domingo, 14 de dezembro de 2008

# nota remissiva

fdsNovamente, haja vista os inúmeros textos que escrevemos sobre "a crise", em (quase) todos os tempos verbais possíveis, alguns amigos pedem para eu remeter às nossas breves e modestíssimas considerações inaugurais sobre essa presente crise do capitalismo financeiro -- co-nódoa do modelo neoliberal de sociedade e de (?) Estado --, as quais procuraram nortear toda essa a zorra de conceitos, redes e sistemas que por aí aparecem para explicar o que ocorreu.
fdsPortanto, v. aqui, as nossas notas iniciais sobre esse monstro, esposadas ainda nos primeiros dias de outubro deste já findo ano, abordagem que, todavia, certamente não foi tão didática quanto essa criativa explicação que correu o mundo:
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"O Seu Zé tem um bar, na Vila Carrapato, e decide que vai vender cachaça 'na caderneta' aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos desempregados.
Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose da branquinha (a diferença é o sobrepreço que os pinguços pagam pelo crédito).
O gerente do banco do Seu Zé, um ousado administrador formado em curso de 'emibiêi', decide que as cadernetas das dívidas do bar constituem, afinal, um ativo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento tendo o pindura dos pinguços como garantia.
Alguns 'executivos' de bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrônimo financeiro que ninguém sabe exatamente o que quer dizer.
Esses adicionais instrumentos financeiros alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (as tais cadernetas do Seu Zé).
Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países. Até que alguém descobre que os bebuns da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e o Bar do Seu Zé vai à falência.
E toda a cadeia desmorona.''