quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

# bastantes meias palavras


Dentre tantos com outras colocações, provocações, cumprimentos ou tergiversações em relação às nossas últimas bulas, diversos emails questionam-me sobre três pontos, já de pronto respondidos:

- Por que defender a "Comissão da Verdade"?

Ora, pelo simples fato de o Estado brasileiro, atrasado, ter uma dívida histórica com a sociedade brasileira e já ser o único país na América que se recusou, até hoje, a processar e julgar os criminosos que atuaram em defesa da ditadura (v. aqui).

- A vitória da direita no Chile pode indicar que Lula terá dificuldade para transferir votos para Dilma, como aconteceu com Bachelet e Frei?

Não! Absolutamente.

A composição centro-esquerda chilena, desde o fim de Pinochet, a cada nova gestão vinha se mostrando mais de centro que de esquerda.

Estagnavam-se as mudanças sociais, as políticas públicas de infraestrutura e os projetos de inclusão e redistribuição de renda.

A população cansou.

O povo cansou. E queria mudanças, quaisquer que fossem elas (tanto é que o candidato governista quase nem alcança o segundo turno). E infelizmente pagará o preço por isso, pois, muito pior que a estagnação, é o retrocesso político-social de um Estado.

Já no Brasil o cenário é completamente outro.

É só o tempo do povo saber quem é Dilma e que ela é a candidata de Lula.

E a vitória é certa, inclusive porque a grande alternativa é o Serra e porque a grande mídia nunca mais conseguirá repetir o fenômeno Fernando Collor.

- Por que esse papo de direita e esquerda, se dizem não mais ter isso?

Não?!

Ora, hipocrisia beata que apenas advém e se sustenta, adivinhem... na própria direita, por parte dos conservadores e reacionários de plantão, que hoje dizem ser tudo a mesma coisa e tudo igual, crentes no "pensamento único" e no "fim da história", posição de extrema conveniência e que apenas visa à manutenção do status quo.

Ora, são notórias as diferenças de ambos os lados e vontades, de ambos os pensamentos e doutrinas e de ambos os objetivos sociais, econômicos e políticos, que fazem sobrepor a solidariedade social ao "darwinismo social", o Estado protetor ao "Estado predador" e o interesse público ao "interesse privado" (v. aqui).