quarta-feira, 10 de junho de 2015

# playmobil



E ontem tivemos a notícia da morte do pai dos playmobils (v. aqui).

Lendo-a lembro do menino que em mim se foi, trazendo agora da memória os tantos anos em que meu universo misturava-se naqueles míticos bonequinhos de plástico.

Eu era índio, médico, pirata, pedreiro, xerife, bombeiro, mágico.

Eu era todos, e por tantas longas tardes neles eu materializa as amizades invisíveis que sempre criei.

Enfrentei tropas montadas, prendi bandidos, salvei vidas, descobri tesouros e da cartola tirava todos os meus sonhos que diziam ser impossíveis.

Era a época de tudo simples: ali, bastava trocar o figurino ou a personagem do enredo para então mudar toda a realidade, e ali viajava por velhos oestes, mares, circos e hospitais.

Não via o tempo passar, e numa grande e vazia sala daquela casa passava horas construindo meus mundos, peça a peça, sob a lógica arquitetada por um piá de 6 anos e os olhos de um bigode adulto.

Mas o tempo passa.

E a cada dia mais rápido, vai levando as nossas vidas.

Como levou a do pai dos playmobils, cujo momento merece-me um certo luto.

Afinal, a perda do pai de grandes amigos é sempre muito triste.

Por isso, na próxima viagem à Curitiba levarei meus pequenos filhos a tiracolo na visita que farei às caixas onde todos repousam, num dos armários dos quartos da casa onde cresci – e levarei meu pai junto, é claro.

Como talvez poucos deles ainda me reconheçam  ah, a minha voz e os meus cabelos... –, é pelo fiel grito do meu pai – que desde então nada mudou– que um a um será chamado para então podermos apertar àquelas plastificadas mãozinhas em gancho como nosso sinal de pesar e de acolhida.

Bem, sinceramente já não sei quantos deles lá restarão.

Mas sei que muito do que mim resta ainda está guardado entre eles, na forma de saudade dos longos anos da minha querida infância.



Alguns dos meus visíveis amigos de infância