É de clareza solar o resumo (e a moral) da história contido no excelente texto de Oliver Stunkel (v. aqui).
Apesar disso – e de tudo isso! –, há muita gente que teimará em não ver e não juntar lé com cré.
Por isso reproduzimo-lo praticamente na íntegra e substituímos algumas palavras para tornar ainda mais óbvia a tragédia – para quem sabe-se lá como não vê ou não entende as semelhanças – que insiste em aparecer no horizonte do Brasil.
Apenas discordo do final do texto, se usado para uma metáfora do presente: para mim, não obstante uma considerável parte da sociedade esteja lobotomizada, as pessoas não podem dizer que não sabiam ou que não perceberam quem era o sujeito e o que estava por vir, afinal, não estamos parados em 1930.
Logo, há tempo de contê-lo.
Apesar disso – e de tudo isso! –, há muita gente que teimará em não ver e não juntar lé com cré.
Por isso reproduzimo-lo praticamente na íntegra e substituímos algumas palavras para tornar ainda mais óbvia a tragédia – para quem sabe-se lá como não vê ou não entende as semelhanças – que insiste em aparecer no horizonte do Brasil.
Apenas discordo do final do texto, se usado para uma metáfora do presente: para mim, não obstante uma considerável parte da sociedade esteja lobotomizada, as pessoas não podem dizer que não sabiam ou que não perceberam quem era o sujeito e o que estava por vir, afinal, não estamos parados em 1930.
Logo, há tempo de contê-lo.
Segue-o.
***
Por que votamos em Hitler nele?
Ao longo da década de 1920 2010, Adolf Hitler ele era pouco mais do que um ex-militar bizarro de baixo escalão, que poucas pessoas levavam a sério.
Ele era conhecido principalmente por seus discursos contra minorias, políticos de esquerda, pacifistas, feministas, gays, elites progressistas, imigrantes, a mídia e a Liga das Nações, precursora das Nações Unidas ONU.
Em 1932 2018, porém, 37% 32% dos eleitores alemães brasileiros votaram no partido de Hitler dele, a nova força política dominante no país. Em janeiro de 1933 2018, ele tornou-se chefe de governo pode se tornar presidente.
Por que tantos alemães brasileiros instruídos votaram em um patético bufão que levou levará o país ao abismo?
Em primeiro lugar, os alemães tinham brasileiros têm perdido a fé no sistema político da época. A jovem democracia não trouxera os benefícios que muitos esperavam. Muitos sentiam sentem raiva das elites tradicionais, cujas políticas tinham têm causado a pior crise econômica na história do país. Buscava-se um novo rosto. Um anti-político promoveria mudanças de verdade. Muitos dos eleitores de Hitler dele ficaram incomodados com seu radicalismo, mas os partidos estabelecidos não pareciam oferecer boas alternativas.
Em segundo lugar, Hitler ele sabia como usar a mídia as redes sociais para seus propósitos. Contrastando o discurso burocrático da maioria dos outros políticos, Hitler ele usava um linguajar simples, espalhava fake news e os jornais adoravam sugerir que muito do que ele dizia era absurdo. Hitler Ele era politicamente incorreto de propósito, o que o tornava mais autêntico aos olhos dos eleitores. Cada discurso era um espetáculo uma bomba. Diferentemente dos outros políticos, ele foi recebido com aplausos de pé onde quer que fosse, empolgando as multidões. (...)
Em terceiro lugar, muitos alemães brasileiros sentiram que seu país sofria com uma crise moral e Hitler ele prometeu uma restauração. Pessoas religiosas, sobretudo, ficaram horrorizadas com a arte moderna e os costumes culturais progressistas que surgiram por volta de 1920 do séc. XXI, época em que as mulheres se tornavam cada vez mais independentes e a comunidade LGBT em Berlim no Brasil começava a ganhar visibilidade. Os conservadores sonhavam com restabelecer a antiga ordem. Os conselheiros de Hitler dele eram todos homens heterossexuais brancos. As mulheres, ele argumentou, deveriam se limitar a administrar a casa e ter filhos. Homens inseguros podiam, de vez em quando, quebrar vitrines de lojas, cujos donos eram judeus esquerdistas, para reafirmarem sua masculinidade.
Em quarto lugar, apesar de Hitler dele fazer declarações ultrajantes – como a de que judeus sem-terras e gays deveriam ser mortos –, muitos pensavam que ele só queria chocar as pessoas. Muitos alemães que tinham amigos gays ou judeus pobres votaram em Hitler nele, confiantes de que ele nunca implementaria suas promessas. Simplista, inexperiente e muitas vezes tão esdrúxulo, que até mesmo seus concorrentes riam dele, Hitler ele poderia ser controlado por conselheiros mais experientes ou ele logo deixaria a política. Afinal, ele precisava de partidos tradicionais para governar.
Em quinto, Hitler ele ofereceu soluções simplistas que, à primeira vista, faziam sentido para todos. O problema do crime, argumentava, poderia ser resolvido aplicando a pena de morte com mais frequência e aumentando as sentenças de prisão. Problemas econômicos, segundo ele, eram causados por atores externos pelos petistas bolivarianos e conspiradores comunistas. Os judeus que representavam menos de 1% da população total esquerdistas eram o bode expiatório favorito. Os alemães brasileiros "verdadeiros" não deviam se culpar por nada. Tudo foi embalado em slogans fáceis de lembrar: "Alemanha Brasil acima de tudo", "Renascimento da Alemanha", "Um povo, uma nação, um líder."
Em sexto lugar, as elites logo aderiram a Hitler ele porque ele prometeu – e implementou – um atraente regime clientelista, cleptocrata, que beneficiava grupos de interesses especiais. Os industriais ricos ganharam ganhariam contratos suculentos, que os fizeram faziam ignorar as tendências fascistas de Hitler dele.
Em sétimo, mesmo antes da eleição de 1932 2018, falar contra Hitler ele tornou-se cada vez mais perigoso. Jovens agressivos, que apoiavam Hitler ele, ameaçavam os oponentes, limitando-se inicialmente ao abuso verbal, mas logo passando para a violência física. Muitos alemães brasileiros que não apoiavam o regime preferiam ficar calados para evitar problemas com os nazistas fascistas. (...)
“Se soubesse que ele mataria pessoas ou invadiria outros países acabaria com a democracia, eu nunca teria votado nele”, contou-me um amigo da minha família. “Mas como você pode dizer isso, considerando que Hitler ele falou publicamente durante a campanha de enforcar criminosos judeus dar licença para matar e que nada no Brasil se resolveria com o voto?”, perguntei. “Eu achava que ele era pouco mais que um palhaço, um trapaceiro”, minha avó, cujo irmão morreu na guerra, responderia.
De fato, uma análise mais objetiva mostra que, justamente quando era mais necessário defender a democracia, os alemães brasileiros caíram na tentação fácil de um demagogo patético que fornecia uma falsa sensação de segurança e muito poucas propostas concretas de como lidar com os problemas da Alemanha em 1932. Brasil em 2018.
Diferentemente do que se ouve hoje em dia, Hitler não era um gênio.
Não passava de um charlatão oportunista que identificou e explorou uma profunda insegurança na sociedade alemã.
Hitler não chegou ao poder porque todos os alemães eram nazistas ou anti-semitas, mas porque muitas pessoas razoáveis fizeram vista grossa.
O mal se estabeleceu na vida cotidiana porque as pessoas eram incapazes ou sem vontade de reconhecê-lo ou denunciá-lo, disseminando-se entre os alemães porque o povo estava disposto a minimizá-lo.
Antes de muitos perceberem o que a maquinaria fascista do partido governista estava fazendo, ele já não podia mais ser contido.
Era tarde demais.