Este tal de mundo é mesmo muito estranho.
Por entre tantas outras razões, eis que agora, lá na minha Curitiba, do meu Paraná, vejo e ouço, aos borbotões, centenas de pessoas a detonar o piá de prédio que elegeram para ser Governador do Estado.
E pior, insistem agora em querer elogiar e ter saudades do tri-Governador Roberto Requião, outrora contumaz persona non grata no seio da nata gemente curitibana.
Ora, ora, esta gente toda que insistiu e defendeu a eleição do patrício e bon vivant, espécime da pior cepa tucana, imaginava o quê?
Afinal, esta turma do castelinho sempre adorou este tipo de gente, sempre trabalhou dia-e-noite, em blá-blá-blás intermináveis, inventando teses e crendo em teorias estapafúrdias, armazenadas no mais fundo ranço conservador que há gerações carregam, para enfim justificar o injustificável apoio a este pseudopolítico, cuja fama não é de trabalho, de gestor público ou de intelectual (v. aqui).
A onda do cara é outra. A onda do cara é a mesma onda da encastelada turma que quis ele lá. A onda é tirar uma onda, posar de miguim do Curitibano e terceirizar o Estado na mão de asseclas e empresas privadas.
Aqui, em nossa seção "antifahrenheit 451" – entabulada de março de 2007 a julho de 2010 –, falávamos muito do governo Requião, lá de dentro, a funcionar com uma modesta trincheira contra os ataques odiosos de uma grande mídia que vivia sem a grana pública da propaganda e de uma burguesia que vivia sem os afagos de um político tradicional.
Sim, criticávamos e fazíamos o contraponto a várias medidas e, principalmente, a algumas podres laranjas que não honravam e que jamais poderiam fazer parte daquele trabalho; mas, para além disso, era um meio para mostrar tudo aquilo que a grande mídia escondia e aclarar tudo aquilo que os encastelados nativos teimavam em não querer ver.
E o que esta mesma gente, que hoje esbraveja contra um dos seus pupilos, fazia na época? Nada, nada, nem mesmo a atenção e um mísero voto de confiança naquilo tudo que falávamos e explicávamos sobre as políticas públicas do Governo e o jeito Requião de governar.
Pelo contrário, continuava apenas a desdenhar, a fazer chacotas ou, então, na sublime estupidez que invariavelmente a caracteriza, a tachá-lo de filhote da Venezuela, de réquiem brizolista ou de louco populista.