E em relação à crônica sobre aquele meu grão-amigo são-paulino, que, radicado há quase uma vida em Curitiba, insiste em nutrir uma paixão por seu distante clube do coração (v. aqui), eis a sua resposta, de "direito"...
Era uma vez um guri careca, mas careca mesmo. Parecido com a parte interna de um sonho de valsa. Era chamado carinhosamente de Sobrancelha, pois esta se tornara a mais evidente das partes mas... lhe fechava os olhos.
Tinha uma paixão: Noêmia. Ahh.. Noêmia... como era feia, nada de flor de beleza.
Desde cedo Sobrancelha fora prometido a Noêmia, fora jogado na arena. Pobre destino estava traçado. Restou-lhe aprender o que é amar. E há de valorizar o esforço brutal de Sobrancelha, ele tentou. Quase sempre presente, diante daquela feiúra toda, se gabava. A zombaria era geral. Mas... tinha os olhos fechados.
O tempo passou... o tempo escassou. Nada que validasse seu empenho naquele amor impossível se concretizou. Apenas pequenas conquistas que so faziam levantar a esperança, para depois cair num abismo sem fim. O espírito estava enfraquecendo, nada mais lhe fazia sentido. Os olhos estavam fechados.
Mas já não era tempo de ter coragem. Coragem essa que poderia livrá-lo deste compromisso insosso.
Restava-lhe olhar pra trás, o futuro já não existia. Vazio.
E nesse vazio surgiu Natália. Ahh.. Natália... como era bela. Mas essa já estava há tempos comprometida, com Milk.
Aquilo sim era amor correspondido. Com os olhos fechados, Sobrancelha não conseguiu enxergar.
Veio o fim como se previa. A inveja que por breves momentos neutralizava a amargura, já não era remédio.
Restou-lhe descansar dessa vida sofrida, e lamentar... que por um branco como Milk, teria sido tricolor.