Esta nossa “democracia” provoca coisas absolutamente incompressíveis.
Veja-se o caso deste Beto Richa.
Que história e que trajetória profissional, pública, política ou social ele tem para merecer o cargo que ocupa? Alguém lembra da sua atuação como parlamentar? E na Prefeitura de Curitiba, o que fez além de gastar milhões e milhões em narcisistas campanhas publicitárias, surfando na ultrapassada onda lernista de cidade-modelo? E o que falar do seu primeiro não-mandato de governador?
Ora, reeleito às custas de muita grana, de muito “apoio” de deputados em seus redutos eleitorais interioranos – afinal, foi por causa de verbas e cargos que a maioria dos canalhas do PMDB no Parlamento, cheia de votos no interior do Estado, apoiou e reelegeu Beto – e de muita alienação da massa conservadora curitibana, o sujeito a cada dia que passa consolida-se como um traste político e um infame administrador.
Dentre outras coisa, Beto Richa lembra muito aquela célebre personagem das crônicas de Nélson Rodrigues, a "Grã-Fina das Narinas de Cadáver", que, em pleno estádio, costumava olhar para o seu nobre acompanhante da hora e perguntar, sem titubear: “Hein, quem é a bola?”.
Ainda, parte da ópera bufa da reeleição reside na sua casca de bom-moço, de modos etiquetáveis, de limpinho-aromatizado-com-polo-de-jacaré-e-gel e de politicamente correto, cuja figura ainda se sustenta em relativa escala Paraná (e Curitiba, claro) adentro – mas que, evidentemente, não deveria ultrapassar os limites do Graciosa Country Clube ou do Iate Clube de Caiobá.
Depois, as “ideias” (sic) e a “gestão” (sic) de Beto escancara os efeitos ultranocivos das ladainhas neoliberais e de xoques de jestão propagadas pela turma demo-tucana, tudo e sempre em nome da mão divinal do mercado, do não-Estado e do vale-tudo nas relações público-privadas.
Resultado: quebrou o Paraná.
Mas isso tudo ainda não era suficiente.
E agora Beto e a sua equipe de pulhas, picaretas e piás de prédio deram para surrar e quebrar centenas de professores e servidores públicos, num dos episódios mais repugnantes que o Centro Cívico da capital paranaense presenciou.
Cenas de guerra, de um massacre absurdo promovido por um governo sem pés e, muito menos cabeças -- por sinal, registre-se: o "secretário" de Educação de Beto Richa era um agente do mercado historicamente envolvido nas privatizações das empresas de telecom...
Cenas de guerra, de um massacre absurdo promovido por um governo sem pés e, muito menos cabeças -- por sinal, registre-se: o "secretário" de Educação de Beto Richa era um agente do mercado historicamente envolvido nas privatizações das empresas de telecom...
Bem, jamais se esperou alguma coisa desta gente, mas confesso que se poderia esperar qualquer coisa, menos o que foi visto hoje.
Beto Richa, assim, se já podia ser considerado o pior governador que o Paraná já teve, depois desta quarta-feira também será lembrado como um dos mais indignos da nossa história.
A propósito, já pensaram o que se mostraria e falaria, Brasil afora, se o governo paranaense fosse do PT ou de alguém pouco afeito às colunas sociais?