sábado, 24 de outubro de 2009

# ah, pérfidos!

fdOVERTURE (19/10, segunda-feira): entra em vigência a nova taxação para as aplicações estrangeiras na Bovespa e em renda fixa, com o intuito de segurar a acentuada valorização do real frente ao dólar e diminuir o ingresso de capitais de risco (especulação pura).
fdPRIMEIRO ATO (20/10, terça-feira): "Bolsa despenca 2,88% no primeiro dia de pregão após a nova cobrança de IOF"... "Brasil anda na contramão e medida afastará os investidores"...
fdSEGUNDO ATO (23/10, sexta-feira): "Cobrança de IOF será inútil" ... "Medida não altera disposição do mercado" ...
fdCABALETTA: E com essas manchetes os jornais e portais do PiG esquizofrenicamente expõem e explicam a pontual, mas modesta, medida intervencionista do Ministério da Fazenda no mercado financeiro.
fd(silêncios)
fdBem, na verdade, fechadas as cortinas desta ária, eis abaixo o que quis cantar a cambalaente mídia.
fdComo na terça-feira a bolsa fechou em queda, após sucessivas e elevadas altas, a grande mídia não perdeu tempo e já estampou nas manchetes, com o respaldo dos "observadores técnicos", que o Governo Lula quer (e vai!) quebrar o Brasil, a começar pelas bolsas.
fdNão deu certo. Como quarta e quinta-feiras fecharam com razoáveis altas (próximo a 1%, na média) -- e já hoje também (0,40%), sublinhe-se --, o PiG teve que mudar o discurso, uma vez que a turma do mercado financeiro não se avexou com o imposto de 2% e continuou a participar do cassino nacional. E de pronto já veio uma outra alcatéia de "especialistas" dizer que a medida tributária é inócua e vazia.
fdOra, afinal de contas, a medida serve ou não serve para alguma coisa? Ou seja, se se cobra 2%, diminuindo-se o ingresso de dólar (e de capital especulativo) no Brasil e aumentando o nosso câmbio, o Governo é insensato e suicida; por outro lado, se se cobra 2% e nada acontece no mercado financeiro do Brasil, com a Bolsa em alta e a normal continuidade no ingresso da moeda estrangeira, sem alterar o câmbio, o Governo é fraco, tolo e incompetente.
fdE assim segue o baile: não importa a causa ou a consequência, a culpa, ao final, claro que é sempre do Estado (porém, no fundo, todos já sabem que no arranjado cassino das bolsas o perde-e-ganha é a regra do jogo, os altos-e-baixos são constantes e as mudanças diárias e hipnotizantes...).
fdsfds
P.S. Para acalmar, escute agora, na voz de Montserrat Caballé, trecho de "Ah, Perfido!", Op.65, de Ludwig van Beethoven. E deixe de dar ouvidos ao PiG.