Não há argumento que resista ao que se vê na carnificina de Israel sobre palestinos.
Dizer que civis palestinos são usados como escudo pelo Hamas – "ah, quem mandou usar o povo inocente?" –, dizer que infelizmente a discrepância de poderes bélico-político faz parte da guerra – "ah, quem mandou se meter com a gente?" – e dizer que nestas circunstâncias erros acontecem e por isso tantos mortos – "ah, quem mandou não obedecer a regra imposta e vigente?" – são casos patentes de cínica má-fé.
Ora, com a torpe tolerância européia e sob o atroz apoio estadunidense, o comando israelense continua a fazer gato e sapato do pouco que resta da Palestina (v. aqui).
Os números, por ora, mostram um despautério na análise que busca comparar os dois lados, as razões envolvidas e o bom, o feio, o sujo e o malvado disso tudo.
São mais de quinhentos mortos de um lado, contra menos de vinte de outro; são 80% de um território atingido contra 10% de outro; é um arsenal político-militar acachapante de um lado contra rebeldes de arco-e-flecha e rojões quase juninos de outro (v. aqui).
E tudo, tudo, por uma causa em que, ambos certos-e-errados, o lado absurdamente mais fraco tem agora a mínima razão – afinal, dê-se Gaza a quem merece a infeliz miséria de Gaza (v. aqui).
Novamente, como disse Eduardo Galeano (v. aqui), bem parece que aquele funesto costume europeu de ter caçado judeus tem a sua histórica dívida sendo cobrada, com sangue e na pele, do povo palestino – que, veja-se a ironia, é semita...
Mas esqueçamos isso agora.
Hoje já não se trata mais de guerra religiosa, de disputa territorial, de conflito político, de belicismo entre a ultradireita de Israel e os radicais do Hamas ou de qualquer outra coisa que minimamente o valha e que mereça ser, oxalá, resolvido.
Trata-se de um massacre.
E que deve ser analisado no seu intransitivo.
Com a mais firme, ativa e urgente reprimenda mundial.