arrebatadores e que vão direto
ao osso, apresentados por figuras construídas para serem humanamente possíveis, sempre a dizer o que precisa se dizer ou a não dizer o que merece eloquentes silêncios.
Há negrura, azedume, ternura e vingança.
Há orgulho e preconceito.
Há dependência e redenção.
Há desespero e solidão.
Há tensão aguda e risos sinistros.
Há uma angústia avassaladora ao fim de cada capítulo.
E há um alívio viciante a cada recomeço.
Enfim, tudo faz desta saga psíquica do genial e fosco professor de química Walter White – e do seu alter-ego Heisenberg, cuja intensa ambiguidade faz corar Mr. Hyde e Dr. Jekyll – um trabalho absolutamente irrepreensível.
Há orgulho e preconceito.
Há dependência e redenção.
Há desespero e solidão.
Há tensão aguda e risos sinistros.
Há uma angústia avassaladora ao fim de cada capítulo.
E há um alívio viciante a cada recomeço.
Enfim, tudo faz desta saga psíquica do genial e fosco professor de química Walter White – e do seu alter-ego Heisenberg, cuja intensa ambiguidade faz corar Mr. Hyde e Dr. Jekyll – um trabalho absolutamente irrepreensível.
Assista.
E não porque "Breaking Bad" recheia-se de todos estes atributos
tecnicamente perfeitos.
Assista, simplesmente, porque é um sublime entretenimento.
"Ezequiel 25,17" (ou, breaking bad)