sexta-feira, 7 de maio de 2010

# rubro-negras (viii)


fdsComeça o Campeonato Brasileiro.
fdsE como o único clube de Curitiba (e do Paraná) na Primeira Divisão -- e já o quinto time do Brasil há mais tempo nela --, o Atlético tem uma responsabilidade que parece não estar à altura do time que monta. Pior.
fdsDesde 2008, nosso clube parece querer superar-se ano a ano, a desmontar e a desqualificar sucessivamente o elenco de jogadores, como se parecesse gostar da frustração, da vergonha e do suspense da salvação nas derradeiras rodadas dos últimos campeonatos -- v. aqui e aqui, em nossas sagas "atleticanas" (2009) e "quo vadis, huracán?" (2008), o que se passou em cada uma dessas temporadas.
fdsOutrora dizia-se pelo menos que no papel o time era bom, mas que no campo decepcionara, ou que figuras pouco conhecidas ou caricatas no papel resolveriam dentro das quatro linhas.
fdsHoje, porém, temos um Atlético ruim em campo e no papel, ruim da cabeça e do pé, desestruturado, acéfalo do lado de fora e fraco e limitado do lado dentro.
fdsFora de campo, uma Diretoria que, de múltiplos modos, está na iminência de cometer o "crime do rebaixamento", um "crime de lesa-Clube", agindo com quase todos os múltiplos agravantes previstos no nosso Código Penal, pois fará o Atlético cair (i) por motivo torpe, isto é, para manter um caixa positivo, (ii) ocultando outro crime, o perjúrio impróprio, via as promessas feitas em cotejo com a realidade dos fatos, (iii) traindo a confiança de 25 mil sócios torcedores, (iv) com o emprego de meio cruel, ou seja, a tortura durante oito meses, (v) com abuso de autoridade e de poder, (vi) contra, dentre outros, crianças, idosos, enfermos e grávidas, e (vii) em ocasião de uma desgraça coletiva, (viii) como se estivesse preordenamente embriagada. E, se ainda vigorasse o Código Penal do Império, seria taxativamente agravado com a óbvia premeditação.
fdsAfora a Diretoria, ainda temos do lado de fora um treinador tosco, fraco, sem qualquer envergadura técnica e moral para nos sustentar e nos impor. É um sujeito, com toda a franqueza que me merece, para treinar -- ainda e por um bom tempo -- os toscos, fracos e sem qualquer envergadura técnica e moral times do interior de Rolândia. E quem sabe em 10 anos possa vir auxiliar o comando atleticano.
fdsDentro, tome-se o goleiro (Neto), os zagueiros (Manoel e Rodolpho), o lateral-esquerdo (Azevedo) e os três macacos velhos do meio-campo (Valencia, Bahia e Baier -- sabe-se lá até quando...) e não sobra mais nada, salvo um lampejo ou outro do centroavante artilheiro (Bruno Mineiro). De todo o pouco resto, reúna-os para tirar não mais que dois jogadores e pronto, o que sobra é um quase lixo, lixo descartável do tipo tóxico, inaproveitável, inorgânico e irreciclável. Sim, apesar de não ver nascer nenhum jogador atômico, o nosso Atlético infelizmente parece olorizar Césio 137.
fdsOra, por que não investir em 3 ou 4 grandiosos atletas? Por que não arriscar ter dívidas para montar um grande time, com jogadores que botem panca, com raça, com glamour e garba elegância?
fdsPor que gastar tanto num hoje pouco útil CT de luxo, que mais serve para inglês ou para a CBF ver? Por que colocar tanto dinheiro em superestruturas de fisiologia, de fisioterapia e de medicina se não tem jogador que valha a pena curar e tratar?
fdsPor que pensar em antecipar e apressar tantos gastos no Estádio, a maioria um tanto quanto desnecessários, tão-somente para sediar dois ou três jogos de uma Copa do Mundo?
fdsPor que a toda hora todos os outros times da Primeira Divisão -- grandes, médios ou pequenos -- contratam aos montes, a chamar figurões lá de fora ou a descobrir pérolas esquecidas nos grotões dos país, enquanto nosotros ficamos com essas repatriações toscas, essas importações falsificadas ou essas coisas do futebol interiorano?
fdsPor que, enfim, deixar dinheiro em caixa, como se quisesse tergiversar a ideia de "clube-empresa" (v. aqui), a confundir a necessidade de profissionalismo na gestão (sendo indiscutível para que, por que e por quem) com a necessidade de lucro (para quê? por quê? para quem?)?
fdsCom a turma que hoje aparece no site oficial do clube -- e em todos os jornais e sites que repercutem o início do Brasileirão -- e que é apresentada como a que forma o time do Clube Atlético Paranaense, rebenta os sentimentos de pena, indignação e ódio.
fdsCom esse elenco, esse time e esse treinador, ficar na Primeira Divisão não será uma grande vitória para o Atlético.
fdsSerá uma vitória impossível, que, sabendo-se ou não ser impossível, ele não irá fazê-la.
fds
 

segunda-feira, 3 de maio de 2010

# serra é da direita (ou, "contrações prepositivas")


fdsReconhecemos que o distante passado de Serra não o faz ser de direita.
fdsMais do que isso, podemos até reconhecer que algumas das suas convicções de hoje não o façam estar à direita.
fdsEntretanto, não há qualquer dúvida que José Serra, candidato do PSDB-DEM/PFL/ ARENA/UDN à sucessão presidencial, é da direita.
fdsQuando FHC assumiu, em 1995, implementou definitivamente o projeto neoliberal no Brasil, iniciado por Collor. E ele então assumiu a condição de ex-sociológo socialista, a atender assim aos anseios da direita, dos oligarcas, dos conservadores e do grande capital.
fdsE FHC tornou-se da direita, idêntico destino que tornou o atual candidato demo-tucano propriedade dos conservadores, dos oligarcas e da "nobreza".
fdsOra, o campo político não admite o vácuo e tampouco é definido pela vontade das pessoas. Ele tem um foco e uma objetividade, ele resulta dos confrontos e das construções de forças e de arranjos de cada bloco. E o bloco da direita agora se mantém e tenta sobreviver em José Serra.
fdsDilma, por sua vez, representa o aprofundamento do projeto do Governo Lula, o qual foi vital para o redescobrimento do país, mas foi ainda extremamente tímido em certas áreas essenciais para o pleno desenvolvimento nacional. Dilma, assim, vem em boa hora, afinal, é de esquerda e está à esquerda no plano político brasileiro. E se não é a grande solução, é a que se está oferecida.
fdsPor isso, não obstante a sopa partidária e as alianças oportunista-governabilizantes que se apresentam na chapa, Dilma Roussef ocupa -- numa posição mais central ao impávido (e colosso) Plínio de Arruda Sampaio, do PSOL -- o espaço da esquerda (ou do centro-esquerda) no cenário da sucessão presidencial.
fdsLá, com a direita, e cá, com a esquerda, são dois lados, são dois projetos para dois países diferentes e, pois, para futuros distintos.


fds

# picadeiro


Se Paulo Henrique Ganso insiste em mostrar classe, competência e maturidade, Neymar gosta de abusar do showbusiness, do marketing e do merchandising.
 
Para o primeiro, uma técnica espetacular, uma postura tática incrível e uma liderança, uma humildade e uma inteligência invejáveis; para o segundo, a entrada em campo midiática (com direito a um óculos promocional, ao pior estilo Ronaldinho), as lágrimas crocodilianas e as declarações impertinentes e estúpidas.

Porém, ambos se completam, como raras as vezes se viu.

Um o arco, o outro a flecha.

Um pensa, outro extravasa; um a razão, o outro a emoção.

Um é o mágico, o outro o palhaço.

E de ambos o circo vive, e é dependente, para alegria do grande público.

Por isso, é uma daquelas duplas para entrar na história, e na história que já começará em junho, na África do Sul. Sim, ambos merecem (e devem) estar na Copa.

Como titulares, inclusive.
fds

 

domingo, 2 de maio de 2010

# e assim caminha a humanidade (xviii)


fdsEnquanto isso, no fraternal churrasco deste sábado à noite, um dos grandes amigos dispara e lança quatro pedras, uma atrás da outra, sem pestanejar e já com o peculiar tom provocativo (e de quem ignora a essência do discurso):
fds - “Olha bem... é o seguinte: um tio meu foi pra Cuba e disse que deixou sem querer cair umas moedas no chão e a turma em volta se jogou no chão e ficou brigando para pegá-las... [e insistiu com mais um ou outro conto da carochinha]... Cara, não adianta, o mundo é capitalista... [e seguiu a falar como se estivesse a defender um dogma, uma religião]... Hein, vocês sabem: a Dilma é uma bandida... [longa sequência de impropérios e de bestiais criações]... Pois olha, eu não quero com ela de (sic) presidente ver fechada as nossas televisões... ver aquilo que tem na Venezuela, acabar com as tv's e só ter televisão do Estado... [e repete aquela cantilena típica de quem propaga as ideias e os ideais dos seus quatro evangelistas: Globo, Veja, Folha e Estadão].
fds Como uma (quase) ilha rodeada de grandes amigos conservadores, de direita ou reacionários por (quase) todos os lados, procuro não insistir em discussões filosófico-político-econômicas. Mas vou ainda além, pois busco abster-me de nelas entrar, para não ver desgastado os sentimentos de amizade e de afeto. Mas, a cada dia, abstrair é cada vez mais difícil, tamanha a “cegueira branca” que adoece tantos.
fds E naquele monólogo acima descreve-se uma dessas ultimas tentações, no qual o interlocutor quer convencer, a mim e aos correligionários em volta, essas quatro coisas: a primeira, de que o inferno latino-americano chama-se democracia; a segunda, de que o mundo é assim mesmo, gigante e capitalista pela própria natureza, e que nada podemos fazer, senão sucumbir às suas inverdades, injustiças e ilegitimidades; a terceira, de que Dilma Rousseff -- candidata do Governo Lula à sucessão presidencial -- come criancinha; e, a quarta, de que a nossa Constituição não deve e não pode valer muita coisa e que, portanto, é ridículo o fato de o Estado, via Poder Executivo, ter a prerrogativa de outorgar e renovar concessão, permissão e autorização para as emissoras de rádio e televisão
fds Vamos por parte, como diria Jack, the Ripper.
fds-- x --fds
fds Segundo uma recente pesquisa do Ministério da Saúde, mais da metade da população brasileira não usa escova de dentes, número este (in)justificado pela falta de condições financeiras e de instrução da população (v. aqui).
fds Assim, enquanto no Brasil o "mercado" oferece escovas de dente grande, média, mini, da Minie, azul, roxa, de bolinha, de oncinha, com cerdas moles, duras ou de plumas, com vibrador, com massageador etc. e cremes dentais de menthol, de frutas silvestres, de pistache, verde-uva, superbranco, super-super branco, super-power-extra branco etc., em Cuba, por outro lado, os mercadinhos, privados ou estatais, oferecem escovas e pastas magnificamente simples e sem grandes opcionais, mas absolutamente eficientes e ao alcance de todos, pois o Estado ensina, exige e cuida do seu uso correto e universal.
fds Sim, em Cuba, o ato de escovar os dentes e não tê-los (ou tê-los podres) não é privilégio de classe social.
fds Lá, há décadas, tem-se níveis de excelência em praticamente todos os dados relativos à saúde da população -- e quem diz é a Organização Mundial da Saúde e a ONU. Mas, coitada, não consegue oferecer a sua gente uma escova elétrica com cerdas de pelo de urso ou uma pasta com sabor de tâmaras maduras, veja só...
fds Sim, são por essas e outras que Cuba é destratada e menoscabada pelos idiotas de plantão que, sentados cada qual em seu barril, insistem nas maravilhas que o "mercado" pode proporcionar e nas agruras de uma vida sem um enorme corredor de supermercado com centenas de pastas e escovas para escolher. O Estado? Ora, o Estado só nos atrapalha, só quer o nosso mal, o nosso sangue, a nossa alma! Vade retro! "Deixem-nos sós!", brada a elite branca nacional.
fds Todavia, essa nossa turma esquece que apenas poucos brasileiros permitem-se essa freedom to choose, essa que é a maior ladainha neoliberal e que também vem refletida na pesquisa em comento, cuja realidade, hipocritamente esquecida pela nossa burguesia, jamais a deixará a sós e em paz.
fds Definitivamente, os papagaios de plantão, que pensam com as cabeças dos grandes veículos midiáticos e só repetem o que os editorialistas dos grandes irmãos dizem, insistem na ‘forma” da democracia formal, de aparência, que tem por base aquela idealizada no liberalismo ocidental e doutrinada por Tocqueville.
fds Ignoram, portanto, o que é uma verdadeira democracia: o governo do povo, para o povo e eleito pelo povo.
fds Desconhecem o que significa um Estado que consegue oferecer a toda a sua população saúde, educação, alimentação, moradia, lazer e segurança.
fds Não percebem que mais importante que "um ou outro" poder comer picanha, poder ir para spas ou para as ilhas gregas, poder ir a shopping centers, poder comprar um carro supersônico e poder morar em palacetes, é a concretização de um estado no qual "todos" têm comida, saúde e educação exemplares, lazer gratuito, os bens de consumo necessários e um lar.
fds Desconhecem, assim, que só há justiça se cada cidadão ter atendido os direitos humanos fundamentais básicos. E isso é básico.
fds Enfim, fingem esquecer que, no Brasil, crianças, velhos e jovens se amontoam, se matam e se maltratam pelos sinaleiros, pelas favelas e pelas marquises da vida, em cujas ruas lutam não só por moedas, mas por comida, diversão e crack.
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fds Não sei que diabo faz toda essa gente achar que o capitalismo é normal ou natural. Talvez tentem defender a tese de que o espírito egoísta é da essência humana e, logo, o capitalismo --quintessência do egoísmo -- também o fosse. Mas não, não é. Ao menos para mim, para os socialistas e, claro, para os cristãos, vez que o Pai do cristianismo, Jesus Cristo, foi o maior socialista de todos, a pregar como máximas de vida a igualdade e a fraternidade.
fds Achar que o capitalismo é o fim da história, além de uma grande estupidez, faz refletir a total falta de crença no próprio ser humano (e, pois, em si mesmo), admitindo que a luta com o lado esquerdo do peito -- e com as ideias de solidariedade social, de Estado protetor e de interesse público -- sucumbirá às trevas do "darwinismo social", do "Estado predador" e do "interesse privado".
fds Sim, para a nossa burguesia o livre mercado e o desvairado consumismo conformam uma religião.
fds O consumo, pois, é o ópio dessas elites.
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fds Impressiona que, diante da inegável competência e popularidade do Governo Lula, tenha sumido boa parte de toda aquela gente que, pelos idos de 1989 a 2006, insistiam em defenestrar o cara (e a sua equipe técnico-política) que há 2 anos é considerado um dos grandes líderes mundiais e um dos grandes políticos da história.
fds Porém, como não podem ir contra o óbvio ululante e criticá-lo -- sob pena de, ao menos, serem considerados idiotas --, escondem-se no hipócrita discurso de que sempre o quiseram e o amaram, mas que, agora -- ah, agora! -- a conversa será diferente...
fds Sim, insistem em dizer que, ora pois, a Dilma é um monstro, a Dilma é uma terrorista que, como uma loba-má vestida de vermelho, come vovós e criancinhas.
fds Sim, insistem em fantasiar que um Governo Dilma será um governo de guerrilha, um governo bandido, um governo ditatorial. Sim, insistem em mentir que, com ela, não vamos mais ter a “democracia” e a “diplomacia” de Lula.
fds Ora, até podemos ter a certeza que Dilma não tem a empatia, o carisma, o jeitão e o laissez-faire do ex-sapo barbudo. Falta-lhe a teatralidade espontânea -- uma expressão quase antagônica -- e a vivacidade política do nosso presidente.
fds Porém, não é isso não que assusta a nossa classe média-alta, inclusive pela fato de ser notória a imensa capacidade e competência técnica de Dilma Roussef, a grande gestora do segundo mandato de Lula.
fds Na verdade, o que essa gente da classe média-alta teme, é a continuidade de um governo popular, populista, do povo e para o povo.
fds Na verdade, na verdade mesmo, essa nossa pequena burguesia inquieta-se é com o iminente (e certo) aprofundamento das políticas sociais, de distribuição de renda, de reforma agrária, de emprego, de (re)estatização dos setores estratégicos do país e de absoluta soberania.
fds Contra isso, vale tudo. Até dizer que Dilma é feia, boba...
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fds Esta perspectiva de (pseudo)democracia que os néscios costumam clamar nada tem a ver com a verdade do regime democrático, cujo conveniente protótipo -- vez que apenas protege e impulsiona os interesses das elites, e não os do povo –, afora outros, sustenta-se sob a falseada ideia da liberdade de imprensa, que por aqui -- e em quase todo o mundo -- funciona sob uma falso mantra. E Karl Marx, arguto defensor desta liberdade, já explicava a sua deturpada forma.
fds Marx acreditava que poderia haver liberdade de imprensa, e na sua obra “Liberdade de Imprensa” disse: “A imprensa livre é o olhar onipotente do povo, a confiança personalizada do povo nele mesmo, o vínculo articulado que une o indivíduo ao Estado e ao mundo, a cultura incorporada que transforma lutas materiais em lutas intelectuais, e idealiza suas formas brutas. É a franca confissão do povo a si mesmo (...) A imprensa livre é o espelho intelectual no qual o povo se vê, e a visão de si mesmo é a primeira condição da sabedoria.”.
fds Contudo, Marx já enxergava que a liberdade de imprensa -- tal qual o tal Estado liberal ocidental -- poderia ser usada de forma desastrosa por pessoas mal intencionadas: “essas pessoas fazem uso da linguagem para mentir, a mente para intrigar, as mãos para roubar, os pés para desertar”.
fds Portanto, um dos problemas dessa visão reducionista que marca o liberalismo, seccionando a esfera político-institucional do resto da formação social, é que vai buscar a resposta no lugar errado. Saber se um país é democrático é saber se sua sociedade é democrática. O sistema político é uma parte dela e deveria estar em função não de si mesmo, mas de criar uma sociedade democrática.
fds Mas o pior desses critérios é tentar fazer passar que imprensa privada é critério de democracia. Imprensa mercantil -- fundada, pois, na propriedade privada, na empresa privada -- significa a subordinação do jornalismo a critérios mercantis e comerciais, ou seja, lucro e custo-benefício a ser financiado por um dos agentes sociais mais importantes: as grandes empresas, o que faz com que a chamada imprensa “livre” seja, ao contrário, uma imprensa refém (e catalisadora) dos setores mais ricos e dominantes da sociedade, vinculada e dependente dos seus interesses.
fds Portanto, essa chamada imprensa “livre” passa a representar as vontades do mercado, daqueles que anunciam nos veículos produzidos por essas empresas, que são mercadorias, que transformam as noticias e os artigos que publicam em mercadorias e insturmentos de cooptação.
fds São então “livres” de quê? Do controle social, da transparência do seu financiamento, da construção democrática da opinião pública. Prisioneiros do mercado, dos anúncios, das agências de publicidade, das grandes empresas privadas, do dinheiro.
fds Uma imprensa livre, democrática, transparente, não pode ser uma imprensa privada, isto é, mercantil. Tem que ser uma imprensa pública, de propriedade social e não privada (e familiar, como é o caso das empresas jornalísticas brasileiras).
fds Neste aspecto, a grande verdade do regime democrático vem exigir uma democratização dos meios de comunicação, cujo monopólio em mãos de grupos capitalistas hiper-concentrados, os mais prepotentes de toda sua classe, é incompatível com qualquer justiça eleitoral ou soberania democrática real.
fds Mais do que isso, vem exigir, no plano constitucional brasileiro, que os meios de comunicação atendam aos seguintes princípios: preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas; promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação; regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei; e, respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.
fds Em suma, exige-se que a imprensa mercantil cumpra o seu papel (e que tenha uma função) social. Se não o cumprir ou não o tiver, é passível de não ver renovada a concessão pública para funcionamento. Simples assim.
fds Porém, na “diabólica” Venezuela, só por muito mais do que isso não se renovou a concessão da “rede globo” local: provou-se que a tal rede de televisão (RCTV) foi a principal aliada dos golpistas que sequestraram Hugo Chávez e que tentaram, impedindo a sua posse depois de eleito, em abril de 2002, dar um frustrado Golpe de Estado.
fds No mais, a nunca suficientemente difamada Venezuela continua a ter todas as suas outras grandes redes abertas de televisão, em número quase igual ao que se tem na exemplar democracia brasileira, onde, há séculos, admite-se qualquer tipo de arranjo, golpe e jogo de poder perpetrado pelas grandes famiglias que comandam as telecomunicações nos âmbitos nacional e regional.
fds