E sobre a paixão de um grandioso amigo são-paulino -- radicado há quase uma vida em Curitiba --, por seu distante clube do coração...
fdsEra uma vez um guri branco, mas branco mesmo. Branco e sardento, que, a se parecer com uma barra de galak com flocos de arroz, era carinhosamente chamado pelos amigos simplesmente de Milk.
fdsEra uma vez um guri branco, mas branco mesmo. Branco e sardento, que, a se parecer com uma barra de galak com flocos de arroz, era carinhosamente chamado pelos amigos simplesmente de Milk.
Milk tinha uma paixão: Natália, uma moça bela e formosa, a quem ele dedicava horas de contemplação diária.
Milk tinha um problema: desde a sua adolescência -- fase maior dos amores repentinos e não correspondidos --, nunca mais havia visto Natália, senão pela tevê, pelas revistas e, diante da sua imensa idolatria, até pelo rádio ele imaginava vê-la, pois a sua menina-dos-olhos morava em uma terra muito, muito distante.
Assim, zombado por todos pela paixão platônica que nutria a décadas, dava de ombros e sempre repetia: "pelo menos amo uma mulher linda". E isso era mesmo, embora diversas vozes jurassem-na um tanto quanto masculinizada.
E Milk seguia nessa toada, sempre a remexer nos seus arquivos para não deixar apagar de sua memória aquele único e inesquecível encontro com Natália, em 1981, na isolada oportunidade que teve de estar lado a lado com a sua musa inspiradora, ainda muito jovem, cujos atuais fios de cabelos brancos fazem tornar o espaço histórico-temporal ainda maior.
Após repetidas tentativas frustradas de estar com ela, a cada dia seguia ignorando mais a possibilidade de vê-la com os olhos vivos, o que, inconscientemente, o fazia aos poucos tirar as tantas flechas de cupido fincadas em seu coração.
E assim, essa virtualidade ia minando o seu corpo e a sua alma, ambos já cansados da galáctica separação.
Neste momento, melancólico e prestes a acompanhar mais uma vez a sua diva em um grande evento pela televisão, apoltrona-se com um pote de azeitonas e, envolto em todos os quadros e posters que possuía, nota que a rede aberta não irá transmitir o grande show, dando preferência a um mero jogo de futebol entre os dois maiores times nacionais. Lembra que não mais pagou a rede a cabo, pois juntaria o dinheiro poupado para um dia ir ao encontro de seu amor. E nota que não iria ver Natália nesse seu grande momento. Lembra de tantos desaforos e de tantos instantes de solidão e telepatia. Nota que foi um pato. Um pato albino.
Milk tinha um problema: desde a sua adolescência -- fase maior dos amores repentinos e não correspondidos --, nunca mais havia visto Natália, senão pela tevê, pelas revistas e, diante da sua imensa idolatria, até pelo rádio ele imaginava vê-la, pois a sua menina-dos-olhos morava em uma terra muito, muito distante.
Assim, zombado por todos pela paixão platônica que nutria a décadas, dava de ombros e sempre repetia: "pelo menos amo uma mulher linda". E isso era mesmo, embora diversas vozes jurassem-na um tanto quanto masculinizada.
E Milk seguia nessa toada, sempre a remexer nos seus arquivos para não deixar apagar de sua memória aquele único e inesquecível encontro com Natália, em 1981, na isolada oportunidade que teve de estar lado a lado com a sua musa inspiradora, ainda muito jovem, cujos atuais fios de cabelos brancos fazem tornar o espaço histórico-temporal ainda maior.
Após repetidas tentativas frustradas de estar com ela, a cada dia seguia ignorando mais a possibilidade de vê-la com os olhos vivos, o que, inconscientemente, o fazia aos poucos tirar as tantas flechas de cupido fincadas em seu coração.
E assim, essa virtualidade ia minando o seu corpo e a sua alma, ambos já cansados da galáctica separação.
Neste momento, melancólico e prestes a acompanhar mais uma vez a sua diva em um grande evento pela televisão, apoltrona-se com um pote de azeitonas e, envolto em todos os quadros e posters que possuía, nota que a rede aberta não irá transmitir o grande show, dando preferência a um mero jogo de futebol entre os dois maiores times nacionais. Lembra que não mais pagou a rede a cabo, pois juntaria o dinheiro poupado para um dia ir ao encontro de seu amor. E nota que não iria ver Natália nesse seu grande momento. Lembra de tantos desaforos e de tantos instantes de solidão e telepatia. Nota que foi um pato. Um pato albino.
E Milk decide mudar. Milk decide morrer.
fds
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