segunda-feira, 2 de março de 2015

# sangue azul



A monarquia é um dos regimes mais toscos já inventados pelo homem.

Hoje, séc. XXI, onde ainda há é uma caricatura, uma piada.

Pior ainda é onde desde 1889 não existe, mas que mesmo assim continua a produzir seres que se acham legítimos herdeiros de um trono imperial.

E o Poder Executivo da Cidade de Curitiba, finalmente, parece querer enfrentar uma parte desta turma que se julga de sangue azul, aquela responsável pela máfia do transporte público municipal (v. aqui).

Com as manifestações de junho de 2013, cujo preâmbulo foi o péssimo e caro transporte público, à época dissemos que era preciso pôr a nu os barões que comandam o negócio (v. aqui).

Claro, pois, que no âmbito da minha aldeia falava da turma dos Gulin, embora a coisa se familiarize Brasil adentro -- no Rio, por exemplo, com o famigerada famiglia Barata (Grupo Guanabara) acontece a mesma coisa, v. aqui.

Há quarenta anos mandando nisso, esta gente curitibana sangra os cofres públicos na certeza de que, ungidos pela graça divina, nada lhes pode (e nem deve) acontecer.

E mais, convictos de que são detentores de uma espécie de honra nobiliárquica, tratam o serviço público de transportes como se fosse propriedade real deles.

E para isso mentem, escondem, versam, tergiversam, dissimulam, maquiam, tudo para não largar o osso que, por ordem dos deuses, deve ser deles.

Os rabos deste bando, vê-se, se espraiam por todos os pontos e terminais de ônibus da Cidade, criando ninhos cujos filhotes engolem, com apetite sem igual, o interesse público e os pobres usuários.

Ademais, suas garras daninhas, não contentes em ficar só com as presas das redondezas, hoje já alcançam esquemas no interior do Paraná e, até, no Distrito Federal (v. aquiaqui).

Empresas de fachada, negócios de araque, pseudorregras, ligações esquisitas e contas incontabilizáveis para, ao cabo, poder cada vez mais sugar o erário e os utentes.

E tudo isso sem que nunca e ninguém tenha feito nada de concreto para vigiar e punir.

Vejam só, não se está a falar de "capitalismo", mas de um serviço concedido pelo Estado e que não precisaria se submeter às artimanhas do sistema mercantil.

Pois, no cerne da coisa, soçobram licitações pra inglês ver, com editais mal escritos e pouco pensados -- muito apropriados à cartelização engendrada pela famiglia -- e que jamais foram capazes de mudar a ordem e a lógica do jogo.

Enfim, não dá mais para admitir que esta aristocracia fajuta de Curitiba, sob a máscara do bom-mocismo e da eficiência setorial, continue a lesar e a lucrar tanto às custas do dinheiro público e do vale-transporte do cidadão.

Que a Prefeitura, o Parlamento, o Ministério Público, a Polícia, o Xerife, o Bispo, os anjos, os vampiros, as polaquinhas e todos os cavaleiros errantes desta Cidade consigam, enfim, acabar com esta sinecura que há tantas décadas sustenta uma família.

A verdadeira sociedade curitibana agradece.

Para desgosto daquela que vive a posar de bacana pelas enfadonhas colunas sociais da city, querendo fingir honra, mérito e, claro, realeza.