Já apresentamos aqui em nosso microtratado: a nossa revolução está na educação, com uma "pedagogia da libertação" a serviço da transformação social, como desenvolveu o patrono Paulo Freire.
Educação na qual nenhum governo nestes quinhentos anos mexeu pra valer.
Excetuem-se os dúbios anos de Getúlio Vargas e os poucos anos de Fernando Haddad como Ministro de Lula (IDEB, FUNDEB, PROUNI, ENEM, FIES), e nada de concreto, duradouro e visionário foi feito.
Neste tempo todo enxugamos gelo, douramos a pílula, tomamos atitudes pra inglês ver e fingimo-nos de bons samaritanos diante da causa.
Evidentemente, os donos do poder jamais se preocuparam com a matéria, pois tudo era uma questão de "classe", de "dom", de "sangue" e de "meritocracia".
Em suma, era cada um no seu quadrado, pois o destino de cada família assim já estava eternamente traçado: "eu" com meu computador, minha mesa e meus livros e o "outro" com a sua vassoura, seu balde e suas latrinas.
Em suma, era cada um no seu quadrado, pois o destino de cada família assim já estava eternamente traçado: "eu" com meu computador, minha mesa e meus livros e o "outro" com a sua vassoura, seu balde e suas latrinas.
Assim, a nossa República trancou-se numa rotina infértil -- que em matéria de Educação (quase) nada tem inovado --, cômoda -- arrendando a obrigação às escolas mercantis, fábricas de jovens fadados a um ensino enciclopédico, ultracompetitivo e cujo fim está em si mesmo (ou num inconsequente vestibular) -- e selvagem, deseducando nas escolas públicas de modo a alijar os filhos da nossa pobre gente de qualquer esperança e oportunidade de revisar sua sina.
E a nossa Federação tem insistentemente falhado neste seu apriorístico dever republicano, com limitações profundas na sua tarefa educacional de se converter em "Estado-educador", e não mero Estado fundador de escolas e administrador de um sistema educacional entregue e falido.
Ao cabo, pois, arruinamos a educação pública nos ensinos fundamental e médio, o segredo dos nossos olhos e do nosso futuro.
Por isso a importância dada ao assunto pela Presidenta Dilma nos seus dois discursos de posse, e o mote criado em ambas as suas boas falas: "Brasil, Pátria Educadora".
E por isso a certeza (e a grande vontade de ser ter a certeza) de que tal ideia -- a qual será posta em prática pelo novo Ministro Cid Gomes, irmão do grande Ciro Gomes (v. aqui) -- não será apenas um slogan de pós-campanha.
Afinal, revolucionar a nossa escola pública será a nossa redenção como Estado, e a chave para a emancipação de milhões de brasileiros.
Será a bússola pela qual o Estado brasileiro navegará pelas próximas décadas.
Será o melhor (e único) meio de tornar, enfim, a nossa pátria livre.
Educação ou morte! -- eis o lema.