segunda-feira, 29 de julho de 2013

# um vizinho


Hoje fará 6 pm e não verei o meu novo amigo Francisco.

A soar como surreal, este diário encontro me deixou ter com a figura papal uma intimidade ímpar, quase pecadora.

Afinal, desde quinta-feira, dentre outras rotinas passei a ter uma curiosa: antes do pôr-do-sol, vestia-me – sim, o Rio não está só para bermudas –, calçava uns pisantes e atravessava a minha rua para, a poucos metros, chegar à Av. Atlântica e aguardar a visita do Papa.

Voilà, pontualmente às 5:30 da tarde lá estava ele, passando a um braço na minha frente, esguio, em pé e eufórico, com toda aquela simpatia de vovô contador de causos, sábio e sem pressa no mundo, contente por estar ali com a sua gente e com a saúde renovada de um jovem de setenta e seis anos.

Nuns dias mais rápido, noutros bem devagar, noutros com paradas que meu pareceram eternas, em seu papamóvel o meu platônico amigo trazia nos gestos e no olhar um sentimento indescritível de paz, de otimismo e de alegria.

Era como se ele conseguisse olhar profundamente para cada uma da centenas de milhares de pessoas que formavam todo aquele corredor entre o Forte de Copacabana e o Leme e dissesse: "Que bom te ver!".

E ali, naqueles instantes, era como se estivéssemos sendo olhado por ele, numa injeção de sortidos sentimentos do bem que reanima, rejuvenesce e nos enche de vida. Não eram, enfim, apenas acenos e sorrisos.

Eu acredito que Francisco seja um simples homem, humano e especial como cada um de nós.

Mas é um dos homens mais especiais que já vi – e que por alguns dias morou no meu bairro, quase na minha rua, e que vai deixar saudades...