E os EUA, hein?
Liderando este projeto de civilização – ou a falta dela... segundo Lênin, era esse inclusive o fator impeditivo para a revolução bolchevique avançar ao socialismo –, que tem as 85 pessoas mais ricas do mundo com uma riqueza equivalente a de outras 3,5 bilhões (v. aqui), o dono da bola não anda nada bem.
Por quê?
Ora, um país cuja sociedade sustenta-se nos fundamentos do individualismo – em afronta a um princípio republicano, a "solidariedade", conforme tese doutoral do amigo Guilherme Massaú –, do consumo e da busca incondicional de status não deveria ter mesmo condições de, a longo prazo, funcionar.
E, por isso, com o vertiginoso aumento da concentração de renda e da imobilidade social, visiona-se o rompimento de qualquer sentido lógico na sacrossanta ideia de "meritocracia" – porquanto efetivamente seletiva, mística e lotérica, enfim um fetiche –, motivo pelo qual os novos americanos (e parte do mundo) já contestam o autoproclamado "paraíso" e a ultradivulgada "terra das oportunidades", agora referenciada como "pura selvageria" (v. aqui).
Desemprego (v. aqui) e desigualdade (v. aqui), food stamps e homeless (v. aqui e aqui), temas que a cada dia fazem mais parte do cotidiano estadunidense, vão tornando-o progressivamente mais cruel e intragável.
Ademais, não se precisa, de novo, fazer maiores relatos sobre o sistema de saúde ou a frugalidade das políticas sociais yankees, tão-pouco o que e como se educa no seu ensino médio e fundamental – estas são políticas sem retorno, sem lucro, sem chances de merecerem atenção.
Muito diferente do que acontece, por exemplo, no sistema universitário, cujo exitoso modelo sustenta-se num brain drain e cujos investimentos maximizam-se porque se justificam na elevada rentabilidade que oferece – basta ver que os EUA ainda são o país detentor do maior capital tecnológico e do maior número de patentes registradas do planeta; assim como a disseminação da sua cultura do lixo e do efêmero e a intervenção (ou, ao menos, a intromissão) politico-militar em qualquer rincão do mundo, ações que catapultam o poder e as finanças da turma de bilionários nativos.
Para fechar, a inabalável neoliberalização da economia, com o rei mercado na titularidade do caos absoluto (v. aqui), sem retorno social e sem relevo público.
E assim, por estas e outras, o pesadelo americano vem se tornando insustentável também internamente: não há mais qualquer leveza no afã patriótico dos filhos órfãos da América.
Na última eleição para Prefeito de Nova York, a voz dos esquecidos pelo jeito clássico de se fazer política – os quase 50% que lá vivem ao redor da pobreza e à margem da res publica – finalmente fez-se valer para eleger um candidato democrata com a seguinte plataforma de governo: combater a desigualdade social (v. aqui).
Como? O vencedor, Bill de Blasio, dá um dos caminho: aumentar os impostos dos ricos, desmiserabilizando a gigante periferia da cidade.
Se até lá isso é (retoricamente) óbvio, como pode o nosso Congresso Nacional não evoluir na regulamentação do constitucionalizado "imposto sobre grandes fortunas" e não ter dado continuidade com a CPMF (v. aqui e aqui)? Como pode o nosso Governo ainda não ter revisto esta aberrante política de juros em prol do capital vadio e de poucos?
Bem, para isso não precisamos clamar a explicação de Freud.
Mas, quanto às razões do animal estadunidense ainda ser um modelinho fantasiado de bon sauvage pela grande mídia brasileira, aí só ele explica.
E, por isso, com o vertiginoso aumento da concentração de renda e da imobilidade social, visiona-se o rompimento de qualquer sentido lógico na sacrossanta ideia de "meritocracia" – porquanto efetivamente seletiva, mística e lotérica, enfim um fetiche –, motivo pelo qual os novos americanos (e parte do mundo) já contestam o autoproclamado "paraíso" e a ultradivulgada "terra das oportunidades", agora referenciada como "pura selvageria" (v. aqui).
Desemprego (v. aqui) e desigualdade (v. aqui), food stamps e homeless (v. aqui e aqui), temas que a cada dia fazem mais parte do cotidiano estadunidense, vão tornando-o progressivamente mais cruel e intragável.
Ademais, não se precisa, de novo, fazer maiores relatos sobre o sistema de saúde ou a frugalidade das políticas sociais yankees, tão-pouco o que e como se educa no seu ensino médio e fundamental – estas são políticas sem retorno, sem lucro, sem chances de merecerem atenção.
Muito diferente do que acontece, por exemplo, no sistema universitário, cujo exitoso modelo sustenta-se num brain drain e cujos investimentos maximizam-se porque se justificam na elevada rentabilidade que oferece – basta ver que os EUA ainda são o país detentor do maior capital tecnológico e do maior número de patentes registradas do planeta; assim como a disseminação da sua cultura do lixo e do efêmero e a intervenção (ou, ao menos, a intromissão) politico-militar em qualquer rincão do mundo, ações que catapultam o poder e as finanças da turma de bilionários nativos.
Para fechar, a inabalável neoliberalização da economia, com o rei mercado na titularidade do caos absoluto (v. aqui), sem retorno social e sem relevo público.
E assim, por estas e outras, o pesadelo americano vem se tornando insustentável também internamente: não há mais qualquer leveza no afã patriótico dos filhos órfãos da América.
Na última eleição para Prefeito de Nova York, a voz dos esquecidos pelo jeito clássico de se fazer política – os quase 50% que lá vivem ao redor da pobreza e à margem da res publica – finalmente fez-se valer para eleger um candidato democrata com a seguinte plataforma de governo: combater a desigualdade social (v. aqui).
Como? O vencedor, Bill de Blasio, dá um dos caminho: aumentar os impostos dos ricos, desmiserabilizando a gigante periferia da cidade.
Se até lá isso é (retoricamente) óbvio, como pode o nosso Congresso Nacional não evoluir na regulamentação do constitucionalizado "imposto sobre grandes fortunas" e não ter dado continuidade com a CPMF (v. aqui e aqui)? Como pode o nosso Governo ainda não ter revisto esta aberrante política de juros em prol do capital vadio e de poucos?
Bem, para isso não precisamos clamar a explicação de Freud.
Mas, quanto às razões do animal estadunidense ainda ser um modelinho fantasiado de bon sauvage pela grande mídia brasileira, aí só ele explica.
Eis um vídeo que prova a excelência meritocrática estadunidense