A Petrobras é a maior produtora de petróleo do mundo entre as empresas de capital aberto e a espinha dorsal do desenvolvimento brasileiro.
Foi com tal desiderato, inclusive, que Getúlio Vargas não arrendou o pé enquanto não pudesse oficializar que "o petróleo é nosso".
Logo, desde sempre o ouro negro foi objeto de desejo dos abutres internacionais.
E, claro, dos conservadores nacionais, que sempre preferiram arrendar as nossas riquezas ao invés de nelas trabalhar.
Este, a propósito, é outro drama do nosso capitalismo de araque, pois, não apenas arredio à competição -- a tendência do capital é o "monopólio", bem disse Marx --, no nosso caso ainda não se quer trabalhar por ele, preferindo-se o cômodo e nefasto "rentismo".
Ora, ainda ter a Petrobras como coisa nossa, como propriedade da sociedade brasileira -- apesar de todos os pesares que advieram com a grande abertura do seu capital -- provoca as mais coceguentas urticárias nas multinacionais e na direita de plantão, a reboque de estratégicos interesses de países como EUA e Inglaterra.
E é por isso que tanto se detona a nossa empresa e que tanto se quer enfraquecê-la, a ponto de torna-la tão frágil que caia sozinha (ou que a venda se torne a única opção...).
Afinal, não restam dúvidas de que os canalhas que roubaram -- e que sempre roubaram, nos mesmo cargos e com outros nomes -- lá de dentro merecem a mais exemplar e severa punição, made in China, diria.
Mas, bem ao contrário do disseminado pela grande mídia nativa, não se deve promover a xepa do petróleo brasileiro.
Há muita coisa de crucial interesse político nacional, que diz respeito à nossa soberania e às nossas riquezas históricas, e que jamais poderíamos flertar em perdê-las.
Sim, não restam dúvidas de que a empresa precisa criar e consolidar ferramentas e mecanismos de controle, não apenas nas áreas de licitações e contratos, mas em várias outras, algumas absolutamente estratégicas e mais importantes -- como aquelas ligadas à tecnologia do pré-sal e aos assuntos geoeconômicos; contudo, daí a misturar alhos com bugalhos corre uma distância abissal.
Ora, confundir a atitude destes calhordas ladrões com um sangramento que fulmine toda uma empresa é estratégia ideal da turma que sempre quis uma "Petrobrax" -- como nos anos de FHC, e sua ode às privatizações -- e que ainda não engoliu a decisão de Lula com o modelo de partilha da produção, que coloca a nossa empresa como operadora única do pré-sal.
A Petrobras é muito, muito maior que estes bandidos presos e acusados dos mais diversos crimes.
E não se trata apenas das bilionárias receitas que se seguirão com as descobertas do pré-sal -- em cujo domínio a expertise brasileira é a maior do planeta -- e cuja aplicação será exclusivamente na educação e na saúde públicas.
A Petrobras é uma criadora e difusora de alta tecnologia, de investimentos e de produtividade que beneficiam toda a economia brasileira -- a cadeia produtiva e comercial do petróleo e do setor naval, por ela liderada, representa mais de 10% do nosso PIB, é a nossa principal âncora da indústria de bens de capital, em especial porque dá ênfase às políticas de conteúdo local, ou seja, de contratar e transferir conhecimento internamente.
Enfim, a Petrobras é vital e um dos segredos para o desenvolvimento nacional, razão pela qual não aceita corrupção e nem entreguismo.
E fortalecê-la com mãos de ferro é a nossa única opção.