Em Curitiba, o duelo entre os maiores rubro-negros das Américas abusa do óbvio ululante.
Afinal, em casa, há milênios o Atlético joga como nunca contra o seu rival de tom carioca.
E ontem foi outra prova disso: o magro placar era para ser goleada.
A escalação de um trio mais recuado -- Marcelo, Bady e Delattorre --, de um centroavante fixo e de dois volantes marcadores deixou o time muito diferente: melhor distribuído, o que torna o time equilibrado; melhor escalado, o que faz do time suficiente em cada canto do campo; e mais empenhado, o que faz de cada disputa de bola um lance de vida ou morte.
Enfim, o Atlético está melhor.
E, apesar de tudo -- e este tudo praticamente se resume à péssima gestão do Clube, em especial no que toca à formação do time e à sobrecarga em inúmeros jovens talentos --, o Atlético não cairá junto com os coxas.
Lamentável, entretanto, ver toda uma estrutura -- e toda uma massa rubro-negra, ainda alijada da Baixada -- refém de uma péssima condução do futebol, com profissionais de bastidores absolutamente incompetentes e desconhecedores do bê-á-bá do jogo, responsáveis por contratações e dispensas terríveis sob o aspecto técnico, desprezíveis sob a ótica estratégica, asininas sob a égide financeira e duvidosas sob a ordem ética.
Se no ano passado Paulo Baier, Ederson, Marcelo e Mancini tiram leite de lhama virgem de pedra, conduzindo o Atlético ao 4º lugar e à Libertadores, este ano, por insistente culpa e intransigência lógica da Diretoria -- que praticamente impede um raio de cair no mesmo lugar --, não se pode esperar sorte maior.
E permanecer na 1º Divisão será um feito, senão broxante, quase extraordinário.