sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

# chile: a esquerda paga o pato e o povo fica com o mico


E o Chile hein, quem diria, mostrou-se saudoso dos tempos de ditadura militar ou do mercado.

Após quase vinte anos de candidatos da "Concertación" -- uma coalização de partidos, a princípio, de centro-esquerda --, dois dos quais presididos por socialistas chilenos, desembocam, provavelmente, em um fracasso e na devolução do governo ao (neo)pinochetismo, sem ter rompido com o modelo econômico e sem ter conseguido desarticular a direita originária da ditadura militar.

O Chile, exibido pelas oligopolistas mídias nacionais e pelas instituições financeiras internacionais como o modelo supostamente bem logrado de implementação das políticas de "livre" mercado, volta às mãos dos que a formularam e a implementaram durante a ditadura pinochetista.

E assim, na contramão da América Latina (e de quase todo o mundo), tem tudo para retroagir e eleger no segundo turno o mais (i)legítimo representante do grande capital e da escola pinochetiana, para delírio da grande mídia nativa, dos conservadores latinoamericanos e de toda a direita que espia assustada o irretornável caminho dos progressistas governos da região.

Em suma, a esquerda chilena paga o preço das políticas do "Concertación", cujo grupo político aceitou inerte o antes fracassado -- e hoje retrógrado -- modelo neoliberal e, porquanto incapaz de mudar a vida dos grandes setores pobres do país, não conseguiu o apoio popular.

O Chile, infelizmente, dará vários passos para trás.

E sem ao menos parecer que serão para tomar o necessário impulso revolucionário.