E não é que Vágner Mancini - o nosso treinador com jeitão de dono de açougue de bairro rural e corista de igreja evangélica - conseguiu ganhar mais uma, a segunda seguida fora de casa!?
Mais uma vez foi um bumba-meu-boi, numa qualidade sofrível e com uma retranca que acabou dando certo. E mais uma vez compensamos outra derrota injusta do começo do campeonato. Aleluia, aleluia!
O problema é que jogo assim é tenso, um vacilo qualquer é fatal e as expectativas são mínimas. E confesso: quando vi o gol do Galo aos 35' do segundo tempo, desisti.
Jamais poderia acreditar que não perderíamos mais aquele jogo.
E foi então que se fez Zezinho.
O guri é bom, quase muito bom. É daqueles jogadores que jogam e pensam, é daqueles meias que marcam e daqueles marcadores que armam o time e que dão passes como poucos. Entrou no lugar de um dos brucutus da cabeça-de-área, deu duas assistências e viramos o jogo.
Meritório conserto do nosso Vagner, que parece errar na saída, mas que mostra querer ensaiar boas mexidas no time e bem ajustar um bloco que faz o principal para quem tinha a pior defesa do campeonato, ou seja, tentar não levar gol.
Fixou Pedro Botelho lá atrás, sem apoiar, postou dois volantes que não passam da intermediária, exigiu bicões de tudo e de todos e pôs Marcelo pra correr desajuizadamente.
Resta agora fazer justiça e não mais inventar no comando do ataque - o nosso artilheiro sobra -, continuar segurando os laterais como quase-zagueiros, deixar Zezinho, Baier e Éverton na armação e aguardar uma boa volta do volante Deivid, muito melhor que os dezoito que por ali têm passado. E, claro, rezar para que algum quarto-zagueiro apareça (v. aqui).
Pelas circunstâncias, a vitória foi espetacular, quase épica.
Mas que ainda não dá ares de ser sustentável, embora já parece se sustentar na consciência dos nossos limites.
E isso dá esperança, como o gelo.