quinta-feira, 30 de outubro de 2008

# humor líquido


O ato de chorar pode ter variegadas raízes e múltiplas consequências.
Há o choro pela perda da mulher amada. Esse é o choro melancólico, o choro por não ter feito o que deveria fazer, por não ter sido o que deveria ser, por não ter dito o que deveria dizer, por não ter compreendido e por não ter correspondido -- ou, simplesmente, por ter sido trocado por outro, como se fôssemos uma blusa.
Há o choro sulfuroso, de ódio, que sai quente, amargo e rasgado, como co-expressão corporal da ira, e o choro falso, que tem na lágrima crocodiliana o fruto nauseabundo de alguma particular conveniência.
Tem o choro emotivo, singelo, quieto, que nasce de uma cena de filme ou da vida e que costuma passar num piscar de olhos, e o choro triste, mais forte, pesado e complexo, que só costuma cicatrizar com os muitos anos da vida, se não somente no nosso definitivo fechar de olhos.
Há o choro de dor, seja de dor doída ou de dor almada, sendo que este se mostra como quase uma sopa de todos os outros, podendo, inclusive, ser simplesmente uma fase anterior do angustiante desespero esgoelante. Dizem, até, que há o choro fisiológico, aquele que vem da cebola, da fumaça ou da pressão atmosférica e que a ciência médica consegue explicar.
E tem o choro de Pedro Oldoni ao final do jogo desta noite, contra o Vasco, que não se sabe até onde traduzia uma real frustração ou se revestia de conveniente dissimulação pelos dois gols estupidamente perdidos, que nos tiraram a vitória e que só Freud explica.


 

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

# milk e natália

E sobre a paixão de um grandioso amigo são-paulino -- radicado há quase uma vida em Curitiba --, por seu distante clube do coração...
fds
Era uma vez um guri branco, mas branco mesmo. Branco e sardento, que, a se parecer com uma barra de galak com flocos de arroz, era carinhosamente chamado pelos amigos simplesmente de Milk.
Milk tinha uma paixão: Natália, uma moça bela e formosa, a quem ele dedicava horas de contemplação diária.
Milk tinha um problema: desde a sua adolescência -- fase maior dos amores repentinos e não correspondidos --, nunca mais havia visto Natália, senão pela tevê, pelas revistas e, diante da sua imensa idolatria, até pelo rádio ele imaginava vê-la, pois a sua menina-dos-olhos morava em uma terra muito, muito distante.
Assim, zombado por todos pela paixão platônica que nutria a décadas, dava de ombros e sempre repetia: "pelo menos amo uma mulher linda". E isso era mesmo, embora diversas vozes jurassem-na um tanto quanto masculinizada.
E Milk seguia nessa toada, sempre a remexer nos seus arquivos para não deixar apagar de sua memória aquele único e inesquecível encontro com Natália, em 1981, na isolada oportunidade que teve de estar lado a lado com a sua musa inspiradora, ainda muito jovem, cujos atuais fios de cabelos brancos fazem tornar o espaço histórico-temporal ainda maior.
Após repetidas tentativas frustradas de estar com ela, a cada dia seguia ignorando mais a possibilidade de vê-la com os olhos vivos, o que, inconscientemente, o fazia aos poucos tirar as tantas flechas de cupido fincadas em seu coração.
E assim, essa virtualidade ia minando o seu corpo e a sua alma, ambos já cansados da galáctica separação.
Neste momento, melancólico e prestes a acompanhar mais uma vez a sua diva em um grande evento pela televisão, apoltrona-se com um pote de azeitonas e, envolto em todos os quadros e posters que possuía, nota que a rede aberta não irá transmitir o grande show, dando preferência a um mero jogo de futebol entre os dois maiores times nacionais. Lembra que não mais pagou a rede a cabo, pois juntaria o dinheiro poupado para um dia ir ao encontro de seu amor. E nota que não iria ver Natália nesse seu grande momento. Lembra de tantos desaforos e de tantos instantes de solidão e telepatia. Nota que foi um pato. Um pato albino.
E Milk decide mudar. Milk decide morrer.
fds

terça-feira, 28 de outubro de 2008

# o futuro da crise (ou, "não podemos ser cúmplices")


Há uns dias atrás, várias pessoas de diversos países e de diferentes posições políticas, subscreveram o texto abaixo reproduzido.
É uma chamada de atenção, um protesto, a expressão do alarme que se sente diante da crise, do seu andamento, das suas perspectivas e das mirabolantes saídas que se afiguram: "Não podemos ser cúmplices" -- disse José Saramago, um dos seus subscritores (v. aqui).

"A crise financeira aí está de novo destroçando as nossas economias, desferindo duros golpes nas nossas vidas.
Na última década, os seus abanões têm sido cada vez mais frequente e dramáticos. Ásia Oriental, Argentina, Turquia, Brasil, Rússia, a hecatombe da Nova Economia, provam que não se trata de acidentes conjunturais fortuitos que acontecem na superfície da vida económica mas que estão inscritos no próprio coração do sistema.
Essas rupturas, que acabaram produzindo uma contracção funesta da vida económica actual, com o argumento do desemprego e da generalização da desigualdade, assinalam a quebra do capitalismo financeiro e significam o definitivo ancilosamento da ordem económica mundial em que vivemos. Há, pois, que transformá-lo radicalmente.
Na entrevista com o presidente Bush, Durão Barroso, Presidente da Comissão Europeia, declarou que a presente crise deve conduzir a uma “nova ordem económica mundial”, o que é aceitável, se esta nova ordem se orientar pelos princípios democráticos – que nunca deveriam ter sido abandonados – da justiça, liberdade, igualdade e solidariedade.
As “leis do mercado” conduziram a uma situação caótica que levou a um “resgate” de milhares de milhões de dólares, de tal modo que “se privatizaram os ganhos e se nacionalizaram as perdas”. Encontraram ajuda para os culpados e não para as vítimas. Esta é uma ocasião única para redefinir o sistema económico mundial a favor da justiça social.
Não havia dinheiro para os fundos de combate à SIDA
[AIDS]
, nem de apoio para a alimentação no mundo… e, num autêntico turbilhão financeiro, acontece que havia fundos para que não se arruinassem aqueles mesmos que, favorecendo excessivamente as bolhas informáticas e imobiliárias, arruinaram o edifício económico mundial da “globalização”.
Por isto é totalmente errado que o Presidente Sarkozy tenha falado sobre a realização de todos estes esforços a cargo dos contribuintes “para um novo capitalismo”!… e que o Presidente Bush, como dele seria de esperar, tenha concordado que deve salvaguardar-se “a liberdade de mercado” (sem que desapareçam os subsídios agrícolas!)…
Não: agora devemos ser resgatados, os cidadãos, favorecendo com rapidez e valentia a transição de uma economia de guerra para uma economia de desenvolvimento global, em que essa vergonha colectiva do investimento de três mil milhões de dólares por dia em armas, ao mesmo tempo que morrem de fome mais de 60 mil pessoas, seja superada. Uma economia de desenvolvimento que elimine a abusiva exploração dos recursos naturais que tem lugar na actualidade (petróleo, gás, minerais, carvão) e que faça com que se apliquem normas vigiadas por uma Nações Unidas refundadas – que envolvam o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial “para a reconstrução e desenvolvimento” e a Organização Mundial de Comércio, que não seja um clube privado de nações, mas sim uma instituição da ONU – que disponham dos meios pessoais, humanos e técnicos necessários para exercer a sua autoridade jurídica e ética de forma eficaz.
Investimento nas energias renováveis, na produção de alimentos (agricultura e aquicultura), na obtenção e condução de água, na saúde, educação, habitação… para que a “nova ordem económica” seja, por fim, democrática e beneficie as pessoas. O engano da globalização e da economia de mercado deve terminar! A sociedade civil já não será um espectador resignado e, se necessário for, utilizará todo o poder de cidadania que hoje, com as modernas tecnologias de comunicação, possui.
Novo capitalismo? Não! Chegou o momento da mudança à escala pública e individual.
Chegou o momento da justiça."


 

domingo, 26 de outubro de 2008

# quo vadis, huracán? (vii)

De hoje a dezembro, são 5 clubes -- Figueirense (34), Náutico (32), Portuguesa (32), Clube Atlético Paranaense (31) e Vasco (30) -- para 3 vagas, pois creio que o Fluminense não cai e o Ipatinga já caiu. Imaginem-se numa bolsa de valores ou num outro cassino qualquer, e façam as suas apostas.
Como a máxima de que o futebol é imprevisível mostra-se mesmo inquebrantável, a vitória contra o Cruzeiro permitiu-me ser mais racional (e menos emocional) com os prognósticos feitos (v. aqui) e, portanto, passo a reconfigurar os meus presságios, a expor o seguinte resultado final, a ser definido mesmo somente no photo- chart: Clube Atlético Paranaense (42) e Náutico (41) ficam, e Vasco (40), Figueirense (40) e Portuguesa (37) caem, junto com o Ipatinga.

rodada 32: VAS X CAP 1 / INT X NAU 0 / FIG X FLU 1 / POR X IPA 1
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rodada 33: CAP X SPO 3 / NAU X VIT 3 / FLU X VAS 1 / GRE X FIG 0 / FLA X POR 0
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rodada 34: FIG X CAP 1 / COR X NAU 1 / VAS X SAN 1 / POR X SÃO 0
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rodada 35: CAP X VIT 3 / NAU X CRU 0 / ATL X VAS 1 / SÃO X FIG 0 / FLU X POR 0
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rodada 36: BOT X CAP 0 / FIG X NAU 1 / VAS X SÃO 1 / POR X GOI 1
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rodada 37: NAU X CAP 3N / COR X VAS 3 / BOT X FIG 0 / POR X SPO 3
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rodada 38: CAP X FLA 3 / SAN X NAU 1 / VAS X VIT 3 / FIG X INT 3 / CRU X POR 0

# quo vadis, huracán? (vi)

Sublimação rima com superação, que nada têm a ver com sublime.
Porém, tudo isso juntou-se no spettacolo deste último sábado, quando o Atlético, quase lanterna, venceu o Cruzeiro, quase líder, e fez recrudescer a esperança de nos manter na primeira divisão.
E essa excelsa e purificadora vitória fez-se sob os ombros e as pernas da raça pura, da mística raça do futebol.
Fez-se com Valencia, um colombiano negro de sangue rubro, um monstro que ocupou cada milímetro do relvado, que cobriu cada espaço tático da equipa, que correu, que marcou e que lançou, insensantemente. Que quando precisou peitar, peitou; que quando precisou berrar, berrou; que quando precisou chutar, chutou -- e acreditem: se precisasse voar, voaria. Enfim, envergou nas chuteiras toda a vontade, toda a força e todo o desespero da torcida para assumir, em definitivo, o papel de nosso "porta-fé" em campo.
Se fosse Nelson Rodrigues, o volante rubro-negro seria o "Meu Personagem da Semana". Ou melhor: doravante ele é o nosso "Príncipe Etíope".

sábado, 25 de outubro de 2008

# e assim caminha a "humanidade" (iv)


Enquanto isso, no fervor da campanha presidencial estadunidense, eis o novo mote da campanha do candidato "republicano" John McCain -- o nonno batata-fritas sucessor de Bush Jr. --, que pretende com tal insulto desqualificar -- sim, é isso mesmo... -- o candidato democrata Barack Obama e finalmente dar uma reviravolta nas eleições:

- "Obama é um socialista!" (v. aqui e aqui)



sexta-feira, 24 de outubro de 2008

# o presente da crise (ou, na mídia golpista, "estatização" não é "estatização")

Mais uma vez, pontual e cirúrgico o texto do jornalista Paulo Henrique Amorim (v. aqui) acerca do preconceito e da bovina estupidez -- como asseverava Nelson Rodrigues -- da mídia nativa sobre a imperiosa necessidade de nosso Estado, nosso mercado e nossa sociedades reverem os seus conceitos (de "Estado", de "mercado" e de "sociedade"):

- "What's in a name? That which we call a rose by any other name would smell as sweet." ("O que há numa palavra ? Se chamássemos a rosa de qualquer outro nome, ela continuaria a ser doce, do mesmo jeito [sic]). Diz Julieta a Romeu.
- O que há em "estatização"? Por que o PiG se recusava a falar em "estatização", quando a Inglaterra de Gordon Brown e os Estados Unidos de Henry Paulson decidiram criar as condições para fazer uma estatização parcial e temporária dos bancos ?
- O PiG
[partido da imprensa golpista] não falava em "estatização". Falava em "injeção", em "capitalização" dos bancos. Quando era na Inglaterra e nos Estados Unidos, "estatização" era uma palavra maldita, porque os nossos provincianos neoliberais se recusavam a admitir a hipótese de ainda haver espaço para algum tipo de "estatização" em sociedades capitalistas maduras. Agora, quando o Governo brasileiro faz a mesmíssima coisa, e abre espaço para uma "estatização" temporária e parcial, o PiG está uma fera.
- A Miriam Leitão
[uma das porta-vozes oficiais da podre mídia golpista] bufa: "A Medida Provisória de hoje aumenta muito o risco no Brasil. O risco de o Banco do Brasil e a Caixa serem usadas de forma indevida para que, aproveitando-se da crise, o governo aumente a estatização por motivos ideológicos. Porque o atual governo acredita em estatizar".
- E tem mais: a Miriam Leitão, aflitíssima com o avanço do comunismo fala em "paranóia" do Governo; em "aventura". Quer dizer que a "estatização" de Brown e Paulson é uma "injeção" e a "estatização" brasileira é movida por uma "ideologia exótica", como diziam os militares.
- "What is in a name"? No emprego da palavra "estatizar" se verifica, nessas plagas tropicais, dominadas pelo obscurantismo de um jornalismo de quinta categoria, todo o peso do preconceito.
- "Estatizar" é o que faria Lord Keynes, para salvar o capitalismo.

# quo vadis, huracán? (v)

Assusta-me a equipa armada pelo (mediano) técnico Geninho para o proxímo jogo do Atlético, o primeiro (!?) da via crucis de outros sete que definirá a queda ou a permanência na primeira divisão.
Já disse outrora que, embora tudo me desminta -- e, no fundo, no fundo, saiba ser mais uma inglória esperança apaixonada a uma melancólica consciência racional --, hay camino. Originariamente, acreditava em 44 pontos (v. aqui), hoje somente são possíveis 43 -- já que não empatamos com o Fluminense -- e, diante dos últimos fatos, se for possível uma segunda chance no prognóstico, acredito (e rezo) nos 42, pois não acredito mais no empate contra o Náutico, lá em Recife.
Mas volto ao meu temor diante da escalação: um meio-campo com apenas 1 marcador, ainda que na forma de 3-5-2... acho que não. Não, não dá, ou parece que não dará, para jogar contra um dos quatro melhores escretes do campeonato com Valencia, Rodriguinho, Julio dos Santos, Ferreira e Netinho, e só aquele primeiro para marcar -- pois, não nos iludanmos, o resto só cerca e, levemente, bufa.
Temos que vencer? Claro. Mas assim voltaremos a ficar extremamente vulneráveis, podendo acontecer o que aconteceu naquele último fatídico sábado, quando, em casa, levamos um chocolate do Fluminense (1 x 4), cuja formação afirmava, já antes do jogo, não ser a ideal e que o empate seria um excelente resultado.
Porém -- e acredito que fora sob esses primas que o selecionar rubro-negro pensou --, o jogo de amanhã não é confronto direto e é contra o quase-líder da competição, fatores que valeriam a pena ir com tudo, já que boa parte dos nossos outros concorrentes também terão escassas chances de sucesso contra o Cruzeiro.
Em todos os casos, lá estaremos, com muita fé, um terço na mão, fotos de maomé e shiva em cada bolso, fazendo cosquinha na barriga do buda e espetando um vudu de raposa.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

# antifahrenheit 451 (ii)


O Superior Tribunal de Justiça, atendendo a pedido do Ministério Público Federal (MPF), determinou a abertura de inquérito judicial a fim de apurar crimes de "formação de quadrilha", "corrupção ativa e passiva", de "lavagem de dinheiro" e "crimes contra a administração pública" que envolvem, além de empresários da área de exploração de jogos eletrônicos -- os famosos "bingos" e "caça-níqueis" --, o Desembargador Federal Edgard Antônio Lippmann Júnior (citado nos autos como E A L J) e um procurador da República -- v. aqui.

A acusação do MPF é de que, entre tantos outros fatos criminosos, há indícios de "pagamentos de valores em dinheiro" tanto para o desembargador que tomou decisões em favor da reabertura da casa de bingo "Monte Carlo Entretenimento", em Curitiba -- inclusive asseverando que os valores ou parte deles, provenientes de crime contra a Administração Pública, foram utilizados por ele para aquisição de imóveis em nome de sua atual esposa --, como para o procurador federal que encaminhou os pedidos ao desembargador.

O inquérito judicial tramitará em segredo de justiça, mas, paralelamente a isso tudo, parece fácil saber a razão do Governador do Estado do Paraná, Roberto Requião, merecer tamanho ódio do citado magistrado -- como, v.g., na sua insistência em promover a censura prévia de Requião -- , na medida em que o Governador sempre fora contra a maneira como tais "jogos" -- na verdade antros de lavagem de capitais -- eram regulamentados e autorizados no país, inclusive, à sua época, liderando o Senado Federal na apuração e divulgação de denúncias e maracutaias envolvendo bingos, bingueiros e autoridades do Legislativo e do Judiciário.



# quo vadis, huracán? (iv)

Enquanto o MEU CHAPA FUTEBOL E REGATAS aguarda concentrado (no bar mais perto) a decisão de São Pedro para ver se entrará em campo neste sábado, pela terceira rodada da Copa OAB, o Clube Atlético Paranaense apela para São Longuinho, para ver se se acha, para São Expedito, para ver se a causa deixa de ser perdida, para São Judas Tadeu, para ver se acha acalento neste enorme desespero, para São Jorge, na expectativa de espantar os dragões (e as múmias, antas e bestas), para São Lucas, São Mateus, São Cosme, São Damião... e até para a Tenda do Pai Tinoco, fazendo força para que baixe o santo em meia-dúzia dos conhecidos e desconhecidos que entrarão em campo contra o Internacional, também neste sábado, pelo Brasileirão.
Pero yo no creo... a não ser em bruxas e milagres.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

# e assim caminha a humanidade (iii)


Enquanto isso, num agitado aniversário na quente noite desta terça-feira, de uma roda com vários interlocutores um deles dispara, bastante confiante:
 
- Não existe isso... assim é fácil ser de esquerda... carro, casa, tv, ternos... para mim é só hipocrisia... quero ver viver lá, na enxada e no lixo...
 
Poucos minutos depois, a conversa muda de lado, e um outro monta uma segunda tese, também muito confiante, mas talvez esquecido da primeira, esposada por seu par:
 
- Esses de esquerda são todos uns rancorosos... têm mesmo é inveja, cobiça... não vêem a hora de acumular, enriquecer, ter grana e luxo...
 
E eu, assim, no meu íntimo, acho graça deste "enorme" (?!) "dilema" (!?) que o conservadorismo das elites burguesa e política insiste em propalar como a grande verdade, mas que, na verdade, não passa de uma séria, equídea e contagiante estupidez – a "cegueira branca" de José Saramago.

Ou de uma crapulosa sacada para desfocar a essência real do debate, sempre a chegar num máximo denominador comum cuja única saída seria à direita, pois:

(i) se o rico é de esquerda, trata-se de um demagogo, um poço de hipocrisia, uma ilha mendaz cercada de boas (e falsas) intenções por todos os lados... afinal, "viver é ter"; e

(ii) se o pobre é de esquerda, ah... então não passa de um baita invejoso, um mísero coitado que sonha em babar e gozar nas vísceras do capitalismo... afinal "viver é consumir".

Por isso, e para evitar as imprescindíveis – mas ali certamente estéreis – discussões de ordem filosófica, sociológica, histórica, política, econômica ou cristã que o tema demanda, voltou-me a falar com meus botões, tão consternados quanto eu.

 

terça-feira, 14 de outubro de 2008

# o pretérito mais-que-perfeito da crise (ou, o mercado como divindade está morto)

"(...) L'autorégulation pour régler tous les problèmes, c'est fini. Le laissez-faire, c'est fini. Le marché qui a toujours raison, c'est fini".
Assim, como já meio-mundo, disse o presidente francês Nicolas Sarkozy (um outrora -- ?! -- conservador e neoliberal assumido), ao também entender que o mercado onisciente e onipotente e todo livre, leve e solto precisa acabar, morrer, espatifar-se, como agora aconteceu (v. aqui)
Porém, alto aí cara-pálida: ulula o fato, óbvio, de que este monstro nascido no pós-Guerra, criado pelos desafetos keynesianistas e endeusado pela dupla Thatcher-Reagan tem 7 vidas, razão pela qual, agora, que soem apenas os primeiros acordes da marcha fúnebre, a clássica, a de Chopin! Aleluia, aleluia, aleluia!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

# estatização salva o capitalismo e dá um nobel

E o liberal -- numa acepção keynesiana -- Paul Krugman, aquele mesmo que há tempos ensina que a "estatização" (!) do sistema financeiro e bancário é a solução para salvar (?!) o capitalismo desta sua mais recente crise, acaba de ganhar o Prêmio Nobel de Economia (aqui).
Desse jeito, a escatofágica mídia golpista -- crente que "só o neoliberalismo salva" -- vai à loucura...

domingo, 12 de outubro de 2008

# quo vadis, huracán? (iii)

Não precisa Freud para explicar: o que nutre a possível volta do sintomático sentimento de "vira-lata" do rubro-negro é uma impotente vergonha causada por uma diretoria inábil, incompetente (e, quiçá, mafiosa), que não se preocupou -- agindo com culpa -- e não quis -- já com dolo -- montar um time minimamente decente para 2008.
Não se engane: este spettacolo dantesco já vinha se desenhando há tempos, desde que, capitaneados pelo "sobrenatural de almeida", fomos vice-campeões americanos com um escrete medíocre, passando por um 2007 a duras penas (como as dos frangos levados pelo guarda-redes Mixirica) e, este ano, desbancando imoralmente o imortal furacão de 49, com uma fase de aparente -- porquanto débil e traiçoeira -- invencibilidade.
Na tardinha deste sábado, na Arena da Baixada, o que se viu não foi apenas uma pane individual, de um ou outro atleta, de um treinador ou de um dirigente. Antes fosse. Na verdade, infelizmente, tratou-se de um naufrágio coletivo, que está em vias de afogar toda a imensa e maior torcida do Paraná, e em especial os 20 mil sócio-torcedores insuspeitavelmente presentes em carne, osso e alma, pois, ali, sabe-se que quem ganha e perde as partidas é a alma, a nossa alma, que parece vir sendo engolida pelo imperador junto com as nossas 50 moedas.

P.S.: Pelo prognóstico dantes exposto (v. aqui), doravante só conseguiremos chegar a 43...

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

# e a mana voou

 
E a nossa Gio voou, para a América.
 
Muito mais que as suas roupas de lã, leva o nosso carinho – sempre de prontidão –, as nossas saudades – que, sabemos, é produto tipicamente nacional –, as nossas comidinhas – inovadoras, diferentes, esmeradas –, as nossas arrumações (e desarrumações) da casa, e, particularmente, leva as minhas conversas de cinema e de família, de vinícius e de tom, de história e de química...
 
Enfim, "leva-se", como uma amiga que jamais terei igual.
 
Por isso tudo, talvez, eu até fique um certo tempo mudo, ou, então, chame um mímico para dialogar (e me consolar, com uma caneca de chá...).
 
Mas, acho que não adianta, pois parecerão noites que não terão mais fim...
 
Lépida, sabemos que continuará a andar e a agradar a todos – e isso também nos fará muita falta, diariamente. Daqui, de longe, imagino você, saindo ao luar, com um cowboy, seu novo herói, que só fala inglês e que ambiciona te levar, para o altar, longe de nós seis.
 
Isso aqui, que hoje acontece maninha, me faz lembrar do passado (e da lojinha do "Seu Car"), em que combinávamos um futuro diferente do que aconteceu.
 
Agora, só espero que quando tudo isso acabar, você não pense em nunca mais voltar e que este (nem tão) faz-de-conta não termine assim, com você a sumir no mundo sem pelo menos nos avisar.
 
E, atente, um aviso sério, com certidão passada em cartório do Céu e assinado embaixo '”Deus” (e com firma reconhecida!). Porém, a despeito disso tudo – e da tristeza que não tem mais fim –, não se esqueça de que, pela nossa lei, a gente é obrigado a ser feliz.
 
Seja alhures, ali ou aqui, como hoje uma engenheira de petróleo, como ontem uma professorinha ou sempre como a maior tia de todos os netos que a nossa Casa venha a ter, seja feliz – e todas as noites rezaremos por isso.
 
Eu já fui: uma, duas vezes.
 
E peguei aqueles aviões.
 
E você tinha as suas razões.
 
Agora, é contigo.
 
Mas pode ir tranqüila, pois não direi nada, muito menos que te vi chorando.
 
Apenas te direi para ir com alegria, força e fé, e, para os da pesada, direi que você vai levando...
 
Assim, embora na verdade saibamos que, se puder, você vai ficando por lá, esperamos que, uns dias, mesmo não estando afoita, não esqueça de nos ligar, ainda que seja a cobrar:
 
- "É a Gio, da América..."
 
 

# quo vadis, huracán? (ii)

Com muita sorte (e até agora muito pouco juízo), os números e os resultados do Brasileirão continuam nos ajudando: Vasco, Figueira, Ipatinga e Náutico não venceram nesta rodada. Resta agora torcer para que o bom time do Fluminense -- que não cairá (!) -- não queira renascer contra nós e também para que o Flamengo, em casa, vença o horroroso Atlético Mineiro. E ponto.

Em tempo: a lista de artilheiros do CAP neste Campeonato Brasileiro entrega tudo, pois lá temos que Alan Bahia (6), Pedro Oldoni (5) e Danilo (3) são os goleadores do rubro-negro.... believe it or not!

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

# o futuro (do presente) da crise em cadeia


Antes que nos últimos dias os governos dos Estados Unidos e da Europa se pusessem a liberar dinheiro para salvar bancos e grandes empresas, em julho, Ignácio Ramonet, diretor do jornal "Le Monde Diplomatique", havia escrito o artigo "Las Tres Crisis", no qual asseverava que, "por vez primera en la historia económica moderna, tres crisis de gran amplitud -- financiera, energética, alimentaria -- están coincidiendo, confluyendo y combinándose. Cada una de ellas interactúa sobre las demás. Agravando así, de modo exponencial, el deterioro de la economía real".

Para Ramonet, um dos fundadores do Fórum Social Mundial, por mais que as autoridades atuem, o mundo está frente a um verdadeiro terremoto econômico de magnitude inédita, cujos efeitos sociais apenas começam a ser sentidos, podendo ser detonados com toda violência nos próximos meses -- "[l]o peor nunca es seguro y la numerología no es una ciencia exacta, pero el año 2009 bien podría parecerse a aquel nefasto 1929...”.

Ainda, lembra que no mundo de hoje até a agricultura se transformou em algo extremamente financeiro, sendo um momento definitivo para os Estados e os cidadãos del otro lado del río -- como já o começa a fazer a América Latina e o G-20 -- dizerem “¡Basta!” para este saldo deplorável "que deja un cuarto de siglo de neoliberalismo: tres venenosas crisis entrelazadas" (v. aqui).





quarta-feira, 8 de outubro de 2008

# antifahrenheit 451


Numa bastante suave esteira robinhoodiana, o Governo do Estado do Paraná encaminhou à Assembléia um anteprojeto de lei que reduz de 18% para 12% o ICMS de aproximadamente 95 mil itens de consumo popular em operações internas, de modo a reduzir substancialmente o preço final dos "produtos-salário", ou seja, o preço daqueles bens básicos e fundamentais que são adquiridos pelos trabalhadores e aposentados das classes C, D e E com o seu salário (alimentos, vestuário, produtos de higiene e medicamentos, fundamentalmente).
Por outro lado, para equilibrar a economia e não perder em arrecadação, passa a arrecadar proporcionalmente mais daquelas pessoas -- aquelas com poder aquisitivo mais alto -- que consomem e gastam mais, aumentando em 2% o ICMS de energia elétrica, gasolina, bebidas alcoólicas, fumo e comunicações.
Com essa desconcentração da tributação sobre os mais pobres, procura-se dar uma novo alento à reforma tributária nacional em estudo, a qual, para manter a arrecadação, não redistribui renda e não retira o imposto dos mais pobres, mantendo uma composição fiscal já notória: proporcionalmente, os mais ricos pagam muito menos.



# vendem-se vidas (globalização e intervenção estatal no acesso a medicamentos: perspectivas itinerantes face às patentes da indústria farmacêutica)

in Revista Brasileira de Direito Público (RBDP), n. 21 - 2008. (v. aqui)

terça-feira, 7 de outubro de 2008

# o presente da crise (ou, "relax, o estado te carrega!")

Do "The New York Times", Paul Krugman -- um liberal (!), por isso cito-o -- traz um conjunto de medidas para a solução da crise estadunidense e, dentre elas, está a reestatização, ainda que temporária, de bancos (e do sistema financeiro), nos moldes do que alguns países escandinavos fizeram no início dos anos 90. Ademais, sobre o pacotaço pré-natalino de 700 bilhões de dólares dado como ajuda aos bancos, aduz, in verbis, que "em essência, o dinheiro é do povo e do país. Se é para fazer uma intervenção, o povo tem que ganhar algo com isso. Ao dar dinheiro para instituições financeiras, deve sair com um pedaço delas. Ao colocar dinheiro, o governo deve tornar-se sócio. O governo não deve simplesmente comprar papéis ruins sem que os banqueiros sejam punidos. Deve assumir um pedaço. Tendo controle, capitalizando quem se meteu no buraco, aí deve vender parte dos papéis ruins, mas também parte dos bons. De outra forma, o povo assume a dívida e os incompetentes lavam as mãos com suas fortunas".

Na íntegra, leia o que escreveu o economista de Princeton em seus dois últimos artigos: "Edge of the Abyss" (aqui) e "Cash for Trash" (aqui).

domingo, 5 de outubro de 2008

# e assim caminha a "humanidade" (ii)


Enquanto isso, numa festa de casamento, entre idas e vindas ao bar, ao buffet e ao toilette...

09:12 pm. Primeiro interlocutor, segundo diálogo (ou, primeira conversa após os normais cumprimementos):
- Então, ganhando muito dinheiro?
Pensei em responder o que realmente penso sobre isso, sobre essa necessidade absurda da nossa sociedade em acumular para si, neste individualismo possessivo abjeto, na falta de cristianismo e de coletividade, na diuturna inquietação que tenho em ver poucos com tanto e tantos sem nada, no crime&pecado desse consumismo barato e desenfreado, nesta repugnância toda da peruagem, da luxuosidade e do exibicionismo etc. Porém, evito todo esse discurso – na certeza de que me acharia um grande babaca –, dou um sorriso dissimulado, um tapas às costas e saio. Vejo que ele me achou meio estranho...


10:57 pm. Segundo interlocutor, quarto diálogo (ou, três conversas depois...):
- Hein, mas daí, enchendo o c... de grana?
Olho o teto, conto até 3, um leve sorriso falaz, um leve tapa às costas e saí de novo, quieto. Ele foi outro que também não entendeu, meio que fechou a cara e olhou-me bem esquisito...


11:28 pm. Terceiro e Quarto interlocutores, após breves diálogos:
- Puta que pariu, é isso mesmo... – é o terceiro se dirigindo ao quarto –, trabalhar bastante, forrar o bolso e....
Interrompo-lhe, mostro-lhes meu copo de uísque vazio, dou um largo sorriso anojoso, sem tapas às costas e saio. Percebo uma reacionária indignação e quase me xingam pelo silêncio comprometedor. Sinto-me um et.


00:21 am. Quinto interlocutor, já no meio de uma vã conversa:
- Mas o negócio é esse: ganhar muita grana pra sossegar e curtir a vida!
- Claro! Eu quem diga!
– e assim, enfim, decidi responder. E continuei:

- Sabe como é: advogado é assim mesmo, rola muita grana... por exemplo: no criminal a gente defende traficante, político picareta, gente corrupta e empresário desonesto, e pega uma grana preta para tudo isso, sempre em nome de algo nebuloso e conveniente chamado "ampla e justa defesa"... no tributário, você sabe, é um bando de empresa que não quer pagar e quer desviar imposto – já que, você deve concordar, o Estado é um ladrão que só quer tirar dinheiro da gente –, e isso a gente chama de "elisão fiscal" ou "planejamento fiscal", dando outra embolsada forte ... no trabalhista, pô, a gente tem que defender a empresa seja como for, até o fim, pra evitar que o trabalhador lazarento, que ingressa em juízo para tentar receber o que lhe é de direito, logre êxito, pois, sabe como é, a empresa paga quase tudo por fora, explora um monte e não paga, essas coisas.... no cível, como essa cambada de consumidores vive enchendo o saco das empresas que defendo, a gente consegue também ser muito bem remunerado, evitando que elas paguem essas tantas indenizações que seriam devidas àqueles que são lesados... enfim, é assim... não tenho do que reclamar... e já viu, por aí vai... e com o tempo a gente também consegue um tráfico intenso com o tribunal, com a magistratura, e então as coisas ficam mais "facilitadas", como dizem por aí... um tezão... Ah, e agora, como estou a exercer a advocacia pública, é melhor ainda – e dou uma piscadela sarcástica, para então concluir:
Enfim, posso dizer que dá mesmo pra ganhar muita grana! Mas agora me dá licença que preciso ir ao banheiro.Vejo a cara maravilhada do sujeito. 
Ele me puxa, quer ouvir mais. Parecia ter ouvido uma das bachianasDá-me repetidos parabéns. Os seus olhos brilham e é só sorrisos. Acha-me o máximo. Porém, não lhe dou bola e saio, pois a pressa para ir ao banheiro é grande. 

Preciso vomitar.

sábado, 4 de outubro de 2008

# quo vadis, huracán?

Talvez não haja mais o que se falar do Clube Atlético Paranaense este ano. Com o pior time dos útimos 12 anos, podre fruto de um elenco horroroso montado por dirigentes incompetentes ou mafiosos, tudo de ruim aconteceu -- inclusive com aquela farsa que tirou do mágico e idílico furacão de 49 a grande marca --, ou, pior, ainda pode acontecer...
Em 26/10/2005, direto de Coimbra, premeditei a queda coxa, cujo trabalho de cabala mereceu no título a seguinte pergunta: “cai, cai balão?” (veja aqui, na sombra da mangueira imortal).
Hoje, porém, para nosso consolo, a realidade rubro-negra é (e será...) menos penosa, pois, diferente do que alguns dizem, "basta" vencermos os cinco jogos em casa -- contra Fluminense, Sport, Cruzeiro, Vitória e Flamengo -- para que continuemos na primeira divisão. Assim, o que vier fora de casa -- Inter, Botafogo e, em especial, os que serão possíveis de tomar dos co-desesperados Vasco, Figueirense e Náutico -- será lucro.
Mas, na real -- e já esperando uma reviravolta no nosso desempenho como visitante --, não creio nestes 15 pontos domésticos, e sim acredito no seguinte prognóstico: Fluminense (1), Sport (3), Cruzeiro (1), Vitória (3) e Flamengo (3), em casa, e Inter (0), Vasco (1), Figueirense (3), Botafogo (0) e Náutico (1), fora.
Ou seja, 44 pontos, número esse que deve servir como o limite para a casa não cair, haja vista que, afora os confrontos diretos, nossos adversários têm jogos muito mais difíceis. Amém.

# o pretérito perfeito da crise

Para explicar toda essa zorra -- na verdade um dominó que está (?) por pegar o nosso país, repousado no último nível trófico dessa cadeia alimentar-financeiro global --, há 30 anos já se cantava a ciranda (ou carrossel) da crise (que crise? ora, qualquer crise, já bem ao gosto da "imprensa" golpista nacional...). Assim, eis o que escreveu Chico Buarque, numa adaptação da obra de Bertold Brecht e Kurt Weill, com o título "O Malandro":

O malandro / Na dureza / Senta à mesa / Do café ---- Bebe um gole / De cachaça / Acha graça / E dá no pé
O garçom / No prejuízo / Sem sorriso / Sem freguês ---- De passagem / Pela caixa / Dá uma baixa / No português
O galego / Acha estranho / Que seu ganho / Tá um horror ---- Pega lápis / Soma os canos/Passa os danos / Pro distribuidor
Mas o frete / Vê que ao todo / Há engodo / Nos papéis ---- E pra cima / Do alambique / Dá trambique / De mil réis
O usineiro / Nessa luta / Grita(ponte que partiu) ---- Não é idiota / Trunca a nota / Lesa o Banco / Do Brasil
Nosso banco / Tá cotado / No mercado/Exterior ---- Então taxa / A cachaça / A um preço / Assutador
Mas os ianques / E seus tanques / Têm bem mais / O que fazer ---- E proíbem / Os soldados / Aliados / De beber
A cachaça / Tá parada/Rejeitada / No barril ---- O alambique / Tem chilique / Contra o Banco / Do Brasil
O usineiro / Faz barulho / Com orgulho / De produtor ---- Mas a sua / Raiva cega / Descarrega / No carregador
Este chega / Pro galego / Nega arrego / Cobra mais ---- A cachaça / Tá de graça / Mas o frete / Como é que faz?
O galego / Tá apertado / Pro seu lado / Não tá bom ---- Então deixa / Congelada / A mesada / Do garçom
O garçom vê / Um malandro / Sai gritando / Pega ladrão ---- E o malandro / Autuado / É julgado e condenado culpado pela situação.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

# o bruxo


Imperdível a próxima edição da "Carta Capital", que chega neste final de semana às melhores casas do ramo da nossa capital.
Pelo andar da carruagem, acho melhor corrermos já na primeira hora às bancas, antes que o supremo presidente mande recolher tudo...

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

# o presente, o passado e o futuro da crise em cadeia

# aforismo

Para ilustrar a missão e os desafios meuchapanses rumo ao título da Copinha, uma frase de Johan Cruijff, líder da "laranja mecânica" na Copa de 74, dias antes da decisão que acabou consagrando os imperdoáveis alemães ocidentais: "Duits kunnen niet van ons winnen, maar we kunnen wel van ze verliezen" ("os alemães não podem vencer-nos, mas nós podemos perder para eles").