"Acordo já com uma grande vontade de ligar para um cara. Um super-cara. Aqui, longe de tudo e de todos, com muito tempo para pensar (n)a vida, confirmo que a minha história sempre esteve ligada com ele. Desde sempre, nos meus grandes momentos, salvo as raras e aceitas exceções, contei com a sua participação. Nas pequenas grandes glórias desportivas aos bem-sucedidos estudos primário, secundário, superior e agora de mestrado, o seu papel foi crucial. Na infância, ciente da sua necessária ausência profissional -- embora às vezes montava no banco de co-piloto e seguia-o, nas estradas da vida, ao som dos lobos da estrada -- (...) esperava a chegada da sexta-feira, quando ele reassumia a batuta e dedicava a todos nós -- e, modéstia a parte, a mim particularmente... -- cada minuto do final de semana (...). Ainda, lembro-me de fatos menos cotidianos, mas inesquecíveis (...), mas nada supera em emoção as briguentas partidas de “futebol”, disputadas por mim como copa do mundo e as quais me foram muito didáticas. (...) Posso supervalorizar, mas acredito que aqueles jogos contra ele tinham uma sopa de muita coisa importante para a vida e para a formação pessoal de alguém; ali, o aprendizado foi vasto, como foi também nas milhares de conversas que tivemos, na beira dos rios a pescar, nos estádios de futebol, na churrasqueira para os almoços de domingo e, claro, nas viagens de carro. Sim, os carros, tão associados a ele que acredito serem indissociáveis, às vezes até imagino que seja um daqueles transformers enrustidos. Dos bólidos de garoto da jovem guarda, passando por caminhões e fuscas, chegando em landaus, motos, ônibus, charangas e possantes, nisso está a outra metade da sua vida. (...). Todavia, como disse recentemente, “nem só de pão vive o homem” e é neste ponto que ele consegue se superar e demonstrar-se um grande homem, o maior que conheci --o super-herói altius, fortius e citius que desde a infância conservo. Acima de tudo bom, é justo, humilde e tem um espírito fantástico, causa do carisma e da empatia que impressiona. Infelizmente, é um momento raro não estar presente para os beijos e abraços, compartilhando das alegres horas de hoje à noite. Vida longa ao bigode!"