quarta-feira, 20 de agosto de 2014

# ao ataque submarinho



O objetivo da grande e tradicional mídia não é (e nunca será) fazer jornalismo.

Ela faz política, ela defende interesses privados e visa ao lucro – apenas isso.

O que vira "notícia" é a opinião, e não os fatos; a verdade, a informação e os feitos são substituídos por "versões", "pautas" e "boatos".

Ora servidas à la carte, ora na base do fast-foodora em rodízio, mas sempre à mostra, sempre à disposição do alimentando, irremissível na busca cega de saciar as suas conservadas convicções.

E o que causa estranheza é a a insistência no defensivo discurso de que esta mídia não poderia ser assim, de que isso é errado, de que é inconstitucional, de que há crimes na profusão de mentiras... enfim, causa desgosto tanto chororô chato e chinfrim.

Afinal, esse comportamento e esse ativismo dos grandes (e velhos) grupos de comunicação são da sua essência, são da sua razão de existir e fazem parte do histórico jogo promovido por eles (v. aquiaqui e aqui, e lembrem daquela história do professor de filosofia da rede pública de ensino que desmascarou o que efetivamente interessa à mídia, aqui).

Assim, pois, não se pode clamar por uma relação ou vinculação mais ou menos democrática, mais ou menos legítima, afinal, neste ambiente de embate político-ideológico a democracia é aparente, é uma sombra, é um não-combate, e o que os legitima é a própria liberdade de um país democrático, tudo a soar um tanto quanto contraditório.

Logo, o que o Estado precisa é precaver-se, mostrar-se e, principalmente, instituir um eficiente sistema de comunicação social que, na base das regras deste jogo, use do poder que lhe respalda e que democraticamente lhe afiançou.

Tese e antítese, ponto e contraponto, ataque e contra-ataque, denúncia e apuração, crítica e explicação, lado a lado, minuto a minuto, instantaneamente apresentados e virtuosamente reproduzidos.

E mais: com este sistema implementado, parar de encher os bolsões dos barões da mídia, que historicamente são abastecidos pela publicidade estatal.

Enfim, diante do sistema político e da conjuntura institucional vigente, a Administração Pública não pode se fiar na expectativa de grandes e inovadoras reformas legislativas, pois está à mercê dos historicamente arrendados interesses parlamentares.

Tão-pouco da misericórdia, do bom-senso e do civismo dos donos das vozes.

Tem, pois, que jogar o jogo, o jogo da "comunicação" – como aqui já dissertamos, lembrando do saudoso Chacrinha.

Enfim, um jogo duro no qual as armas já foram escolhidas.

É hora de aprender a usá-las.