Sublimação rima com superação, que nada têm a ver com sublime.
Porém, tudo isso juntou-se no spettacolo deste último sábado, quando o Atlético, quase lanterna, venceu o Cruzeiro, quase líder, e fez recrudescer a esperança de nos manter na primeira divisão.
E essa excelsa e purificadora vitória fez-se sob os ombros e as pernas da raça pura, da mística raça do futebol.
Fez-se com Valencia, um colombiano negro de sangue rubro, um monstro que ocupou cada milímetro do relvado, que cobriu cada espaço tático da equipa, que correu, que marcou e que lançou, insensantemente. Que quando precisou peitar, peitou; que quando precisou berrar, berrou; que quando precisou chutar, chutou -- e acreditem: se precisasse voar, voaria. Enfim, envergou nas chuteiras toda a vontade, toda a força e todo o desespero da torcida para assumir, em definitivo, o papel de nosso "porta-fé" em campo.
Se fosse Nelson Rodrigues, o volante rubro-negro seria o "Meu Personagem da Semana". Ou melhor: doravante ele é o nosso "Príncipe Etíope".