Confesso já não ser alguém com grande paciência.
E se há um negócio que me consome em cólera e náuseas é o sujeito que cospe frases sem ideia e ideias sem conteúdo, ou, ainda pior, "frases feitas", decoradas de manuais ou meramente repetidas de comentaristas televisivos, aqueles que falam e escrevem à la carte.
É lamentável ler, ver e ouvir aquela gente que regurgita palavras pré-moldadas, palavras que cabem num quadrado semi-racional, palavras que se entopem de pré-conceitos, palavras incapazes de sair do lugar-comum e que facilmente desabam num teto de zinco quente.
Sem profundidade, sem fidelidade e sem proposições, estes tipos são contumazes fazedores da crítica pela crítica, que se torna acrítica.
E dia desses recebi por email um vídeo – v. aqui, é ótimo – que exemplifica isso tudo de modo absolutamente didático: trata-se de uma surra dada por um dos grandes "intelectuais orgânicos" deste país, o deputado federal Ciro Gomes, em um pequeno economista neoliberal alçado a ídolo nacional pelas páginas da Veja e do Globo
Bem, a discussão não dá nem pra saída, em típico caso de absoluta vergonha alheia, com cenas de espancamento intelectual explícito.
São cenas de um massacre em que Ciro Gomes come com farinha e maxixe o blá-blá-blá de frases feitas e vazias do caricato economista carioca, colocando-o no seu devido lugar, para desespero e incômodo de toda a mesa-redonda que, calculem o cenário, era ainda formada por aquele folclórico Henry Maksoud – um misto de Mestre dos Magos com Mr. Magoo –, por um âncora gaúcho, possivelmente ex-militante da Arena ou daquele finado movimento "Tradição, Família e Propriedade", e por um ambientalista meio hippie.
Cheio dos típicos sorrisinhos de quem não sabe por que sorri – até que leva um pito do deputado e resolve parar –, o tal protótipo de pensador constrange a mesa e visivelmente provoca os mais primitivos instintos de Ciro – e como bufava o político cearense, não acreditando que aquilo tudo que ouvia era de verdade... –, tamanha a quantidade de bobagens e, repita-se, de ideias (mal) feitas e (bem) ocas despejadas por alguém que parece não saber o que diz e que parou no tempo.
Sim, a cria neoliberal parece não cansar (e não se envergonhar) de propalar um discurso démodé, disforme da realidade e sem se ater minimante aos fatos e aos dados. E, ainda pior, sem quaisquer propostas, pois "todas" se resumem no vazio genérico do Estado mau (!), da Administração inchada (?) e do paraíso estadunidense (!?).
Sim, a cria neoliberal parece não cansar (e não se envergonhar) de propalar um discurso démodé, disforme da realidade e sem se ater minimante aos fatos e aos dados. E, ainda pior, sem quaisquer propostas, pois "todas" se resumem no vazio genérico do Estado mau (!), da Administração inchada (?) e do paraíso estadunidense (!?).
Ao cabo, mesmo sem peixeira, vê-se Ciro só usar das palavras (e dos fatos, e das ciências sociais, jurídicas e econômicas) para desbagoar o aprendiz de escoteiro-mirim, expondo-lhes as vísceras e o bucho, sem sarcasmo e sem cinismo.
Afinal, na verdade, o pequeno infante é só mais um destes sujeitos que dá pena, que criados e alimentados com toddynho pela grande mídia apenas fomentam ainda mais a nossa impaciência.
Já Ciro Gomes, por sua vez, é um desses político-intelectuais cujas virtudes fazem muita falta no cenário nacional.
Inclusive a de não ter paciência com este tipo de gente.
Já Ciro Gomes, por sua vez, é um desses político-intelectuais cujas virtudes fazem muita falta no cenário nacional.
Inclusive a de não ter paciência com este tipo de gente.
Proibidas para menores, as cenas a seguir contêm sangue, violência e forte conteúdo apelativo