terça-feira, 28 de janeiro de 2014

# menu dos reis


Neste episódio da escala da Presidente Dilma em Portugal, dois fatos.

O primeiro, sobre o momento em que se resolveu a parada em si, é irrelevante, por se tratar de assunto técnico, de logística aeronáutica. Pois bem, o avião não tem autonomia para sair do centro da Europa e chegar à América Latina; logo, como não dá pra ir "na banguela", deve-se parar para abastecer. E se escolheu Portugal, como poderia ter sido escolhido qualquer outro lugar do planeta. Enfim, a física explica.

Depois, o que importa: o jantar, o rico jantar, num destes restaurantes da moda, de fazer moda - o que, para mim, é absolutamente démodé.

Explica a nossa Chefe de Estado: "Escolho o restaurante que for porque pago a minha conta!". 

Péssima resposta, péssimo exemplo, que soa ao pior estilo Tasso Jereissati (senador tucano-cearense): "Tenho jatinho porque posso!" (v. aqui).

O mundo, vasto mundo, mostra-se absolutamente carente de grandes modelos, de grandes homens, de seres humanos descomprometidos com o dia-a-dia da grande (ou pequena) burguesia, descompromissados com rituais orgásmicos de taças&copas e descontentes com este rumo das coisas.

Roga-se por pessoas simples e desprovidas do apego às instantâneas ideias que colorem as redes sociais, aos brilhos dos flashes vazios e às távolas redondas dos suntuosos eventos gastronômicos. 

Papa Francisco, na religião, e Pepe Mujica, na política, não à toa são hoje as personalidades mais citadas e invejadas de um mundo que clama por mudanças, por simplicidade e por desmodismos. 

São exemplos de que "times they are a-changin", como cantou Bob Dylan (e estampou aquela revista inglesa de música), pois preferir ser básico, singelo, modesto e comum é um novo e invejado sinal de mudanças, peremptoriamente necessárias. É uma marca honrosa e definitiva de "normalidade".

E por isso a grande surpresa.

Símbolo do novo caminho do Brasil, a presidente Dilma não poderia ter cometido este vacilo, em especial por aquela não ser ela, notórias a sua simplicidade, o sua indiferença e a sua reníncia aos ostensivos símbolos de tosca magnificência, e invejável a sua história, a prova indubitável disso

Ora, a cada segundo, a cada instagram, a cada passo e em cada ação, a Presidente Dilma será analisada e comparada por cada um, pelos que a apoiam e pelos que a rejeitam.

E como um dos seus apoiadores, devo rejeitar esta sua última atitude.

Um lapso, talvez fruto dos dias em que esteve rodeada daquela gente de Davos.