O modelo de um Brasil para todos novamente venceu -- e não era pouco o que estava em jogo.
A vitória, não só da militância partidária e apartidária, foi principalmente do cidadão humilde e solitário que não se curvou diante de todo o mefítico arsenal midiático que, diuturnamente, acampava-se no lado oposicionista.
E a democracia exige isso: que o governo seja do povo, para o povo e eleito pelo povo.
E a república democrática permite isso: que o poder não seja definido pela cor do sangue ou pelas cifras no banco.
Assim, para muito além da "união", a única certeza que advém desta eleição é a necessidade urgente de se pisar fundo no acelerador da democracia e da república.
Doa a quem tiver que doer.
E com o resultado deste hoje, a dor do ódio de classes -- ou seria de castas? -- aflorou como nunca.
Talvez como quase todos que desafiaram a ordem lógica eleitoral dos centros encastelados do país, na minha terra, Curitiba, também tive o sentimento de viver como um guetizado, tamanha a mensagem de inveterada e absoluta aversão que olhos alheios direcionavam a mim e às minhas vestes enquanto passava pelas ruas do meu feudo.
Afinal, não são por outros olhos que se destila a peçonha do discurso rasteiro e subterrâneo da falsa dignidade olímpica, trazido de algum auto da compadecida pelos homens bons que não hesitam em flertar com o golpe.
Tal discurso, como se ouvido às margens plácidas de outro Ipiranga, pretende-se portador do puro e imaculado sentido do bem, protótipo da excelência, fonte de toda a sabedoria e senhor absoluto do destino -- sim, a luta é contra o "mal", representado por uma estrela vermelha pela qual uma ralé malcheirosa que não sabe votar guia-se.
Este, pois, é o infeliz pensamento de boa parte dos eleitores que, desonrando os tributos legítimos -- ainda que evaporáveis -- de uma agenda tucana, são contrários à reeleição.
Incautos (ou hipócritas), insistem em falar num Brasil dividido, segregado e semienlutado, esquecendo-se que por quinhentos anos o nosso país foi isso, pelo torto caminho da direita e pela via vazia de direitos liquefeitos, de direitos mendigados e de não-direitos aos quais a ampla maioria do povo enveredava-se.
Ainda incautos (ou hipócritas), agarram-se num Brasil do Norte e Brasil do Sul, como se não enxergassem -- algo que só a cegueira branca propicia -- que o PT conseguiu quase 45% dos votos das regiões Sul e Sudeste e que, finalmente, cuidou-se do lado de cima da nossa geografia, onde a fome acabou, a miséria mingua e a economia cresce, desde 2004, mais de 4% ao ano (v. aqui).
Ainda mais incautos (ou hipócritas), socorrem-se numa pretensa divisão entre ricos e pobres, quando o que há é uma flagrante divisão entre interesses de ricos e de pobres -- que, em muitos casos, desobedecem a lei natural --, conflito que caracteriza todo e qualquer Estado tão desigual e com um ranço tão profundo de servilismo e dominação cordial e cultural.
Ora, a ciência da Política não pode ser confundida com uma metafísica do bem e do mal, do vermelho e do azul, como se tratasse de dogma religioso ou de paixão clubística.
Afinal, o que Brasil escolheu neste domingo foi um entre os dois projetos políticos propostos (v. aqui e aqui).
E o programa vencedor deixa muito claro: quer mais soberania nacional, e não menos; quer mais Estado, e não menos; quer mais energia na política e na democracia, e não menos; quer mais igualdade, e não menos; quer ricos pagando mais tributos, e não menos; quer mais poder de compra, e não menos; quer mais redes de segurança social, e não menos; quer mais periferia e interior, e não menos; quer mais Norte e Nordeste, e não menos; quer mais economia solidária e oportunidades profissionais, e não menos.
Quer, assim, mais (e mais) mudanças, e não o (máximo) retrocesso a um plano estatal cruel que, em nome da ortodoxia neoliberal, quebrou a Europa, trincou os EUA e sempre colocou de joelhos os países em desenvolvimento.
Mas o Brasil também quer "diálogo", o que não significa concessões cegas ou o silêncio trêmulo, ambos dissonantes do espírito do povo que reelegeu o PT.
Pois quer radicais reformas federativa, política, fiscal e no sistema econômico.
Quer mais reformas agrária, na saúde e na educação.
Quer novas políticas de segurança, de mobilidade urbana, de esportes, de gestão pública e industrial.
Quer aperfeiçoar as políticas de proteção, inclusão e ascensão sociais, de habitação, de energia e de combate à pobreza e à corrupção.
E, para isso, precisa também "dar nome aos bois" -- e por isso a imperiosa necessidade de se criar um grande plano de comunicação institucional (v. aqui) --, deixando claro à população de quem e quais são as responsabilidades e as atribuições constitucionais de cada ente e como funciona um Estado e os seus três poderes -- sim, o Chefe do Executivo e a sua Administração não podem continuar reféns e culpados únicos das chantagens pernósticas do Congresso Nacional e tampouco do tecnicismo promíscuo do Judiciário.
Enfim, Dilma e o PT têm mais uma oportunidade -- como teve aqui... -- de reposicionar o país nos trilhos da democracia social, de continuar a construção de um país rico e sem miséria e de, finalmente, poder transformar a nossa terra e a nossa gente.
O Brasil, neste domingo, agradece ter ganho nas urnas outra chance para isso.
A vitória, não só da militância partidária e apartidária, foi principalmente do cidadão humilde e solitário que não se curvou diante de todo o mefítico arsenal midiático que, diuturnamente, acampava-se no lado oposicionista.
E a democracia exige isso: que o governo seja do povo, para o povo e eleito pelo povo.
E a república democrática permite isso: que o poder não seja definido pela cor do sangue ou pelas cifras no banco.
Assim, para muito além da "união", a única certeza que advém desta eleição é a necessidade urgente de se pisar fundo no acelerador da democracia e da república.
Doa a quem tiver que doer.
E com o resultado deste hoje, a dor do ódio de classes -- ou seria de castas? -- aflorou como nunca.
Talvez como quase todos que desafiaram a ordem lógica eleitoral dos centros encastelados do país, na minha terra, Curitiba, também tive o sentimento de viver como um guetizado, tamanha a mensagem de inveterada e absoluta aversão que olhos alheios direcionavam a mim e às minhas vestes enquanto passava pelas ruas do meu feudo.
Afinal, não são por outros olhos que se destila a peçonha do discurso rasteiro e subterrâneo da falsa dignidade olímpica, trazido de algum auto da compadecida pelos homens bons que não hesitam em flertar com o golpe.
Tal discurso, como se ouvido às margens plácidas de outro Ipiranga, pretende-se portador do puro e imaculado sentido do bem, protótipo da excelência, fonte de toda a sabedoria e senhor absoluto do destino -- sim, a luta é contra o "mal", representado por uma estrela vermelha pela qual uma ralé malcheirosa que não sabe votar guia-se.
Este, pois, é o infeliz pensamento de boa parte dos eleitores que, desonrando os tributos legítimos -- ainda que evaporáveis -- de uma agenda tucana, são contrários à reeleição.
Incautos (ou hipócritas), insistem em falar num Brasil dividido, segregado e semienlutado, esquecendo-se que por quinhentos anos o nosso país foi isso, pelo torto caminho da direita e pela via vazia de direitos liquefeitos, de direitos mendigados e de não-direitos aos quais a ampla maioria do povo enveredava-se.
Ainda incautos (ou hipócritas), agarram-se num Brasil do Norte e Brasil do Sul, como se não enxergassem -- algo que só a cegueira branca propicia -- que o PT conseguiu quase 45% dos votos das regiões Sul e Sudeste e que, finalmente, cuidou-se do lado de cima da nossa geografia, onde a fome acabou, a miséria mingua e a economia cresce, desde 2004, mais de 4% ao ano (v. aqui).
Ainda mais incautos (ou hipócritas), socorrem-se numa pretensa divisão entre ricos e pobres, quando o que há é uma flagrante divisão entre interesses de ricos e de pobres -- que, em muitos casos, desobedecem a lei natural --, conflito que caracteriza todo e qualquer Estado tão desigual e com um ranço tão profundo de servilismo e dominação cordial e cultural.
Ora, a ciência da Política não pode ser confundida com uma metafísica do bem e do mal, do vermelho e do azul, como se tratasse de dogma religioso ou de paixão clubística.
Afinal, o que Brasil escolheu neste domingo foi um entre os dois projetos políticos propostos (v. aqui e aqui).
E o programa vencedor deixa muito claro: quer mais soberania nacional, e não menos; quer mais Estado, e não menos; quer mais energia na política e na democracia, e não menos; quer mais igualdade, e não menos; quer ricos pagando mais tributos, e não menos; quer mais poder de compra, e não menos; quer mais redes de segurança social, e não menos; quer mais periferia e interior, e não menos; quer mais Norte e Nordeste, e não menos; quer mais economia solidária e oportunidades profissionais, e não menos.
Quer, assim, mais (e mais) mudanças, e não o (máximo) retrocesso a um plano estatal cruel que, em nome da ortodoxia neoliberal, quebrou a Europa, trincou os EUA e sempre colocou de joelhos os países em desenvolvimento.
Mas o Brasil também quer "diálogo", o que não significa concessões cegas ou o silêncio trêmulo, ambos dissonantes do espírito do povo que reelegeu o PT.
Pois quer radicais reformas federativa, política, fiscal e no sistema econômico.
Quer mais reformas agrária, na saúde e na educação.
Quer novas políticas de segurança, de mobilidade urbana, de esportes, de gestão pública e industrial.
Quer aperfeiçoar as políticas de proteção, inclusão e ascensão sociais, de habitação, de energia e de combate à pobreza e à corrupção.
E, para isso, precisa também "dar nome aos bois" -- e por isso a imperiosa necessidade de se criar um grande plano de comunicação institucional (v. aqui) --, deixando claro à população de quem e quais são as responsabilidades e as atribuições constitucionais de cada ente e como funciona um Estado e os seus três poderes -- sim, o Chefe do Executivo e a sua Administração não podem continuar reféns e culpados únicos das chantagens pernósticas do Congresso Nacional e tampouco do tecnicismo promíscuo do Judiciário.
Enfim, Dilma e o PT têm mais uma oportunidade -- como teve aqui... -- de reposicionar o país nos trilhos da democracia social, de continuar a construção de um país rico e sem miséria e de, finalmente, poder transformar a nossa terra e a nossa gente.
O Brasil, neste domingo, agradece ter ganho nas urnas outra chance para isso.