quarta-feira, 9 de setembro de 2009

# la (dolce?) vita amara


Nos últimos dias assisti a dois grandes e bravos filmes: "Linha de Passe", dirigido por Walter Salles, e "O Banheiro do Papa" (El Baño del Papa), co-produção uruguaia, brasileira e francesa.

Em 24 frames por segundo, ambos nos mostram a (sobre)vida real na qual a grande e imensa maioria da população sobrevive, e não surreal, desfrutada pelos "eleitos" que vivem encastelados.

O primeiro, ambientado na periferia de São Paulo, revela uma família na qual a mãe, grávida, e seus 4 filhos, lutam contra o destino e o cotidiano para levar uma vida digna e decente (e ética e cristã), ainda que à mercê das provações e das tentações que, ao entorno, a vida indigna, indecente e criminosa é capaz de oferecer.

Um colírio para os olhos daqueles infames que pensam que o pobre é um marginal em potencial, que o ser humano é uma merda ou que todo homem tem o seu preço.

O segundo, menos triste e ulceroso -- mais ainda assim triste, ulceroso e, tal qual o outro, muito otimista --, traz um fantástico ator uruguaio e uma inusitada e verídica situação: a iminente visita de Sua Santidade à microcidade de Melo, na fronteira do Uruguai com o Brasil.

Pontualmente marcado por sutis observações sobre a sociedade, o capitalismo e a mídia, o filme, sem quaisquer intenções de dar um lição de moral, faz-nos pensar e refletir sobre as necessidades básicas humanas, os seus sonhos e as suas esperanças.