Na epígrafe de "Ensaio sobre a cegueira", José Saramago traz: "Se podes olhar, vê; se podes ver, repara".
Bem, como já dissemos aqui, o Brasil progride e se constrói no caminho do desenvolvimento.
E a divulgação dos dados sociais e econômicos mais recentes
– o famoso Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos Municípios – mostra que
em vinte anos isto se deu de forma notável (v. aqui).
De
Itamar/FHC a Lula, o país mudou e melhorou como nunca.
E por isso que aquelas malfadadas e genéricas manifestações, apartidárias e
acéfalas, contra tudo e contra todos, mostram-se cada vez mais nonsense e
perigosas – como alertou o Papa Francisco, ao lembrar que a juventude não pode
ser “manipulada” (v. aqui)
–, num processo contrário e confuso cuja origem e consistência aguardam
explicações, mas que já consegue apontar razoáveis vestígios de segundas intenções.
Se descuidados ou alienados, a análise do que se via nas ruas era de um país apocalíptico – como se fôssemos uma Islândia tropical ou uma Grécia quinhentista – cuja monstrenga mobilização era apenas um claro movimento contra um lugar aos frangalhos, em atraso insuportável, num momento histórico de tragédia e a sucumbir no leito de morte. Amém.
Se descuidados ou alienados, a análise do que se via nas ruas era de um país apocalíptico – como se fôssemos uma Islândia tropical ou uma Grécia quinhentista – cuja monstrenga mobilização era apenas um claro movimento contra um lugar aos frangalhos, em atraso insuportável, num momento histórico de tragédia e a sucumbir no leito de morte. Amém.
E eis que os dados – os números! – sociais e econômicos
mais recentes mostram que nestes vinte anos o Brasil avançou de modo notável.
O primeiro fato: o IDH avançou quase 50% e saiu do patamar “muito baixo” para um nível “alto”.
O primeiro fato: o IDH avançou quase 50% e saiu do patamar “muito baixo” para um nível “alto”.
Outros fatos: a desigualdade caiu e a expectativa de vida
aumentou.
E o maior fato: a qualidade de vida tinha nível “muito
baixo” em 85% das cidades e hoje essa classificação envolve apenas 0,6% dos
nossos municípios.
Sim, é um negócio muito sério. Hoje, de cada 200 municípios brasileiros, apenas 1
(um) tem um nível de desenvolvimento muito baixo.
Infelizmente, ainda temos grandes distorções geográficas de
(i)mobilização social, pois se percebe a discrepância entre Norte e Sul, mas
não se pode querer admitir que não houve progresso e que a coisa não se ajeita.
E aqui não partidarizamos a discussão e não fatiamos os dados, afinal,
um fato justificante é de clareza solar: o progresso ocorreu na esteira de 25
anos de regime democrático, o maior da nossa história.
Outra razão: a Constituição de 1988, que trouxe inúmeros direitos sociais e que consagrou como objetivos fundamentais da República a construção de uma sociedade justa e solidária, a garantia do desenvolvimento nacional, a erradicação da pobreza e da marginalização, a redução das desigualdades sociais e regionais e a promoção do bem de todos (art. 3o).
E, piano, piano, tais fins o nosso Estado vai buscando e tirando-os do papel.
Outra razão: a Constituição de 1988, que trouxe inúmeros direitos sociais e que consagrou como objetivos fundamentais da República a construção de uma sociedade justa e solidária, a garantia do desenvolvimento nacional, a erradicação da pobreza e da marginalização, a redução das desigualdades sociais e regionais e a promoção do bem de todos (art. 3o).
E, piano, piano, tais fins o nosso Estado vai buscando e tirando-os do papel.
Porém, isso não se constrói com o Estado mínimo e terceirizado,
com o mercado onisciente, com as sete maravilhas da iniciativa privada, com
métodos empresariais de gerir a coisa pública, com a turma do impostômetro
e do establishment, com ortodoxia econômica
e com a maximização do “laissez faire”.
E, obviamente, também não se forma um grande Estado com
oligarquias políticas coronelescas, com instituições frágeis e agrupelhadas,
com servidores públicos incompetentes e velhacos, com alianças espúrias e
políticas públicas conservadoras, com crimes contra a Administração Pública e
com a desídia confortável do “laissez passer”.
E é aí que está o problema.
Afinal, nas ruas e na grande mídia o que se vê é toda uma gente querendo abrir bem os olhos para estas últimas, e apenas as pernas para aquelas primeiras.
Pois ficamos com Goethe, ao gritar no seu leito de morte: "Licht, licht, mehr licht!".
E é aí que está o problema.
Afinal, nas ruas e na grande mídia o que se vê é toda uma gente querendo abrir bem os olhos para estas últimas, e apenas as pernas para aquelas primeiras.
Pois ficamos com Goethe, ao gritar no seu leito de morte: "Licht, licht, mehr licht!".