quinta-feira, 29 de outubro de 2009

# aspas (xxvi)



Em formal visita da Organização Mundial da Saúde (OMS) à Cuba, a Diretora-Geral Margaret Chan traz a opinião da entidade sobre o sistema de saúde cubano (v. aqui).

Muita gente cortará os pulsos, ou falará que a cúpula da OMC recebe propina do governo cubano, que a Agência Reuteurs distorce as informações porque tem lucrativa parceria com o Granma, que toda a Diretoria da entidade passou todo o tempo embriagada de rum etc.

   "(...) Chan said she toured Cuban medical facilities and came away impressed with the communist-led island's health system, which provides free care to all Cubans.
   Citing its strong health indicators on such things as life expectancy and infant mortality, she said, 'in a country of this level of economic development, to be able to achieve those very good health indices is not easy'.
   Cuba, she said, 'has the right vision and the right direction. Health is a state policy and health is seen as a right of the people'."



# atleticanas (xxxiv)

Engana-se quem pensa que o Atlético, no jogo de ontem contra o também mediano Santos, deu tudo o que tinha para dar e mesmo assim empatou o jogo. Jogou mal, apenas, e por uma maior causa: Baier esteve cansado.

Com o esquema adotado por Lopes nas últimas três partidas -- um nítido 4-3-3, com uma linha de quatro zagueiros, dois volantes, o armador, dois pontas e um centroavante --, Baier sofre, sofre e sofre muito. E ontem deu claros sinais de cansaço, já pelos 35 do primeiro tempo. E não é para menos.

Por isso, para que o nosso cérebro e maestro consiga, com tranquilidade, pensar e correr por pelo menos 80 minutos, mostra-se tão importante que as três peças do ataque funcionem, e para tal creio que Lopes pareça já ter encontrado a solução: ter um centroavante que consiga e saiba prender a bola -- e Patrick fez isso muito bem, embora tenha que aprender a fazer gol -- e ter dois pontas que façam jogar o jogo e que não desperdicem tantas bolas -- como o de lua Wallyson e o insuportável lua cheia Alex Mineiro têm feito --, compondo as nossas pontas com Marcinho (pois, além de ter voltado a jogar bem, ser experiente e dividir as responsabilidades de liderança, é atacante e não meia, como quer ser) e Wesley (pois, além de vontade, tem a impressionante capacidade orgânica e tridimensional de estar em todos os lugares do campo ao mesmo tempo).

Sábado, diante do Avaí, teremos essa contra-prova.
fds

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

# a verde-e-rosa vai passar, e ficar

No último domingo a Estação Primeira de Mangueira finalmente elegeu o seu samba para o próximo Carnaval.
E, sensacional! Como à sombra da mangueira imortal previmos, dentre os dez sambas finalistas venceu o melhor, aquele por nós cantado e reproduzido em som e verso, e que tem tudo para ser o melhor samba-enredo de 2010: "Meu Coração é Verde e Rosa", de autoria de cinco jovens sambistas mangueirenses.
Entre aqui, em nossa bula "Estação Primeira", e ouça porque a Mangueira é, definitivamente, a "música do Brasil".
fds

sábado, 24 de outubro de 2009

# ah, pérfidos!

fdOVERTURE (19/10, segunda-feira): entra em vigência a nova taxação para as aplicações estrangeiras na Bovespa e em renda fixa, com o intuito de segurar a acentuada valorização do real frente ao dólar e diminuir o ingresso de capitais de risco (especulação pura).
fdPRIMEIRO ATO (20/10, terça-feira): "Bolsa despenca 2,88% no primeiro dia de pregão após a nova cobrança de IOF"... "Brasil anda na contramão e medida afastará os investidores"...
fdSEGUNDO ATO (23/10, sexta-feira): "Cobrança de IOF será inútil" ... "Medida não altera disposição do mercado" ...
fdCABALETTA: E com essas manchetes os jornais e portais do PiG esquizofrenicamente expõem e explicam a pontual, mas modesta, medida intervencionista do Ministério da Fazenda no mercado financeiro.
fd(silêncios)
fdBem, na verdade, fechadas as cortinas desta ária, eis abaixo o que quis cantar a cambalaente mídia.
fdComo na terça-feira a bolsa fechou em queda, após sucessivas e elevadas altas, a grande mídia não perdeu tempo e já estampou nas manchetes, com o respaldo dos "observadores técnicos", que o Governo Lula quer (e vai!) quebrar o Brasil, a começar pelas bolsas.
fdNão deu certo. Como quarta e quinta-feiras fecharam com razoáveis altas (próximo a 1%, na média) -- e já hoje também (0,40%), sublinhe-se --, o PiG teve que mudar o discurso, uma vez que a turma do mercado financeiro não se avexou com o imposto de 2% e continuou a participar do cassino nacional. E de pronto já veio uma outra alcatéia de "especialistas" dizer que a medida tributária é inócua e vazia.
fdOra, afinal de contas, a medida serve ou não serve para alguma coisa? Ou seja, se se cobra 2%, diminuindo-se o ingresso de dólar (e de capital especulativo) no Brasil e aumentando o nosso câmbio, o Governo é insensato e suicida; por outro lado, se se cobra 2% e nada acontece no mercado financeiro do Brasil, com a Bolsa em alta e a normal continuidade no ingresso da moeda estrangeira, sem alterar o câmbio, o Governo é fraco, tolo e incompetente.
fdE assim segue o baile: não importa a causa ou a consequência, a culpa, ao final, claro que é sempre do Estado (porém, no fundo, todos já sabem que no arranjado cassino das bolsas o perde-e-ganha é a regra do jogo, os altos-e-baixos são constantes e as mudanças diárias e hipnotizantes...).
fdsfds
P.S. Para acalmar, escute agora, na voz de Montserrat Caballé, trecho de "Ah, Perfido!", Op.65, de Ludwig van Beethoven. E deixe de dar ouvidos ao PiG.


sexta-feira, 23 de outubro de 2009

# camelo, agulha, foice e martelo


Na medida em que passa a ser politicamente incorreto ser de direita, ser conservador, ser neoliberal e ser qualquer outra coisa deste gênero -- como assim as últimas eleições, por quase todo o mundo (EUA, UE, América Latina), vem mostrando --, e como nenhum político quer ser assim rotulado -- ainda que todo o esquadrão e todos os pensamentos por trás e à sua volta não consigam negar isso --, pode escrever amigo leitor: (quase) todos os partidos e coligações, nas campanhas nacional e estaduais para as eleições do ano que vem, apresentarão os seus candidatos à (ou como de) esquerda; afinal, ser diferente disso é, digamos, inviável ou démodé.

Inclusive, acredito eu, faltará foice&martelo para tantos candidatos posarem junto, jurando serem comunistas -- ou algo assim -- desde criancinha. E José Serra será o primeiro!

Quem viver, verá!


quinta-feira, 22 de outubro de 2009

# et... phone... home

Embora às claras no "perfil" da bula, acolhe-se a sugestão. E eis aqui o virtual e imediato contato com este escrevinhador: zgava@hotmail.com.
fds

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

# legalizar: uma solução eficaz


fdsDiante da última bula sobre a matéria (v. aqui), diversos leitores criticam a nossa posição acerca da imprescindível discussão que o tema das drogas exige, cujo foco, à sombra da mangueira imortal, reside na pronta liberalização do seu comércio.

fdsDe primeira, brevemente rebatemos os dois argumentos mais presentes nos emails e que comumente aparecem para justificar a ordem proibicionista.
 
fds(1) Aumentar-se-ia muito os gastos em saúde publica, para curar e dar conta do "imenso" aumento no número de drogaditos. Ora, fiquem tranquilos: os gastos para tratar esses nossos doentes será muito, muito, mas muito menor do que os gastos do erário em segurança pública, especificamente no combate e na prevenção do narcotráfico e, também, do tráfico de armas, cujo imponente arsenal, na sua quase totalidade, serve para abastecer o mercado das drogas. Isso sem falar dos gastos sociais que o Estado tem, diante das tantas famílias que se veem dizimadas pelas guerras civis e pela violência urbana. Ademais, a própria (e elevadíssima) tributação a ser criada em toda a cadeia produtiva desses produtos financiariam tais despesas.
 
fds(2) Teríamos milhares de Amsterdans espalhadas pelo Brasil. Ora, nem na própria Amsterdam isso é tão amsterdam assim, basta lá conferir, sendo hoje o país da UE com os menore índices de consumo de drogas leves entre os jovens -- e tanto é verdade que diversos países europeus já caminham entre a descriminalização do uso-posse-consumo da lei portuguesa e a ultraliberalização da lei holandesa, enquanto a União Européia já estuda formas de trazer a matéria em diretivas comunitárias. Ademais, o óbvio ululante: (a) seriam impostos limites horários e geográficos para o uso -- como se faz para o cigarro e o álcool; (b) seria criada uma severa fiscalização no seu uso e na forma deste uso -- como se faz para o álcool e para o cigarro; e (c) seriam intensificados e aperfeiçoados os instrumentos para prevenção, para não uso e para o uso "com moderação" -- como urbi et orbi faz-se com o álcool e com o cigarro. Tal argumento, portanto, reveste-se de muito preconceito -- haja vista o caráter não-social destas drogas diantes das outras drogas populares (álcool e tabaco) -- e pouca ciência.

fdsConcordo, apenas, que essa liberalização do comércio lograria êxito muito mais certo se praticada em larga escala mundial, sem, portanto, as imperfeições que adviriam na hipótese de grandes centros fechados a tais produtos.
fds
 

# cientistas fora do ninho

fdsSublinha a Carta Maior (v. aqui): três importantes cientistas que recentemente fizeram parte de gestões públicas tucanas -- todos, dentre outros cargos, foram ministros de FHC -- vêm a público dizer algumas verdades, indizíveis para a maioria daquela gente tosca da oposição, que tão-somente quer de volta aquele velho Brasil.
fdsPrimeiro foi o físico José Goldemberg, que em artigo publicado no Estadão (19-10) saiu em defesa da construção de hidrelétricas pelo governo Lula, objeto de críticas estridentes de uma gente que prefere esquecer os apagões de 2001 e 2002.
fdsDepois, na área da saúde, o respeitado cardiologista Adib Jatene vem intransigentemente defendendo a necessidade de um novo imposto, capaz de mitigar o estrago causado à saúde pública pela revogação da CPMF, outro "grande" ato recente da oposição demo-tucana, a reboque do grande capital.
fdsE, por fim -- e mais surpreendentemente --, o economista Luiz Carlos Bresser Pereira, em artigo publicado na Folha (19/10), manifestou explicitamente o seu desagrado diante da cotidiana e ininterrupta demonização do MST articulada pela mídia e pela direita (em especial os ruralistas), agora por conta da derrubada de "laranjeiras" em terras públicas ocupadas por uma gigante do agronegócio.
fdsComo aduz o jornalista Saul Leblon, naquela mesma Carta, "o que essas manifestações parecem indicar é uma rebelião da inteligência – ainda que avessa ao PT – contra a a idiotização da agenda nacional", comportamento tal promovido e liderado por uma mídia que, de forma xiita, quer apenas defender os históricos interesses nacionais: o conservadorismo, as oligarquias, o latifúndio e o grande capital.
fdsÉ esta, em suma, a vontade da direita representada pelos demo-tucanos. A vontade, repita-se, de se recuperar aquele velho Brasil, muito fagueiro e nada justo.
fds

# no hay vuelta, hay camino!


fdsDomingo, outro país latinoamericano terá eleito o seu novo presidente, o Uruguai, levando às urnas aproximadamente 2 milhões de pessoas para escolher o novo comandante nacional.
fdsE o resultado já é quase barbada, pule de dez: a frente de esquerda, neste último mandato liderada por Tabaré Vazquez e que agora tem à frente o socialista e ex-guerrilheiro revolucionário José Mujica, será reeleita.
fdsPrimeiro representante da esquerda uruguaia a chegar ao poder, em 2005, a quebrar a centenária alternância dos tradicionais partidos Blanco (centro-direita) e Colorado (direita) no poder, o Governo Vázquez -- hoje com mais de 60% de aprovação -- executou cruciais reformas no Estado -- em especial nas áreas administrativa, tributária e trabalhista -- e promoveu grandes avanços nas políticas sociais, de saúde e de direitos humanos (v. aqui).
fdsCientistas políticos e intelectuais uruguaios asseveram que a quase certa transição de Tabaré para Mujica será marcada por um aprofundamento das mudança, com reformas mais substanciais nas questões agrária e de educação e com políticas públicas que consigam, crescentemente, mitigar as desigualdades sociais ainda tão presentes no Uruguai. Afinal, afirmam os especialistas, na rara hipótese de se acontecer o contrário, com o retorno dos grupos do centro-direita, certamente haverá um freio no processo de reformas, que tem a ver com uma volta ao passado e ao patrimonialismo na política (v. aqui).
fdsPortanto, mais uma vez é irrefragável o caminho e as escolhas tomadas pelos povos latino-americanos, os quais passam muito longe dos conservadores, dos oligarcas, dos neoliberais e da direita de outrora.
fdsE para desespero da nossa Casa-Grande, 2010 está aí e em terra brasilis espera-se que também não seja diferente.
fdsAleluia, aleluia!
fds

# 10 reais (os nossos...)

fdsHá alguns dias expusemos o nosso ponto-de-vista sobre a (quase nula) adesão de amigos ao projeto "Quem Ama, Abraça!", que visa à conservação e à manutenção do nosso orfanato "Lar André V. Corrêa" (v. aqui).
fdsBem, aquela bula tinha por foco "os outros"; cabe, agora, focar "os nossos", ou seja, aqueles que direta e cotidianamente estão envolvidos com a Fundação mantenedora do orfanato.
fdsEm nosso meio, devemos parar com aquele discurso vazio de que basta as pessoas doarem-se para a atividade solidária, fraterna e altruísta, de que as pessoas fazem isso porque querem ou por "voluntariedade", de que só a força de vontade e de trabalho de cada um é suficiente e de que cada um tem o livre-arbítrio para dar e doar o que e o quanto quiser etc.
fdsOra, ora! Temos uma obrigação moral, cristã e cidadã para agir isso. Temos e fomos agraciados com tanto -- ou com pelo muito mais do que os outros 90% da população -- e esse é o ponto-chave, o ponto-de-partida; logo, devemos querer.
fdsA nossa ideia, portanto, baseia-se na tributação de cada um daqueles que ativamente trabalham na Fundação, cujos fundamentos, dentre outros, são os princípios da "isonomia" e da "justiça sócio-econômica".
fdsObjetivamente, como? Tome-se o carro de maior valor que cada um tem na garagem. E este servirá como base da alíquota, e então tributamos em x% cada um. E esse seria o valor mínimo a ser debitado da nossa fatura da Copel. Absolutamente certo, justo e necessário. Sem demagogias e hipocrisias. E assim acabamos com os subjetivismos e as (falsas ou dissimuladas) vontades de cada um, afinal, se a nossa gente "pode" (e "quer") ter um bem desse, deve também "poder" e "querer" dar um contribuição para o nosso Orfanato com base nas suas condições financeiras, no caso o veículo, prova cabal (ou merecida) da sua capacidade contributiva.
fdsÉ a mais explícita e objetiva tradução fática das tais solidariedade e fraternidade. E da igualdade aristotélica e cristã.
fds

terça-feira, 20 de outubro de 2009

# música d'alma


E eis que, somente agora, estréia no Brasil o excelente e multipremiado filme "Fados", do cineasta espanhol Carlos Saura, cujo trailer você pode assistir abaixo.
 
Remete-me, pois sim, àquela da qual são trazidos os clássicos, vividos e saudosos versos que dizem: "Coimbra tem mais encanto / Na hora da despedida / E as lágrimas do meu pranto / São a luz que lhe dá vida".
fds
fd

s

# e assim caminha a humanidade (xiv)


fdsEnquanto isso, numa interminável (e produtiva) sessão clínica de recuperação cirúrgica, dá-se início ao festival de bestas&asnos brados, protagonizados por muitos dos presentes naquela (quase) ampla sala, cada qual a seu momento e por vezes todos juntos e misturados:
fds- A solução pra esse negócio no Rio é subir e matar todo mundo! É o único jeito! Um bando de vagabundo!
fds- 'Tá certo!! Essa gurizada toda que fica se vendendo pro tráfico! Não presta! Ao invés de estudar e trabalhar ficam ali na grana fácil das drogas! Não tem jeito!
fds- É!!!! Põe tudo num paredão! E a família que pague a bala!! (sempre vem essas frases feitas e de impacto, sempre tolas e às vezes inéditas para alguns).
fds- Claro! E tem que matar essa turminha toda que fica aí a enrolar um baseado e a consumir! Eles é que compram!!
fds- Sem dúvida! Quem consome e quem vende deve pagar! E tem que queimar todas aquela favelada (sic)!!
fds- Sim!! Não tem jeito mesmo! Essa bandidagem, cambada de vagabundos! E esses riquinhos! Essas luluzinhas e esses bolinhas!!
fds- É, não tem jeito esse povo! Esses políticos todos canalhas!! Só resta mesmo alugar este país!! (outra daquelas frases, sem nexo...)
fds- Bravo! Bravo! Bravo! (uivos e aplausos em uníssono)
fds- Iupi! Iehhhh! Uau! (onomatopeias múltiplas).
fdsPasmo. A estupidez quase generalizada -- afinal outras duas pessoas também fingem não compreender a língua que ali se falava e quedam-se silentes -- dessa (grande) fatia da população é mesmo incrivelmente avassaladora, pois parece levar de arrasto toda a gente, que não pensa e só tem (pre)conceitos.
fdsNa verdade, tem-se do tema que uma (re-)regulação do assunto já se faz inevitável e imprescindível -- à sombra da mangueira imortal, pelo menos por duas vezes, já nos manifestamos em duas bulas: "Terras de Souza Cruz" (v. aqui) e "Cannabis, uma erva natural" (v. aqui). Já passa, portanto, da hora de um estudo sério e profundo do Estado acerca da liberalização de algumas das drogas -- ao menos aquelas correlatas ao fumo, sendo que aquele --, cujo papel seria interventor e, claro, fiscalizador.
fdsAfinal, eis este o mal maior que impera na violência urbana das nossas grandes cidades: nenhum negócio do mundo -- talvez, apenas, ser concessionária de rodovias estaduais ou ter qualquer monópolio privado -- oferece tantos lucros como o comércio de drogas. E os mais recentes números da Secretaria de Segurança Pública do Paraná revelam: cerca de 95% dos assassinatos cometidos na cidade tem relação direta com o tráfico de drogas, seja pela disputa do ponto de venda, seja por dívidas deixadas por usuários (v. aqui).
fdsAssim, se não pela ética humana e pela moral cristã -- bem menos presentes neste mundo pós-moderno --, por que cargas d'água um jovem da periferia, mal educado, mal impressioando, mal aconselhado e mal rodeado, não arriscaria alguns anos na cadeia por um mundo de carrões, fantasias e mulheres -- tal qual o filhinho bacana de um papai corrupto ou sonegador --, o qual só a grana do narcotráfico seria capaz de lhe propiciar?
fdsComigo tenho a certeza de que uma nova legislação liberalizante é a única saída para um país que, pelo menos ao que parece, não está preocupado em querer alterar os paradigmas da sociedade e os fundamentos político-econômicos que a regem, como assim fazem aqueles Estados que não querem o sistema capitalista como o seu marco criador e redentor.
fdsfds

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

# o bloco e os sujos


fdsA sexta economia das Américas não salvará, por si, o Mercosul, abatido e ainda cambaleante por inúmeras razões; todavia, a sua recomposição com o ingresso da Venezuela certamente trará muitos mais benefícios, senão somente eles, ao Brasil e, maiormente, ao próprio bloco.
fdsPorém, a cegueira branca de grande parte dos nossos congressistas não permite aprovar o "Protocolo de Adesão" que autoriza -- como já o fez Argentina e Uruguai -- a entrada dessa terceira força sulamericana ao mais famoso bloco regional, cujo documento, desde quando foi enviado pelo Executivo (fev/07), rola de um lado para outro do Senado, por espúria e imprópria ação dos parlamentares demo-tucanos.
fdsAs resistências à adesão do país vizinho?
fdsHonestas, sob o ponto de vista geopolítico ou geoeconômico -- e afora um falacioso temor nas relações de comércio internacional, diante do modelo intervencionista venezuelano --, nenhuma.
fdsSubsistem, sim, mendazes razões que vêm tão-somente justificar o mais recôndito argumento, preconceituoso e estúpido: a crença no fato de que as únicas democracias válidas são aquelas conservadoras e à direita (ou, vá lá, num centro-direita).
fdsE, assim, teimam em pensar que existe um "modelo" de democracia, bem como se deixam imaginar que existe um "modelo" de revolução ou de construção socialista, certos de que as experiências soviética, cubana e chinesa são absolutamente definitivas, porquanto únicas.
fdsAfinal, ainda creem no fim da história.



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# atleticanas (xxxii)

O Atlético não ressurge para um campeonato; o Atlético ressurge, definitivamente, para a sua gente.
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Se Paulo Baier parece merecer uma estátua, Rafael Miranda e Valencia já fazem por merecer um dicéfalo busto, enquanto Manuel já se mostra digno de dispor os seus pés na nossa calçada da fama. E Antônio Lopes? Vai virar nome de rua, de praça, de estádio...
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Se não fosse o engodo Geninho e a estupidez da Diretoria, o Atlético poderia estar numa colocação muito diferente.
Os números, porquanto matemáticos, falam por si: se computados apenas os jogos pós-Lopes (ou seja, a partir da 16ª rodada), o Atlético seria vice-líder do campeonato, atrás apenas do São Paulo.
Poder-se-ia dizer que são números convenientemente arranjados, ardil que qualquer equipe poderia promover para se mostrar bem. Lego engano.
Com essa mesma matemática, ou seja, se com os mesmos números computados somente a partir da 16ª rodada -- a partir da qual já se transcorreu metade do campeonato --, percebe-se que nas últimas seis colocações estariam, em ordem: Náutico, Coritiba, Sport, Botafogo, Fluminense e Santo André, ou seja, os mesmos que ocupam as seis últimas colocações no certame (v. aqui).
Ora, fica claro que estes seis times, com ou sem as tantas mudanças que promoveram no elenco e na comissão técnica, e com qualquer que seja o recorte histórico que se queira fazer, continuariam lá embaixo, entre os últimos, apenas a tentar fugir da degola.
Por outro lado, da água para o vinho, o único que fez e aconteceu, a definitivamente mudar o seu jeito no campeonato, foi o Clube Atlético Paranaense. Por que será?
fds

sábado, 17 de outubro de 2009

# sid & vicious

fdUm dos históricos (e punks) momentos da justiça brasileira é trazido com o vídeo abaixo, que mostra uma das batalhas vencidas por Leonel Brizola na sua messiânica, viciosa e obstinada guerra contra os donos do poder e a grande mídia, nomeadamente a turma de Roberto Marinho (o verdadeiro Citizen Kane).
fdA empunhar a voz de maior porta-voz global, Cid não traz apenas as palavras, mas consegue mostrar toda a alma de Brizola, que se faz, como sempre, carregada com um dos tantos sadios vícios que acometia a este grande político brasileiro: mostrar às claras quem é -- e foi -- e o que quer -- e sempre quis -- a Rede Globo (e, nas entrelinhas, o grupo Abril, Folha, Estadão...).
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fds

# atleticanas (xxxi)

Pelo que informam os setoristas do clube, tudo indica que para o jogo de amanhã Antonio Lopes armará um novo esquema. Vai num 4-3-3, à moda antiga, com uma linha de 4 zagueiros, Valencia e Rafael Miranda como volantes, Baier na armação e, no ataque, dois pontas (Wesley e Wallyson) e um centroavante (Alex Mineiro).
Dará certo? É possível, pois continua a privilegiar o sistema defensivo (6 jogadores), mas arma de um jeito pouco convencional o time na frente, a conseguir explorar as melhores qualidades e características da dulpa WW. O problema, será isolar e sobrecarregar Paulo Baier como o único criador (mas isso é e será sempre assim...).
Na verdade, entendo que o grande e maior problema será saber se Alex tem ainda mínimas condições de jogar uma partida oficial num nível profissional, pois, ao que tudo até agora indica, parece que não. E então será o seu canto do cisne, que ecoará o clamor pela volta de Patrick (para manter o esquema) ou de Marcinho (e voltar para o fourfourtwo em ferrolho ou aquele catenaccio lopeano).
fds

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

# aspas (xxv)



Na contramão dos urubus de plantão, das ratazanas de sempre e das bestas que enxergam a maior política de transferência condicional de renda do mundo como esmola, como bolsa-vagabundo, como ineficiente, como bolsa-preguiça ou como compra de voto, abaixo há a última notícia trazida pela "BBC Brasil" (v. aqui).

Todavia, certamente isso não interessa aos topetudos urubus, às enfeitadas ratazanas e às gordas ou esbeltas bestas que enxergam esse programa (e o nosso problema da fome) como coisa de gentalha, algo no qual o Estado não deveria se imiscuir, coisa a ser resolvida pela libertina liberalidade do mercado.

Preocupação como essa? Ora, pensa aquela fauna, isso é coisa daquela gente barbada que não quer simplesmente comer. Quer comer criancinha.
 
   "O Brasil é líder no combate à fome entre os países em desenvolvimento, de acordo com um ranking elaborado pela ONG 'Action Aid' e publicado nesta sexta-feira para marcar o Dia Mundial da Alimentação. Segundo o documento, o país demonstra 'o que pode ser atingido quando o Estado tem recursos e boa vontade para combater a fome'.
   A lista foi elaborada a partir de pesquisas sobre as políticas sociais contra a fome em governos de 50 países. A partir da análise, a ONG preparou dois rankings – um com os países em desenvolvimento, onde o Brasil aparece em 1º lugar, e o outro com os países desenvolvidos, liderado por Luxemburgo. (...)
   Segundo a diretora de políticas da Action Aid, Anne Jellema, 'é o papel do Estado e não o nível de riqueza que determina o progresso em relação à fome'.
O documento elogia os esforços do governo brasileiro em adotar programas sociais para lidar com o problema da fome no país e destaca os programas Bolsa Família e Fome Zero.
   Diz o Relatório que 'o Fome Zero lançou um pacote impressionante de políticas para lidar com a fome – incluindo transferências de dinheiro, bancos de alimentação e cozinhas comunitárias –, atingindo mais de 44 milhões de brasileiros famintos e ajudando a reduzir a subnutrição infantil em 73%'
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   A ONG afirma ainda que o Brasil é 'exemplar'
no exercício do direito ao alimento e cita a Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (Losan 2006) e o Ministério do Combate à Fome como medidas de que exemplificam que o direito à alimentação está sendo cada vez mais reconhecido como direito fundamental.
   Apesar do aspecto positivo, a ONG afirma que o Brasil ainda tem áreas em que pode melhorar e cita o desafio de incluir os trabalhadores sem terra e pequenos agricultores nos progrmas sociais de alimentação."






 

# atleticanas (xxx)

Um número salta aos olhos: o Atlético, nas últimas 14 rodadas -- ou seja, desde que Antônio Lopes assumiu o comando --, tem a melhor defesa do campeonato.
Sim, é o time que menos sofreu gols e deixa para trás uma média, a.L., de quase dois gols contra por jogo, passando a ter o melhor desempenho dentre todos da Série A.
Enquanto isso, continuamos com o segundo pior ataque do campeonato, condição que nada mudou com o novo comandante.
Diante disso, como jogar contra o rebaixado em potencial Santo André? Digo na lata: num 4-4-2, no mesmo ferrolho à italiana que se mostra exitoso, afinal, nesse tão nivelado campeonato, o empate contra um concorrente direto -- seja onde for! -- é um negócio muito melhor para nós, que estamos sete pontos à frente, do que para eles, razão pela qual o time paulista se obrigará a, minimamente, sair para o jogo.
E então será como tirar doce da mão de criança.
fdsds
NOTA EXPLICATIVA: uma coisa é jogar como timinho, que apenas sonha em arrancar 1 ponto e para isso fica cagado lá atrás, sem pensar, sem agir, sem nada, e que joga feio em si, como fim; outra coisa, muito diferente, é ter consciência técnico-tática e armar a equipe à italiana -- no 4-4-2 ou num outro que se tem inventado, a misturar várzea e catenaccio --, com elenco, regulamento e tabela embaixo do braço e que joga o feio como meio. E é nessa segunda forma de jogar que atua o Atlético de Antônio Lopes, como único jeito possível.
fds

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

# antifahrenheit 451 (xvi)

fdsO Governo do Paraná acaba de pôr em prática o "Programa Bom Emprego Pequena Empresa" (Probem) e o Banco Social.
fdsCom taxas de juros bem abaixo dos de mercado, as novas linhas de financiamento são voltadas para micro e pequenas empresas e têm como mote a geração e manutenção de empregos.
fdsPara o Probem, por exemplo, o Estado destinou recursos que têm subvenção de 5% ao ano e que significam a diminuição da taxa de juros de 12,9% para 7,9% ao ano. O crédito vale para empresas que efetivamente realizarem os investimentos previstos, mantiverem empregos e pagarem em dia as parcelas do empréstimo. O programa garante financiamento de R$ 10 mil a R$ 300 mil a empreendimentos com faturamento anual de até R$ 2,4 milhões, contribuintes de ICMS e enquadrados no Simples Nacional.
fdsJá para empreendedores informais e formais, de micro e pequeno portes, o "Banco Social" oferece três linhas de microcrédito: (i) empresas que estão começando as atividades podem emprestar entre R$ 300,00 e R$ 2 mil.; (ii) empreendimentos com até seis meses de funcionamento têm crédito de até R$ 5 mil; e (iii) empreendimentos formalizados conseguem até R$ 10 mil para ampliar um negócio. Neste primeiro momento, a taxa de juros mensais é de apenas 0,95% e o governador já determinou que este índice seja diminuído para 0,56% ao mês.
fdsEssa grande ação, portanto, não tem por fim financiar bens, mas visa a suprir o grande problema da maioria dos micro e pequeno empresários: emprestar dinheiro para compra de equipamentos e para capital de giro.
fdsÉ, portanto, o "microcrédito" que, ao lado da "agricultura familiar" e dos "cursos técnico-profissionalizantes", consistem na grande alavanca para o desenvolvimento e crescimento de renda da nossa gente.
fds

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

# cem coxas e um goleiro


Era 1985 e eu, de muita tenra idade, já era capaz de entender e saber o jogo, mas não o mundo-homem. Naquele, uma final de campeonato brasileiro, a inocente infância ainda impedia de, imaculada por quaisquer dos pecados capitais, sofrer na torcida pela desgraça da equipe que ali vestia verde-e-branco.

E eis que naquela noite e naquele palco, do primeiro ao 120° minuto da partida, pude acompanhar uma das mais espetaculares partidas feitas por um jogador em toda a minha vida.

Talvez motivado pelo recente passado em que ele esteve no amado clube, os meus olhos viam incrédulos um sujeito ter uma atuação fenomenal, deslumbrante, soberba.

A pegar tudo -- ou quase tudo, pois um estranho e despretensioso chute acabou entrando --, tornou-se o grande responsável pelo resultado final daquele jogo, cujo épico desempenho mostrava-se digno de lhe valer uma placa, um busto, uma estátua, afinal, não apenas gols deveriam merecê-los, mas a sua antítese, pela magnânima arte, também é-lhes credor.

Mais do que isso: parecia a encarnação de alguma divindade abençoada pelos supremos deuses das metas. Por cima, por baixo, ao longe, de perto, à direita, da esquerda, pelo centro, por trás, pela frente... os milagres deslumbravam a mim e a todo o estádio que contra ele torcia. Já era um mito eterno, impávido e colosso.

Num dos grandes goleiros que vi jogar, Rafael Camarota, as minhas homenagens aos coxas, neste pouco pródigo ano de centenário.
fds

# pecados da bola

dsfA inveja dos dinamarqueses, que comemoraram a difícil classificação à Copa do Mundo bebendo cerveja em grandes copos de vidro, em pleno estádio.
fdsA luxúria, contida pelo impotente prazer de não ter conseguido ver a insubstituível Argentina agonizando pelo risco da desclassificação.
fdsA gula da cúpula da FIFA, que para não perder os seus votos e a suas perenes bocas na máxima entidade do futebol, toscamente reconstrói o mapa -múndi da bola de forma a alijar da Copa tantas boas seleções europeias em prol de mais vagas para as seleções da Concaf, Ásia e África.
fdsA preguiça dos jogadores da seleção brasileira de futebol, ainda que a jogar na mesosfera.
fdsA avareza de Internacional e, principalmente, Goiás, que, diante de sucessivos fracassos e decepções, parecem poupar competência e dedicação e desprezar o título brasileiro.
fdsA ira dos coxinhas, recôndita, diante de mais um retumbante fracasso num ano sem ter nada, quando perde em casa para um time de bairro na antevéspera do centenário aniversário.
fdsE a vaidade (ou orgulho) que me acomete ao ver a inteligência, a perspicácia e a liderança de Antônio Lopes e Paulo Baier, dois grandes homens que comandam, dentro e fora do campo, o Clube Atlético Paranaense.
fds

# se outrora...


Claro que Manuel Zelaya não é alguém capaz de, minimamente, se comparar a Salvador Allende, a gigante torre chilena que sofreu um dos mais trágicos golpes da nuestra América Latina, um golpe que buscou acabar com o governo socialista -- o primeiro marxista na América do Sul -- que, pelo retumbante sucesso -- não obstante as enormes dificuldades --, já (re)contaminava todo um continente.

Porém, ao ver o que se passa em Honduras, a lembrança, amarga e memorável, daquele 11 de setembro de 1973 é inevitável -- como aqui já nos manifestamos. Intervenções externas para o bem -- como as diretamente impetradas pelo Brasil e pelos organismos internacionais --, felizmente não deixam mais a desgraça daquela história se repetir.

E assim, com os vídeos abaixo, você poderá ter uma noção do que poderia, se noutra época, ter ocorrido em Honduras.

Mostram o último pronunciamento de Salvador Allende, ao vivo para a Radio Magallanes, a poucos instantes da sua morte, de dentro do Palacio de La Moneda, o qual já era alvo de intensos bombardeios por parte dos golpistas (militares a mando da direita nativa e da CIA).

No discurso, Allende despedia-se do povo chileno e deixava as suas últimas lições para que não se deixasse de lutar por uma sociedade justa, igualitária e fraterna e um país soberano e livre.

 
fds
 
Seguramente ésta es la última oportunidad en que me pueda dirigir a ustedes. La Fuerza Aérea ha bombardeado las torres de radio Portales y radio Corporación.
Mis palabras no tienen amargura, sino decepción, y serán ellas el castigo moral para los que han traicionado el juramento que hicieron... soldados de Chile, comandantes en jefe titulares, el almirante Merino que se ha auto designado, más el señor Mendoza, general rastrero... que sólo ayer manifestara su fidelidad y lealtad al gobierno, también se ha nominado director general de Carabineros.
Ante estos hechos, sólo me cabe decirle a los trabajadores: ¡Yo no voy a renunciar!
Colocado en un trance histórico, pagaré con mi vida la lealtad del pueblo. Y les digo que tengo la certeza de que la semilla que entregáramos a la conciencia digna de miles y miles de chilenos no podrá ser segada definitivamente.
Tienen la fuerza, podrán avasallarnos, pero no se detienen los procesos sociales ni con el crimen... ni con la fuerza. La historia es nuestra y la hacen los pueblos.
Trabajadores de mi patria: Quiero agradecerles la lealtad que siempre tuvieron, la confianza que depositaron en un hombre que sólo fue intérprete de grandes anhelos de justicia, que empeñó su palabra en que respetaría la Constitución y la ley y así lo hizo.
En este momento definitivo, el último en que yo pueda dirigirme a ustedes, quiero que aprovechen la lección. El capital foráneo, el imperialismo, unido a la reacción, creó el clima para que las Fuerzas Armadas rompieran su tradición, la que les enseñara Schneider y que reafirmara el comandante Araya, víctimas del mismo sector social que hoy estará en sus casas, esperando con mano ajena reconquistar el poder para seguir defendiendo sus granjerías y sus privilegios.
Me dirijo, sobre todo, a la modesta mujer de nuestra tierra, a la campesina que creyó en nosotros; a la obrera que trabajó más, a la madre que supo de nuestra preocupación por los niños.
Me dirijo a los profesionales de la patria, a los profesionales patriotas, a los que hace días estuvieron trabajando contra la sedición auspiciada por los colegios profesionales, colegios de clase para defender también las ventajas que una sociedad capitalista da a unos pocos.
Me dirijo a la juventud, a aquellos que cantaron, entregaron su alegría y su espíritu de lucha.
Me dirijo al hombre de Chile, al obrero, al campesino, al intelectual, a aquellos que serán perseguidos... porque en nuestro país el fascismo ya estuvo hace muchas horas presente en los atentados terroristas, volando los puentes, cortando la línea férrea, destruyendo los oleoductos y los gasoductos, frente al silencio de los que tenían la obligación de proceder: estaban comprometidos. La historia los juzgará.
Seguramente radio Magallanes será acallada y el metal tranquilo de mi voz no llegará a ustedes. No importa, lo seguirán oyendo. Siempre estaré junto a ustedes. Por lo menos, mi recuerdo será el de un hombre digno que fue leal a la lealtad de los trabajadores. El pueblo debe defenderse, pero no sacrificarse. El pueblo no debe dejarse arrasar ni acribillar, pero tampoco puede humillarse.
 
Trabajadores de mi patria: tengo fe en Chile y su destino. Superarán otros hombres este momento gris y amargo, donde la traición, pretende imponerse. Sigan ustedes sabiendo que, mucho más temprano que tarde, de nuevo se abrirán las grandes alamedas por donde pase el hombre libre, para construir una sociedad mejor.

¡Viva Chile! ¡Viva el pueblo! ¡Vivan los trabajadores!

Estas son mis últimas palabras y tengo la certeza de que mi sacrificio no será en vano. Tengo la certeza de que, por lo menos, habrá una lección moral que castigará la felonía, la cobardía y la traición”.
 
 
 
 

sábado, 10 de outubro de 2009

# estação primeira

fdsNo Macuco (v. aqui), lembrou-se de ratificar o samba-enredo eleito pela Vila Isabel (e de Noel -- ele, v. aqui) para o Carnaval 2010, de autoria do Martinho, o que nos fez, à sombra da mangueira imortal, conferir o que está a se passar na grande Estação Primeira.
fdsE vimos que se está na finalíssima, com agora apenas cinco sambas-enredo a concorrer. Vai lá, ouça, opine e orgulhe-se (v. aqui).
fdsA "bula da bola" avia esse, o melhor, espetacular, e que tem tudo para ser o melhor do ano:
fds

"MANGUEIRA É MÚSICA DO BRASIL"

MEU CORAÇÃO, É VERDE E ROSA / DESCENDO O MORRO, EU VOU / A MÚSICA, ALEGRIA DO POVO / CHEGOU, A MANGUEIRA CHEGOU.
“VAI PASSAR” / NESSA AVENIDA MAIS UM SAMBA POPULAR / MANGUEIRA ATÉ “PARECE UM CÉU NO CHÃO” / É MÚSICA VESTIDA DE EMOÇÃO / COM NOTAS E ACORDES REFLETIU / EM SUAS CORES O ORGULHO DO BRASIL / NAS ONDAS DO RÁDIO, / DE NORTE A SUL VIAJEI COM A MELODIA... / VAI, MINHA INSPIRAÇÃO / “NUM DOCE BALANÇO A CAMINHO DO MAR” / VEM ME TRAZER A CANÇÃO / PRO MUNDO SE ENCANTAR.
“CORRA E OLHE O CÉU” EM VERDE E ROSA / BRILHAM AS ESTRELAS IMORTAIS / “BATE OUTRA VEZ” UMA SAUDADE / LEMBRO DOS ANTIGOS CARNAVAIS.
UM VERSO ME LEVOU / DO ROCK À JOVEM GUARDA / FUI “CAMINHANDO E CANTANDO” AO LUAR / “COM A TROPICÁLIA NO OLHAR” / ATRÁS DO TRIO EU QUERO VER / O BAILE COMEÇAR E A NOITE ADORMECER / “O SOL NASCERÁ”, AS CORTINAS IRÃO SE FECHAR / “FOLHAS SECAS” VIRÃO E O SHOW VAI CONTINUAR.
MEU CORAÇÃO, É VERDE E ROSA / DESCENDO O MORRO, EU VOU / A MÚSICA, ALEGRIA DO POVO / CHEGOU, A MANGUEIRA CHEGOU.

fdsfds

# lusitanas


Ganhar à forte equipa húngara, no Estádio da Luz, e torcer para que o outro jogo (Dinamarca vs. Suécia) não acabe num amigável empate viking ou numa (não?) coincidente vitória sueca.
Eis o segredo para a selecção das quinas ainda sonhar com a vaga ao Mundial.
Agora, "às armas, às armas!", como brada o hino nacional.
fds
"Esta noite, frente à Hungria, só a vitória fará Portugal continuar nas contas do Mundial. Seria ouro sobre azul a Suécia derrapar na Dinamarca. Já não há espaço para muitas contas num contexto em que Portugal se encontra dependente de si e dos outros. É sina nossa, ou pelo menos assim parece. Deixemo-nos, pois, de conjecturas, de aritméticas ou de probabilidades - neste tudo ou nada em que caímos temos é de ganhar à Hungria. O resto são cantigas. E para isso, como diz Carlos Queiroz [treinador português], Portugal tem de atacar, atacar e... atacar. O Grupo 1 tem a Dinamarca na frente com 18 pontos e com mais dois jogos por disputar, em casa e frente à Suécia (hoje) e contra a Hungria (14 deste mês). Ou seja, os dinamarqueses apenas têm de somar mais dois pontos para conseguirem o apuramento e têm a seu favor o factor casa. A Suécia joga na Dinamarca e tal como Portugal é obrigada a fazer contas e mais contas. Se perderem e Portugal ganhar os suecos têm vida complicada e são ultrapassados, passando a equipa das quinas para a segunda posição do grupo. Se a Suécia empatar e Portugal vencer (nem se fala na possibilidade de um empate luso!) o segundo lugar vai depender do número de golos de cada selecção e lá vêm as contas à baila. [...] Mas para quê pensar tanto? Agora, o que vale a Portugal é vencer, somar seis pontos nos dois jogos que lhe faltam disputar [o último jogo é contra a fraca Malta] e esperar que a sorte esteja do seu lado e não favoreça os suecos, especialmente estes. E se ficarmos em segundo lugar no grupo, lá vem o play-off, em que seremos um dos oito que tudo farão para ir à África do Sul. Até lá convém vencer e convencer, se for caso disso. Para Portugal começa hoje, às 20:45h [16:45, horário do Brasil, pelo canal Sportv 2], no Estádio da Luz, a corrida ao ouro. É a corrida do tudo ou nada!" (v. aqui)
fds

# onze canários


fdAinda repercutem as nossas bulas "reis & magos" (v. aqui) e "58 vs. 70" (v. aqui), à medida que muitos emails contestam, viajam, xingam, concordam, sugerem e, finalmente, pedem a minha seleção amarelinha.
fdNa linha do que lá se expôs, devo indicar uma que mistura o que vi, o que não vi e o que vivi, num esquema 3-2-5, a merecer um asterisco*.
fd"Ah, mas este time não marca...", vem sempre a voz dissonante.
fdE então me conte: quantos zagueiros, laterais e volantes o time adversário precisaria ter para marcar a minha linha de frente?
fdAdemais, estamos a falar da Seleção Brasileira de Futebol, genial, brilhante e atacante, que não pode se limitar a conformação táticas e ideias defensivas.
fdEi-la:
fd(1) Gilmar dos Santos Neves;
fd(2) Djalma Santos, (3) Lúcio* e (6) Nilton Santos;
fd(4) Didi e (5) Gérson;
fd(7) Garrincha, (8) Ronaldo, (9) Romário, (10) Pelé e (11) Rivelino.
fdO treinador... João Saldanha.
 
fd* Além do Brasil não ser pródigo em mostrar unânimes zagueiros - os tempos de Domingos da Guia não podem contar -, o fato dele ser o único beque da nossa história que terá 3 Copas do Mundo como titular absoluto (2002, 2006 e 2010) deve pesar.


 
fds

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

# papo nascente

fdsUm grupo de jovens estudantes da respeitada Faculdade de Direito de Curitiba (FDC), dizendo-se assíduas leitoras deste blog (!), pedem-me para colaborar num trabalho que desenvolvem para o seu Curso, na cadeira de "Sociologia e Antropologia Jurídica", e cujo tema é "Acesso à Justiça no Brasil", com o objetivo de conhecer o perfil do nosso jurista. Quase sera tamen, publico a entrevista concedida.
fds
fds1) Para o senhor, o que é acesso à justiça?
fdsPodemos conceber o acesso à justiça sob dois aspectos: stricto sensu e lato sensu. Sob a primeira ótica, a própria Constituição da República já prevê em alguns dos seus tantos dispositivos alguns aspectos formais e materiais deste sentido, a pretender consagrar um imaculado acesso à justiça judiciária (art. 5°, LXXIV, art. 115, art. 125, entre outros); logo, pretende-se assegurar que ninguém será afastado da busca dos seus direitos, inclusive a prever a gratuidade da justiça, a Defensoria Pública no âmbito da União e dos Estados e, no âmbito das justiças comum, federal e trabalhista, a descentralização dos tribunais. Lato sensu, pode-se entender como acesso à justiça a possibilidade de todo e qualquer cidadão efetivamente ter concretizado ou buscar a concretização dos seus direitos e das suas garantias fundamentais consagradas na nossa Carta Maior.
fds
fds2) Quais são os principais obstáculos ao acesso à justiça no Brasil?
fdsCabe expor fatores das mais diversas ordens: legais, com uma enfadonha legislação processual, sócio-culturais, com a ignorância e a (in)consciência do povo e com o descrédito e o temor do mesmo pela atuação do Judiciário, e institucional- econômicas, com uma estrutura de serviços de acesso a justiça turva e capenga, com as altas custas judiciais (e periciais, e cartorárias, e advocatícias...) para quem fica entre o pobre e o rico, e o alto custo para ir ao Judiciário, no caso das populações afastadas dos grandes centros.fdsAssim, exponencialmente, os maiores obstáculos residem justamente na consecução material desse acesso à justiça, como por sinal geralmente acontece com as constituições programáticas, e que não poderiam ser diferentes num país tão desigual e tão pobre sob o ponto de vista educacional-escolar como o nosso. Assim, a estes dois aspectos – cernes do nosso atraso e do nosso subdesenvolvimento – assomam-se a estrutura do nosso Judiciário – bastante custosa para grande parte do povo –, a desconfiança da população perante o seu funcionamento e o descrédito da mesma em relação ao longo tempo para a decisão definitiva das demandas, variáveis que, mais do que obstáculos ao acesso à justiçã, funcionam como repelentes.fdsOutrossim, não se pode olvidar dos parcos investimentos feitos nas nossas defensorias públicas e da pouca atenção dada pela OAB em trabalhos relacionados à advocacia dativa.

fdsfds3) O que pode falar sobre a assistência judiciária gratuita e a defensoria pública no Brasil?
fdsPrecisa-se avançar ainda muito. Não basta liberar o jurisdicionado pobre das custas judiciais ou a ele oferecer uma defensoria pública, infelizmente, desaparelhada. A maior necessidade é permitir que todo cidadão, independentemente do seu status social, tenha na prática as mesmas garantias recursais oferecidas ao cidadão rico, que consegue, pelo capital, manter dúzias de advogados trabalhando incessantemente na busca de brechas processuais. Para isso é vital que o Estado – no âmbito de todos os entes federados –invista, mais e mais, numa Defensoria Pública capaz de atender essa demanda e efetivamente honrar o seu papel, hoje limitado e (quase) esquecido pelo erário.

fdsfds4) Como observa a eficiência do poder judiciário face ao tempo para resolução dos conflitos, linguagem utilizada e custas judiciais?
fdsNeste ponto se observam muitas mudanças e avanços.; entretanto, é evidente que no tocante ao tempo para a definitiva resolução dos conflitos não estamos num nível minimamente satisfatório. Mas isso não é privilégio do Brasil, pois na Europa, conforme último trabalho realizado pelo Comitê de Justiça da União Europeia, o tempo média para a conclusão dos processos judiciais ultrapassa 10 anos, quando chegam nas supremas cortes nacionais. Porém, lá o problema não tem as mesmas raízes: aqui, embora alçado pela EC 45/2004 como direito e garantia fundamental, a (des)confirmação de um processo célere e com uma duração razoável praticamente contradiz-se pela insustentável manutenção das (quase) infinitas brechas recursais proporcionadas pelos nossos processos civil e penal, que clamam por uma urgente reforma, a atingir diretamente o caos da lentidão das decisões.fdsA pergunta que fica é se acelerar todo o trâmite judicial e obter respostas muito mais rápidas do Judiciário interessa às tropas de elite burguesa e política, aos donos do poder da nossa República que invariavelmente são partes de tantos processos penais, a maior parte relacionados a crimes tributários, financeiros, eleitorais ou contra a Administração Pública.fd No que tange às custas judiciais e à linguagem utilizada pelos nossos operadores do Direito, acredito que a evolutiva mudança mostra-se mais visível. No primeiro caso, pela própria facilidade que a lei confere àqueles que, bastando declararem-se pobres, são isentos de quaisquer custas; e, no segundo, pelos textos decisórios de alguns magistrados – que (muito bem) conseguem aliar as inteligências jurídica, literária e emocional nos seus julgados, tornando a decisão acessível e didática para todos os jurisdicionado – e pela linguagem que vem sendo utilizada por juízes, promotores e delegados, em especial nas audiências e nas entrevistas coletivas, a qual, com cada vez mais frequência, vem se mostrando mais próxima dos cidadãos.
fds
fds5) O Sr. vivenciou alguma experiência que possa contribuir na questão do acesso à justiça?
fdsA todo instante, reflexamente ou não, deparamo-nos com casos destes, que antecipam a injustiça, causam o desgosto pelo Direito e catalisam a ira e outros mais nefastos sentimentos humanos, a culminar no recrudescimento de uma sociedade cada vez mais individualista, pois, uma vez que incapaz de ver a sua busca pela justiça atendida, acredita que aquelas desumanas concepções de relações sociais, assentes na exortação ao eu – lei de talião, anarquismo, leis da sociedade do espetáculo etc. –, são as melhores a serem seguidas, provocando a eternização do caos social.fdsNa verdade, quando vemos pessoas a morrer em filas de hospitais, sem acesso à saúde, quando vemos crianças e jovens sem escola e sem acesso à educação, quando vemos professores e policiais mal remunerados, sem acesso a um salário constitucionalmente mínimo, quando vemos crianças, jovens, adultos e idosos a cavoucar em lixos, a mendigar em esquinas, a dormir sob marquises e a clamar por um prato de comida, sem acesso, portanto, a uma vida digna, vemos ser afrontada a questão do acesso, humano e divino, à justiça.fds

 

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

# atleticanas (xxix)

Por que haveria o Atlético de jogar avançado, de atacar, de se abrir e de se arreganhar para o banquete inimigo? Devemos acabar com esse papo de que o "dono da casa" deve sair sempre para o jogo. Lopes fez certo. A querer contragolpeá-lo, esperou o Grêmio. Mas esse também não foi. Sem qualidade, também ficava atrás. E ficava só naquela lenga-lenga de um toque-e-toque na intermediária. E ficava mais. Ficava a insistentemente dar pancada, grotescamente, como já é tradição deste clube gaúcho. Do vermelho-e-preto, um ou outro se salvava. Destaque negativo para os homens da zaga. Péssimos. E positivo para os nossos eficientes volantes. Ao final um jogo horroroso, dos piores que já vi. O resultado nem tanto, embora não se tratasse de um confronto direto. Talvez por isso -- e só por isso -- pudesse sim ter arriscado. Partir-se-ia para um "sejaoquedeusquiser". Mas talvez a derrota viesse a afetar o psicológico. E brochasse. Sendo assim, e diante dos outros resultados, a segurança venceu a esperança. E continuamos rijos, em pé.
fds
--- xx ---
fds
"Consta nos astros, nos signos, nas búzios, eu li num anúncio e 'tá lá no Evangelho (...)" que de hoje até o final do Campeonato o Atlético não fará mais do que 20 pontos. Na verdade, com mais 10 jogos, metade fora, cravo 19 -- gre (1), int (1), s.and (3), cox (3), san (3), ava (3), goi (1), flu (0), cru (1), bot (1), bar (3) --; por isso, tenho cá pra mim que agora sim não devemos abrir mão do seguinte estratagema: (i) nos jogos contra os times de baixo, seja em casa ou fora, jogar atrás, sólidos, em bloco, fechados e traiçoeiros, com o brocardo "defesa-e-contra-ataque" embaixo do braço; e, (ii) nos jogos contra o grupo de cima, lá ou cá, arriscar, jogar pra frente, a atacar, a dar show, como kamikazes num telecatch.
Explico: nos confrontos diretos, como somos praticamente o primeiro dos últimos, o empate num jogo jogado para não perder é um grande negócio, pois segura lá embaixo os mais coitados, evita grandes percalços, anula a tragédia da derrota de seis pontos; já nos confrontos contra os Golias, arriscar e buscar a vitória não tem um preço alto, pois, no máximo, se deixaria de ganhar um ponto, o que (quase) não é grandes coisas.
E no final? Uma reles vaga na Sul-Americana. E lambamos os beiços. Aleluia, aleluia.
fds

# e lá foram os parvos patetas (patoaquipatoacolá...)

fdE as bestas de plantão, que viviam a se vestir com burcas e escafandros e a se embebedar com alcoóis, geles e vaselinas, a fim de fugirem da undécima praga do Egito?
fdEnxergaram-se para enfim parar com a estupidez que fazia atemorizar urbi et orbi? Desistiram da busca encapsulada por um imaginário vácuo? Ou simplesmente arrefeçaram porque agora se assustam com os novos assuntos da nossa mídia?
fdAfinal, pode ter certeza amigo leitor: aquela turminha que cretinamente espalhava o pânico pela "nova" gripe é a mesma que, diuturnamente, se assusta com (e crê em) tudo que a grande mídia anuncia.
fdE acha o máximo, em todos os sentidos.
fd

# conceitos e convenientes preconceitos


fdNo clássico “Dicionário de Política”, organizado por Norberto Bobbio, Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino, o adjetivo "autoritário" refere-se aos “regimes que privilegiam a autoridade governamental e diminuem de forma mais ou menos radical o consenso, concentrando o poder político nas mãos de uma só pessoa ou de um só órgão e colocando em posição secundária as instituições representativas”.
fdAdemais, ainda afirmam os autores que [o]s regimes autoritários se caracterizam pela ausência de Parlamento e de eleições populares ou quando tais instituições existem pelo seu caráter meramente cerimonial e ainda pelo indiscutível predomínio do Executivo. (...) A oposição política é suprimida ou obstruída. O pluralismo partidário é proibido ou reduzido a um simulacro”.
fdOu seja, tais conceitos e adjetivos enquadram-se, em absoluto, nos atuais regimes da Venezuela, do Equador, da Bolívia, da Argentina, do Paraguai, de El Salvador, de Honduras e de outros países latino-americanos que avançam na contra-mão do pensée unique global, à medida que nestes Estados: (i) o Parlamento e o Judiciário (independentemente) funcionam; (ii) a oposição política é muito (e inapropriadamente) ativa; (iii) o pluralismo partidário é manifesto; e, principalmente, (iv) são periodicamente realizadas eleições democráticas, inclusive com acompanhamento ou fiscalização de organismos multilaterais.
fdAgora, entretanto, a grande mídia, a reboque da nossa direita e dos donos do poder, quer insistentemente definir que os tantos governos vanguardistas da América Latina são regimes “autoritários”, nos quais se tentam implantar legislações "autoritárias", perspectivas "antidemocráticas” e políticas "populistas".
fdPor quê? Elementar, meu caro Watson.
fd
 

# atleticanas (xxviii)

fdsAlguns jornalistas ou comentaristas esportivos passam a louvar o esquema adotado pelo técnico Antonio Lopes, que reinventou o (quase) trivial 4-4-2.
fdsPois bem, desde o início do ano já clamávamos por isso (v. aqui e aqui), em razão de um único fator: não temos jogadores para desempenhar as funções que o esquema antigo exige. No esquema 3-5-2 há quatro peças fundamentais, sem as quais ele afunda: o zagueiro da sobra (líbero), os dois alas e, principalmente, o segundo homem de meio-campo. E o Atlético não os tem, a deixar o time à deriva, vulnerável e desequilibrado.
fdsAfora isso, a mentalidade e o posicionamento para o jogo de hoje à noite não podem ser alterados pelo simples motivo de se jogar em casa, na Arena lotada, afinal, já temos um plano tático-estratégico que não pode prescindir da eficiente e confiável fórmula defesa-e-contra-ataque.
fdsSer retranqueiro e covarde é uma coisa; ser defensivo e inteligente é outra. E, doravante, não podemos teimar em sermos ofensivamente idiotas.
fds

terça-feira, 6 de outubro de 2009

# 24 frames por segundo



Em 2005 foi inaugurada a Escola Superior Sulamericana de Cinema e TV do Paraná – CINETVPR, a qual criou o 1º. Festival do Paraná de Cinema Brasileiro Latino.
Assim, a dar continuidade a este consolidado prêmio, de 5 a 11 de Outubro, no Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba/PR, acontecerá o "4° Festival do Paraná de Cinema Brasileiro Latino".
Participando do festival de 2009 estarão concorrendo 06 (seis) filmes de longa metragem nacionais e 05 (cinco) filmes de países latinos - Itália, Moçambique, México, Bolívia, Argentina. Entre os filmes de curta metragem concorrem 09 (nove) nacionais e 03 (três) espanhóis.
A grande ideia deste Festival é propiciar aos participantes e ao público em geral, momento de reflexão com espaço para ponderar sobre as obras que serão apresentadas permitindo através de palestras, oficinas, debates, seminários e encontros, ocasião pródiga para despertar a criatividade, por se considerar que a inovação na criação, e consequentemente a descoberta de novos caminhos, seja o componente primordial para a abertura do mercado. Nesse ano haverá diversas oportunidades para fortalecer essa opinião através da "Mostra Leon Hirszman" (4 filmes), da "Mostra Pietro Germi" (5 filmes), da "Mostra Eros Inteligente" (15 filmes) todas seguidas de debates e o "Seminário Chris Marker" ministrato pelo autor Robert Grelier, com apresentação de importantes obras desse ícone do documentário mundial, atividades essas que permitirão, a todos, análises críticas e criativas.
Pode-se constatar claramente o crescimento da produção paranaense de cinema ao ponto de, a partir deste ano, ser instituída no festival,a "Mostra Paranaense de Cinema", na qual concorrem 10 filmes, entre curtas e longas metragens.
Essa mostra, inclusive, contará com a participação selecionada (e já premiada) de uma grande curta-metragem, "Balada da Cruz Machado"
, com roteiro e direção do cineasta e bacharel Terence Keller, e que estreou vitoriosa no primeiro semestre deste ano. O filme? Um "mergulho em uma rua de não ir a parte alguma", que vale a pena conferir. (v. aqui)

 
fds

# x' da questão

fdsSou um nacionalista. Não sou patriota (o "último refúgio dos canalhas"?) ou muito menos ufanista.
fdsE por isso a minha dúvida sobre a decisão do Brasil dispor-se a ser -- e eleger-se como -- sede das próximas Olimpíadas (v. aqui).
fdsEvidentemente que não é algo tão ruim como ser sede da próxima Copa -- afinal, neste caso, dissipa-se e pulveriza-se os recursos e os investimentos públicos (e mesmo privados), gasta-se muito em desprezíveis estádios ultramodernos de futebol e não se promove o desenvolvimento da cultura (e das políticas públicas) em esportes olímpicos --, mas, mesmo assim, tenho grandes dúvidas. Por quê? Vejamos, com um comparativo exemplo de fato.
fdsUma pessoa que deve dinheiro e que não tem estrutura e nem recursos (i) para manter-se nas condições essenciais e básicas de vida ou (ii) para pagar os seus credores, teria o direito de fazer uma grandiosa festa de final de ano?
fdsE, no nosso caso, um país que deve (e não tem) estrutura e nem dinheiro para investir em políticas públicas fundamentais -- segurança, educação, moradia e saúde --, teria o direito de realizar os jogos olímpicos, a grande festa do esporte mundial? Em ambos os casos, creio sinceramente que não.
fdsAfora isso, claro, acho o máximo ver o Rio de Janeiro no centro do mundo, ver essa maravilhosa cidade do meu país sede das Olimpíadas e anfitriã do mundo e ver que a nossa gente é capaz de reunir e mostrar os seus valores.
fdsAfinal, sou um nacionalista.

# cogito, ergo sum

(cartaz comemorativo aos 50 anos da Revolução Cubana)

 

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

# 58 vs. 70

fds Diante dos diversos emails que recebi e que comentaram a nossa bula "reis & magos" (v. aqui), podemos mesmo, num talvez pedante e leviano exercício comparativo, indicar a melhor seleção nacional de futebol da história?
fds Bem, já partamos das seguintes premissas, objetivas: as seleções que não venceram as respectivas Copas não merecem o título -- assim, a Hungria de 54, o Brasil de 50 e 82, as Holandas de 74-78 e a França de 82 estão fora -- e, tampouco, as seleções que não a disputaram, razão pela qual a Argentina da década de 40 -- considerada imbatível em tantos trabalhos jornalísticos que estudaram o futebol na época da Segunda Guerra -- também está eliminada.
fds Sob o aspecto subjetivo, como tivemos algumas seleções campeãs mundiais absolutamente esquecíveis (Uruguai de 30, Itália de 82 e 06, Alemanha de 90 e Brasil de 94), outras pouco empolgantes (Uruguai de 50, Argentina de 78 e França de 98) e outras pouco brilhantes (Inglaterra de 66 e Brasil de 02 ), restariam as Itálias de 34-38, o Brasil de 58, 62 e 70, a Alemanha de 54 e 74 e a Argentina de 86.
fds Bem, agora desclassifiquemos a Itália bicampeã mundial -- pois pouco se tem de concreto sobre ela, além do fato de, à época, o futebol ainda ser meio lúdico... --, ambas as Alemanhas -- já que, embora formada por estupendos craques (Fritz Walter, Rahn, Beckenbauer, Gerd Muller, Sepp Maier, Overath) e tenham, nas respectivas decisões, vencido duas máquinas de jogar futebol, a Hungria (54) e a Holanda (74), convenhamos que o futebol alemão nunca foi de se empolgar muito -- e a Argentina de 86 -- afinal, está aqui, neste rol, só por causa de Maradona, no seu espetacular auge.
fds Pronto. Sem qualquer (qualquer?) patriotismo ou exacerbado nacionalismo restam as seleções brasileiras de 58, 62 e 70. Eliminemos a segunda, pois era quase cópia da primeira, sem Pelé em sua boa parte, e ficamos com o Brasil de 58 vs. o Brasil de 70. E agora?
fds Talvez a maneira menos injusta de comparação seja fazê-la por posição, um a um, ainda que sobrem contestações sobre a real figura tática de cada jogador. Vamos lá:
fds 1. Goleiro: sem dúvida, Gilmar (58) era muito superior a Félix, o qual, embora realizador de alguns milagres em 70, costumava vacilar.
fds 2. Lateral direito: Djalma Santos, apesar de ter participado apenas da final -- pois ficou na reserva em todos os demais jogos --, foi titularíssimo dali em diante (e por mais duas Copas!) e Carlos Alberto foram os maiores do mundo na posição. Mas Djalma ganha por meio palmo.
fds 3. Beque central: Bellini e Brito. Ambos eram muito parecidos, mais voluntariosos que habilidosos, embora muito competentes. Bellini foi capitão de fato -- embora Brito também o fosse, mas sem braçadeira -- e tecnicamente melhor.
fds 4. Quarto zagueiro: Orlando e Piazza. Apesar deste ter muito mais classe que aquele, jogava fora de posição e não foi tão bem. Empate.
fds 6. Lateral esquerdo: Nilton Santos. Indiscutível e incomparável.
fds 5. Centro-médio: Zito e Clodoaldo. Apesar de excelente, Clodoaldo não era tão leão, tão tático e tão líder quanto Zito.
fds 8. Armador: Didi e Gerson. Ambos os comandantes dos dois times, ambos compositores impecáveis da bola, ambos modernos e artistas. Tem dias que acho que Didi foi melhor, noutros Gerson. Preferia ter os dois. Não dá? Não sei.
fds 10. Ponta-de-lança: Pelé em ambas. Numa, citius; noutra, fortius. Na primeira, genial; na segunda, gênio. Empate.
fds 7. Ponta-direita: Garrincha e Jairzinho. Apesar de Jairzinho ter sido um dos melhores jogadores da Copa de 70, Mané só vinha atrás de Pelé.
fds 9. Centroavante: Vavá e Tostão. Em 70, o craque Tostão jogou fora da sua posição real (ponta-de-lança), enquanto Vavá foi o matador, o artilheiro e o homem de referência na área. Foi inapelável quando o assunto era fazer gol. Empate, por justiça, embora preferisse o mineiro.
fds 11. Ponta-Esquerda: Zagalo e Rivelino. Aquele era meio europeu, muito obediente taticamente e pouco criativo. Riva foi mais brasileiro, menos obediente e muito mais brilhante.
fds Portanto, salvo na ponta-esquerda, em nenhuma outra posição o escrete de 70 supera a Seleção Brasileira de 58.
fdsfAo menos para mim, a melhor seleção de todos os tempos é a do Brasil de 1958.
fds