A fingir tratar-se de outro negócio qualquer, a TV mundo afora padece do mais abjeto e vil fim: o lucro pelo lucro, a receita pela receita, não importa as consequências.
E, desde já a maior premissa: a TV é uma concessão pública, a depender do Estado – e, pois, do interesse público, e de outras tantas condicionantes constitucionais que não sirvam ao bel-prazer dos empresários – para existir, como aqui já relatamos.
Mas retomemos às profundezas.
Ora, se a TV visa à grana da audiência, e se a audiência quer este show de horror que a todo instante é despejado como esgoto nas telas de TV, tem-se um inexpugnável (e nada subterrâneo) sistema de canais de lixo, com o "fomento" e a "busca" se engrenando num moinho produtor da bestialização geral.
Há, até, trabalhos científicos que se debruçam nisso, ou seja, a importância de programas idiotas no não-desenvolvimento cerebral das pessoas, o que as leva a querer consumir mais coisas idiotas e, pois, levando as emissoras a produzirem mais e mais idiotices, a formar o tal círculo vicioso (v. aqui e aqui).
A reprovação e o rechaço, portanto, não cabem exclusivamente ao repugnante big brother brasil (v. aqui), mas são direcionados à miserável qualidade da vida televisiva – a qual, entre outros deploráveis eventos, abraça o telejornalismo de cadafalso, a comédia bandida e aquelas rinhas de hominídeos –, em sua maioria sem educação, sem valores, sem cabeça e sem alma.
E mais, sem respeito, sem qualquer respeito, como assim agem estes grupelhos de humor, que a detonar grupos e dogmas religiosos, grupos e partidos políticos e grupos e minorias sociais, se imaginam engraçados e meros utentes (e beneficiários) de um estado livre e democrático.
E, assim, dá-lhe audiência.
Afinal, na outra ponta, uma sociedade cada vez mais alienada, mais egocêntrica e mais liquefeita – v. aqui, aqui e aqui –, que a toda instante consome este tipo de produto em doses industriais.
Eis, pois, a roda-zumbi que bate palmas para o sobe e desce do carrossel social.