segunda-feira, 5 de outubro de 2009

# 58 vs. 70

fds Diante dos diversos emails que recebi e que comentaram a nossa bula "reis & magos" (v. aqui), podemos mesmo, num talvez pedante e leviano exercício comparativo, indicar a melhor seleção nacional de futebol da história?
fds Bem, já partamos das seguintes premissas, objetivas: as seleções que não venceram as respectivas Copas não merecem o título -- assim, a Hungria de 54, o Brasil de 50 e 82, as Holandas de 74-78 e a França de 82 estão fora -- e, tampouco, as seleções que não a disputaram, razão pela qual a Argentina da década de 40 -- considerada imbatível em tantos trabalhos jornalísticos que estudaram o futebol na época da Segunda Guerra -- também está eliminada.
fds Sob o aspecto subjetivo, como tivemos algumas seleções campeãs mundiais absolutamente esquecíveis (Uruguai de 30, Itália de 82 e 06, Alemanha de 90 e Brasil de 94), outras pouco empolgantes (Uruguai de 50, Argentina de 78 e França de 98) e outras pouco brilhantes (Inglaterra de 66 e Brasil de 02 ), restariam as Itálias de 34-38, o Brasil de 58, 62 e 70, a Alemanha de 54 e 74 e a Argentina de 86.
fds Bem, agora desclassifiquemos a Itália bicampeã mundial -- pois pouco se tem de concreto sobre ela, além do fato de, à época, o futebol ainda ser meio lúdico... --, ambas as Alemanhas -- já que, embora formada por estupendos craques (Fritz Walter, Rahn, Beckenbauer, Gerd Muller, Sepp Maier, Overath) e tenham, nas respectivas decisões, vencido duas máquinas de jogar futebol, a Hungria (54) e a Holanda (74), convenhamos que o futebol alemão nunca foi de se empolgar muito -- e a Argentina de 86 -- afinal, está aqui, neste rol, só por causa de Maradona, no seu espetacular auge.
fds Pronto. Sem qualquer (qualquer?) patriotismo ou exacerbado nacionalismo restam as seleções brasileiras de 58, 62 e 70. Eliminemos a segunda, pois era quase cópia da primeira, sem Pelé em sua boa parte, e ficamos com o Brasil de 58 vs. o Brasil de 70. E agora?
fds Talvez a maneira menos injusta de comparação seja fazê-la por posição, um a um, ainda que sobrem contestações sobre a real figura tática de cada jogador. Vamos lá:
fds 1. Goleiro: sem dúvida, Gilmar (58) era muito superior a Félix, o qual, embora realizador de alguns milagres em 70, costumava vacilar.
fds 2. Lateral direito: Djalma Santos, apesar de ter participado apenas da final -- pois ficou na reserva em todos os demais jogos --, foi titularíssimo dali em diante (e por mais duas Copas!) e Carlos Alberto foram os maiores do mundo na posição. Mas Djalma ganha por meio palmo.
fds 3. Beque central: Bellini e Brito. Ambos eram muito parecidos, mais voluntariosos que habilidosos, embora muito competentes. Bellini foi capitão de fato -- embora Brito também o fosse, mas sem braçadeira -- e tecnicamente melhor.
fds 4. Quarto zagueiro: Orlando e Piazza. Apesar deste ter muito mais classe que aquele, jogava fora de posição e não foi tão bem. Empate.
fds 6. Lateral esquerdo: Nilton Santos. Indiscutível e incomparável.
fds 5. Centro-médio: Zito e Clodoaldo. Apesar de excelente, Clodoaldo não era tão leão, tão tático e tão líder quanto Zito.
fds 8. Armador: Didi e Gerson. Ambos os comandantes dos dois times, ambos compositores impecáveis da bola, ambos modernos e artistas. Tem dias que acho que Didi foi melhor, noutros Gerson. Preferia ter os dois. Não dá? Não sei.
fds 10. Ponta-de-lança: Pelé em ambas. Numa, citius; noutra, fortius. Na primeira, genial; na segunda, gênio. Empate.
fds 7. Ponta-direita: Garrincha e Jairzinho. Apesar de Jairzinho ter sido um dos melhores jogadores da Copa de 70, Mané só vinha atrás de Pelé.
fds 9. Centroavante: Vavá e Tostão. Em 70, o craque Tostão jogou fora da sua posição real (ponta-de-lança), enquanto Vavá foi o matador, o artilheiro e o homem de referência na área. Foi inapelável quando o assunto era fazer gol. Empate, por justiça, embora preferisse o mineiro.
fds 11. Ponta-Esquerda: Zagalo e Rivelino. Aquele era meio europeu, muito obediente taticamente e pouco criativo. Riva foi mais brasileiro, menos obediente e muito mais brilhante.
fds Portanto, salvo na ponta-esquerda, em nenhuma outra posição o escrete de 70 supera a Seleção Brasileira de 58.
fdsfAo menos para mim, a melhor seleção de todos os tempos é a do Brasil de 1958.
fds