Mais uma vez, pontual e cirúrgico o texto do jornalista Paulo Henrique Amorim (v. aqui) acerca do preconceito e da bovina estupidez -- como asseverava Nelson Rodrigues -- da mídia nativa sobre a imperiosa necessidade de nosso Estado, nosso mercado e nossa sociedades reverem os seus conceitos (de "Estado", de "mercado" e de "sociedade"):
- "What's in a name? That which we call a rose by any other name would smell as sweet." ("O que há numa palavra ? Se chamássemos a rosa de qualquer outro nome, ela continuaria a ser doce, do mesmo jeito [sic]). Diz Julieta a Romeu.
- O que há em "estatização"? Por que o PiG se recusava a falar em "estatização", quando a Inglaterra de Gordon Brown e os Estados Unidos de Henry Paulson decidiram criar as condições para fazer uma estatização parcial e temporária dos bancos ?
- O PiG [partido da imprensa golpista] não falava em "estatização". Falava em "injeção", em "capitalização" dos bancos. Quando era na Inglaterra e nos Estados Unidos, "estatização" era uma palavra maldita, porque os nossos provincianos neoliberais se recusavam a admitir a hipótese de ainda haver espaço para algum tipo de "estatização" em sociedades capitalistas maduras. Agora, quando o Governo brasileiro faz a mesmíssima coisa, e abre espaço para uma "estatização" temporária e parcial, o PiG está uma fera.
- A Miriam Leitão [uma das porta-vozes oficiais da podre mídia golpista] bufa: "A Medida Provisória de hoje aumenta muito o risco no Brasil. O risco de o Banco do Brasil e a Caixa serem usadas de forma indevida para que, aproveitando-se da crise, o governo aumente a estatização por motivos ideológicos. Porque o atual governo acredita em estatizar".
- E tem mais: a Miriam Leitão, aflitíssima com o avanço do comunismo fala em "paranóia" do Governo; em "aventura". Quer dizer que a "estatização" de Brown e Paulson é uma "injeção" e a "estatização" brasileira é movida por uma "ideologia exótica", como diziam os militares.
- "What is in a name"? No emprego da palavra "estatizar" se verifica, nessas plagas tropicais, dominadas pelo obscurantismo de um jornalismo de quinta categoria, todo o peso do preconceito.
- "Estatizar" é o que faria Lord Keynes, para salvar o capitalismo.