sábado, 16 de maio de 2009

# filósofo do samba


fdsfApós (injustificáveis) quase dois anos, finalmente assisti ao filme "Noel, o Poeta da Paixão". E achei ótimo -- muito diferente, já se diga, do (injustificavelmente) sonso filme "Vinícius"... --, digno daqueles que conseguem, ainda que minimamente, reproduzir para a arte do cinema a arte de um dos maiores gênios da música mundial, morto aos 26 anos e com uma obra plural e eterna.
fdsfNão apenas a vida do Noel -- que por si só já comportaria uma minissérie --, o filme consegue pinçar tudo o que girava em torno do Noel naquele Rio de Janeiro dos anos 30.
fdsfSim, cenas da constante (e inigualável) boemia carioca, cenas dos cabarés&zonas -- que tinham ar e cheiro das Óperas de Viena -- e cenas bucólicas dos morros e das praias, tudo envolto ao medúsico, hipnótico&contagiante ritmo (e letra, e melodia) da maior e melhor música já inventada neste planeta: o samba.
fdsfMas samba, samba! Daqueles compostos, musicados e cantados por aquela gente fina, por aquela nata que o filme mostra -- infelizmente não com os devidos detalhes, haja vista a dimensão de todos na história e os singelos 90 minutos da película... --, em grupos, em parcerias e amizades que de tão surreais parecem fantasiadas: Noel, Ismael Silva, Cartola, Wilson Batista, Geraldo Pereira, Vadico, Mário Lago, Aracy de Almeita, Francisco Alves, Almirante, Mário Reis...
fdsfHá o retrato de um momento mágico da nossa cultura: os anos 30, 40 e 50, que mostram uma cidade maravilhosa da onde se pode concluir que o samba não vinha do morro nem da cidade -- como mostra a tese de doutoramento defendida na USP por José Adriano Fenerick (v. aqui) --, e onde a cultura do povo era uma cultura rica, e a cultura rica era a cultura do povo. Enfim, uma simbiose fenomenal.
fdsfDe propalada e notória feiúra externa, Noel -- o qual trocou os bancos da Faculdade de Medicina pelos bancos dos botequins (e das praças e das ruas) do Rio -- encantava pelo carisma, pela poesia, pela genialidade, pela generosidade e pelo romantismo, que a bela cena final do filme muito bem retrata: Noel e Papagaio -- o seu melhor amigo, interpretado pelo grande Wilson das Neves --, a tocar e a cantar, respectivamente, "Último Desejo", uma das suas obras-primas (v. abaixo).
fdsfEnfim, consegue o filme (bem) fazer relembrar um dos nossos maiores beethovens, mozarts e bachs, e, principalmente, mostrar o quão curta é a vida que iremos (ou queremos) seguir e o tanto quanto nela se é possível fazer, de bom, plural e eterno.
fdsfE se soubesse eu escrever lágrimas, escreveria mais.
dsf
fds