A necropsia do futebol brasileiro, depois da reveladora noite de hoje – um outro sete a um –, é absolutamente urgente e imprescindível.
E nem entrarei no mérito do jogo que nos eliminou na primeira fase da Copa América: um primeiro tempo muito bom da seleção brasileira, um ilegal gol peruano etc.
Como aqui já dissemos – e aqui sucumbimos, num périplo pelas cinzas de Copacabana –, o velho e rude esporte bretão por nós praticado tem se mostrado, há tempos, inválido, esquálido, pálido, pouco promissor e nada alvissareiro.
A cantilena do futebol-mágico de outrora, sedimentado no inconsciente do imaginário coletivo produziu um sentimento que, de novo exemplarmente, tem nos impedido de reconhecer a necessidade de viver a pragmática realidade e de sobreviver ao nosso ego, cujo impulso parece incapaz de admitir a nossa inferioridade e, assim, inverter a nova ordem do futebol.
A cantilena do futebol-mágico de outrora, sedimentado no inconsciente do imaginário coletivo produziu um sentimento que, de novo exemplarmente, tem nos impedido de reconhecer a necessidade de viver a pragmática realidade e de sobreviver ao nosso ego, cujo impulso parece incapaz de admitir a nossa inferioridade e, assim, inverter a nova ordem do futebol.
E por isso, e do modo ainda mais sinistro, outra humilhação histórica da seleção canarinho agora exige reflexão, mudança e avanço – e tudo imediatamente.
Se aquele julho de 2014 não bastou, e era isso que agora precisávamos para enxergar que no espelho o reflexo já não é belo, está aí, tudo feito e escancarado, sem a ilusão de vitórias circunstanciais e das conquistas de conveniência.
Hoje, falta-nos quase tudo, e vê-se claros problemas em tudo.
É emocional, é tático, é técnico, é estratégico, é organizacional, é de jeito.
O jeitinho dos nossos treinadores é obsoleto, caricato e facilmente se desmancha no ar quando se requer a mínima rearrumação e a mais urgente reforma em campo.
A organização estratégica da nossa seleção é imoral e ordinária, típica de uma administração fechada e de fachada, mafiosa e mafiona.
A técnica e a tática do nosso futebol são reiteradamente desprezadas – tudo fica iludidamente resumido à viuvez da arte e do espírito brasileiro de se jogar futebol, na esperança eterna de que nossos poucos gênios possam salvar a pátria e que tudo o mais é coisa das ciências e de chatos tabuleiros.
E, por fim, o aspecto psicológico de nossos jogadores é alçado à quintessência, como causa e solução de todos os males, à espera da sacrossanta auto-ajuda de decoradores da alma, como se o futebol fosse o resultado aleatório de eventos comandados pelo destino e pelo coração.
E, por fim, o aspecto psicológico de nossos jogadores é alçado à quintessência, como causa e solução de todos os males, à espera da sacrossanta auto-ajuda de decoradores da alma, como se o futebol fosse o resultado aleatório de eventos comandados pelo destino e pelo coração.
Para bem além, a grande crise é estrutural, de base, de planejamento.
A decisão inicial é fácil, simples e inodora: exploda-se esta CBF – bandida e maligna – e se enterre, como lixo atômico, os seus restos.
E que só nos sobrem os restos mortais do nosso futebol.
Restos que, após os sucessivos vexames, sejam o humo da nossa potencial transformação.
Fora e dentro do campo.
Para que, assim, até 2018 salvemos não só a seleção.
Mas o futebol brasileiro, hoje de saudosa memória.