quarta-feira, 7 de outubro de 2009

# conceitos e convenientes preconceitos


fdNo clássico “Dicionário de Política”, organizado por Norberto Bobbio, Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino, o adjetivo "autoritário" refere-se aos “regimes que privilegiam a autoridade governamental e diminuem de forma mais ou menos radical o consenso, concentrando o poder político nas mãos de uma só pessoa ou de um só órgão e colocando em posição secundária as instituições representativas”.
fdAdemais, ainda afirmam os autores que [o]s regimes autoritários se caracterizam pela ausência de Parlamento e de eleições populares ou quando tais instituições existem pelo seu caráter meramente cerimonial e ainda pelo indiscutível predomínio do Executivo. (...) A oposição política é suprimida ou obstruída. O pluralismo partidário é proibido ou reduzido a um simulacro”.
fdOu seja, tais conceitos e adjetivos enquadram-se, em absoluto, nos atuais regimes da Venezuela, do Equador, da Bolívia, da Argentina, do Paraguai, de El Salvador, de Honduras e de outros países latino-americanos que avançam na contra-mão do pensée unique global, à medida que nestes Estados: (i) o Parlamento e o Judiciário (independentemente) funcionam; (ii) a oposição política é muito (e inapropriadamente) ativa; (iii) o pluralismo partidário é manifesto; e, principalmente, (iv) são periodicamente realizadas eleições democráticas, inclusive com acompanhamento ou fiscalização de organismos multilaterais.
fdAgora, entretanto, a grande mídia, a reboque da nossa direita e dos donos do poder, quer insistentemente definir que os tantos governos vanguardistas da América Latina são regimes “autoritários”, nos quais se tentam implantar legislações "autoritárias", perspectivas "antidemocráticas” e políticas "populistas".
fdPor quê? Elementar, meu caro Watson.
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