quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

# aspas (xxxiii)

f
    José Saramago, sobre o twitter -- e que cabe também, e principalmente, para as conversas virtuais (v. aqui):

     "Os tais 140 caracteres reflectem algo que já conhecíamos: a tendência para o monossílabo como forma de comunicação. De degrau em degrau, vamos descendo até o grunhido."





 

domingo, 21 de fevereiro de 2010

# quadragesima


fdsPrivação, reflexão, abstinência, jejum, sacrifícios, reclusão, oração e caridade.
fdsÉ o período de quaresma, no qual, abdicando de pequenas grandes coisas que nos simbolizam esta fase, procuramos ser mais humano e viver mais como cristão.
fdsE, assim, aguardar que a conversão não seja efêmera, mas perene, em tudo que for possível diante das injustiças, das ilegalidades e das estupidezes da cotidiana vida humana que nos provoca o pecado da ira.
fds

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

# cariocas


Em meio a sambas, saraus, sapucaí, morros, mojitos e melódicas marchinhas, estamos no Rio, para mais um Carnaval, donde a abstinência internetica será total.

Saudações verde-e-rosa a todos.

E até às cinzas, deste e da quarta-feira.
fd

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

# lista de schindler

fdsHá uma falsa concepção de "talento" em nossa sociedade, a brasileira fundamentalmente.
fdsDe tempos (eternos) pra cá, a competência e o talento de qualquer um vem traduzidos em pecúnia, em coisas -- é a coisificação do homem e das relações sociais, em suma. Ganhar e acumular dinheiro -- embora a depender das circunstâncias, das razões e das causas, claro, jamais deva ser considerado um crime terreno -- ou exibir marcas e bens elegem-se como as maiores provas para que alguém possa ser considerado competente ou talentoso.
fdsA (excelente e republicana) medida adotada pelo Governo do Paraná, ao tornar público os vencimentos percebidos por todos os servidores do Poder Executivo, traduz ainda mais a falsidade e a improcedência de tal relação.
fdsNão me ative a tal lista -- afinal, cabe ao próprio Governador do Estado, de modo a justificar e dar uma raison d'être a tal medida, criar uma comissão que examine a situação, os descompassos e os absurdos ético-profissionais no âmbito dos planos de cargos e salários, a fim de propor o que deve (e pode) ser feito --, mas tive sim a pecaminosa curiosidade de ver a remuneração de um "servidor", um daqueles ainda responsáveis por firmar a (secular) figura do servidor público brasileiro -- medíocre, inútil (quando não contra-producente) e, ainda pior, improbo --, e lá estão, cumulativamente, injustificáveis e imorais R$ 16.769,45.
fdsEssa excrecência, um exemplo entre tantos, apenas evidencia (i) a malemolência estatal com este tipo de situação -- pois, por culpa própria, não reestrutura as suas "árvores de gestão" e, pior, aguenta toda essa gente tosca e não faz uso da prerrogativa constitucional de mandar embora servidor ineficiente e com baixo desempenho -- e (ii) o absurdo descalabro entre o que se paga para serviços e funções de mesma hierarquia em termos de importância estatal.
fdsAfinal, neste último caso, se a intenção de se ter um Estado é justamente para promover (e induzir) o desenvolvimento, fomentar (e exigir) a justiça econômico-social e reequilibrar as distâncias de classes, nada justifica as brutais diferenças de remuneração existentes e que muito privilegiam, por exemplo, delegados, auditores fiscais e procuradores -- e os "advogados" --, em detrimento dos professores e dos profissionais da base da saúde e da segurança pública.
fdsAnos de estudo para se chegar naqueles primeiros cargos? Grandes responsabilidades que eles exigem? Bull shits. É, sim, apenas mais um ranço da nossa República que dá oportunidades distintas e cria reservas de mercado perenes à nata estatal e àqueles nascidos em berços (mais ou menos) esplêndidos. É, sim, apenas uma hipocrisia beata daqueles que ignoram as bases da educação, da saúde e da segurança pública como motores para o desenvolvimento nacional e, então pessoal.
fdsE não é só isso: dizem-me que há inúmeros casos, a priori inexplicáveis, de pessoas que muito bem poderiam ser substituídas por um ventilador, uma samambaia, um bebedouro ou um porquinho-da-índia, mas que, tão apenas pelo princípio da física, estão a ocupar um lugar no espaço, para nada servindo e, ainda pior, para desespero do erário, ganhando uma sobrenatural remuneração.
fdsO cidadão paranaense é o patrão dos servidores e tem todo direito de saber para quem paga salários e quanto paga, diz acertadamente o Governador Requião; todavia, a medida será inócua e superficial, além de bizarra, se apenas servir como ferramente de curiosidade ou de vazias comparações.
fdsLogo, uma comissão deveria ser criado para investigar e saber o que (não) faz cada um dos seus servidores, quais são as suas (in)capacidades técnico-curriculares e qual (e como se mostra) o seu desempenho histórico nas atividades e no serviço dentro do Estado; porém, registre-se, grandes e paradigmáticas mudanças serão difíceis, pois os pseudoprejudicados serão certamente socorridos pelos braços convenientemente afáveis do Poder Judiciário, o qual manda equiparar, reintegrar, aumentar...
fdsAssim, em suma, tão-somente com a ficha completa de cada um dos servidores públicos, a cobrança da sociedade e a definitiva reflexão estatal acerca da configuração do seu plano estrutural-sistemático de cargos e salários, tal lista será útil, eficaz e funcional.
fdsCaso contrário, para nada servirá, senão apenas para catalisar os mais espúrios pecados capitais, acirrar o preconceito e mostrar que o talento quer significar a competência para se conquistar (e dissimular) outras coisas.
fdsEspera-se, pois, que dessa lista não sobrevivam todos.
fds

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

# il monstro


E eis que a última grande chaga mundial de todos os tempos, trazida pelo mais cruel godzilla, volta a cobrir as manchetes da mídia brasileira e os orçamentos dos entes públicos. Vamos aos fatos, de novo, como já muito por aqui discorremos (v. aqui). 

Bem, com a chegada do inverno, a Europa investiu um arsenal para combatê-la, como se numa guerra de mundos. Resultado: vários países europeus tentam se livrar do excesso de vacinas e apetrechos relacionados à gripe A (H1N1), que não foi tão forte quanto previsto. A Suíça, comprou 13 milhões de doses e agora deverá doar ou vender grande parte ao exterior,e manter outra em estoque para uma eventual próxima pandemia; a França, anunciou na última segunda-feira que cancelaria a compra de 50 milhões das 94 milhões de doses que havia encomendado; a Alemanha também tenta se livrar dos excedentes e renegociar as encomendas feitas durante a fase inicial da onda de gripe A (H1N1); e Itália, Espanha, Portugal e Holanda já reavaliaram as encomendas de vacinas que haviam feito no início da (mal) dita pandemia (v. aqui).

Hoje, a nova “chaga”, dantes considerada uma mina de ouro do setor, cujas vendas de vacinas eram consideradas uma benção para as indústrias farmacêuticas, já não assusta e a receita dos fabricantes de vacinas e as perspectivas de lucros com a pandemia da gripe A (H1N1) já se mostram bem incertas. 

E a maior prova disso (e de toda a campanha midiática acerca da falsa epidemia) é motivo de investigação por alguns dos parlamentos europeus e de criação de uma “comissão de inquérito” por parte da União Europeia, com vistas a analisar a influência (e o lobby) dos gigantes laboratórios transnacionais sobre os dispêndios públicos em vacinas e congêneres. 

Assim, a Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (APCE) abriu um inquérito em janeiro sobre a influência das empresas farmacêuticas na campanha global da gripe A, focando especialmente sobre a dimensão da influência da indústria farmacêutica na OMS. Trata-se, pois, de um passo há muito necessário no sentido de existir uma transparência pública quanto a um “Triângulo Dourado” de corrupção na área dos fármacos entre a OMS, a indústria farmacêutica e cientistas acadêmicos. 

No Brasil, embora tudo mais distante em relação a processos de investigação, a situação prática dos gastos públicos e do temor populacional fora idêntico ao que se passa na Europa. Aqui, também, o nome científico para o que ocorreu – e, parece, está em visas de se repetir – é "estado hipocondríaco transitório movido por um estresse psicossocial"; o nome fantasia -- ou a chaga social -- é "cegueira branca", aquela mesma descrita por José Saramago, talvez um pouco metamorfoseada.
 
Estava a se falar demais sobre o "nada", dando ao "nada" status de "fato", a criar mensagens subliminares que (inconscientemente) intentavam mostrar a todos a aproximação de um monstruoso enxame de rãs, de sarnas e de gafanhotos, o qual daria início ao grande dia do juízo final. E assim, lendo o que repercutia à época a mídia, este parecerista começou sim a temer pela sua vida: não por causa da gripe, mas porque é o primogênito.


No último inverno ao sul do Equador, renomados especialistas, desprezados pela grande mídia -- como a Diretora do Hospital das Clínicas de SP e Mestre em Epidemologia, Sra. Anna Sara Levi, e o Diretor da Faculdade de Medicina da USP e Doutor em Infectologia, Dr. Marcos Boulos (v. aqui e aqui), afirmaram veementemente que a fome, o frio, a esquistossomose e a malária matam (e matarão) centenas de milhares de vezes mais do que o "monstro" da nova gripe, o (pseudo)anúncio do apocalipse.


Fazer política partidária ou lobby econômico com notícias de saúde, além de imoral, tem “efeitos colaterais”, da ordem econômica, relacionados à falta de recursos públicos em certas áreas -- vez que há um típico caso de trade-off --, e, também, de ordem social, cujos efeitos impregnam no estado negativamente extático da população, cujas consequências, dentre outras, remetem àquelas da gripe aviária de 2007 e da febre amarela de 2008: milhares e milhares de pessoas vacinaram-se desnecessariamente e, como a vacina tinha contraindicações, várias acabaram hospitalizadas e algumas morreram (ora, para ir rápido ao abastecimento dos produtos, em algumas vacinas se tem utilizado adjuvantes cujos efeitos não foram testados suficientemente... 

E porque tudo isso e essa suspeita típica dos enredos dos grandes thrillers? A memória não é tão curta (v. aqui). 

Em abril de 2009, quando chegou o primeiro alarme do México acerca de uma "nova" gripe, a OMS quase imediatamente declarou uma "pandemia", mesmo que esse elevado nível de alarme não se correspondesse com o números dos "casos". Não havia nem mil enfermos e o alerta máximo se baseou em que o vírus era novo. Porém, todo profissional das áreas da saúde sabe, uma característica das enfermidades gripais é que se desenvolvem muito depressa, por meio de um vírus que cada vez toma formas diferentes e se instalam em novos hóspedes. Nada novo. Todo o ano aparece um novo "vírus da gripe". Realmente não havia nada que justificasse semelhante grau de alarme. 

Isto tem sido possível desde que a OMS, em maio de 2009, numa manobra jurídica, mudou sua definição de "pandemia". Antes dessa data não só era necessário que a enfermidade se manifestasse em vários países por vez, senão que, ademais, tivesse consequências graves com um número de casos mortais, maior que a média habitual. 

Na nova definição se eliminou esta parte e só se manteve o critério do ritmo de propagação da enfermidade. E se pretende que o vírus seja perigoso porque as populações não tinham desenvolvido defesas imunitárias contra ele. O qual é falso no caso desse vírus, porque podemos observar que as pessoas com mais de 60 anos já possuíam anticorpos, vez que já tinham estado em contado com vírus análogos -- por outra parte, essa é a razão de que praticamente não tenha havido pessoas com mais de 60 anos que tenham desenvolvido a enfermidade. 

E a recomendação da OMS em utilizar unicamente as vacinas especiais patenteadas? Sem embargo, não havia nenhuma razão para que não se acrescentassem, como se tem feito todos os anos, as partículas antivirais específicas do novo vírus H1N1 para "completar" as vacinas que se utilizam para a gripe estacional. Não se fez, senão que se adotou pela utilização de materiais de vacinação patenteados que os grandes laboratórios tinham elaborado e fabricado para que estivessem preparados no caso de que se desenvolvesse uma pandemia. E procedendo dessa forma não se duvidou em colocar em perigo as pessoas vacinadas. Em outras palavras: querem utilizar forçosamente os novos produtos patenteados em vez de usar as vacinas segundo os métodos de fabricação tradicionais, muito simples e confiáveis, e mais baratos. Não há nenhuma razão médica para isso. Unicamente razões de mercado. 

Todavia, mesmo diante de todas essas (quase) evidências, a grande mídia corporativa e a parcela pestilencial da saúde pública ou privada brasileira já pressionam e advertem o Estado para o infernal inverno que se aproxima e que, agora garantem, a tal peste vai mesmo dizimar o resto da população sobrevivente.


E o Estado, o que deve fazer? Ora, não importa o que faça será, claro, jogado aos leões, afinal: (i) se realmente ignora essa pseudo-hecatombe e não gasta a querida fortuna em arsenal anti-gripe suína, mas algumas pessoas morrem da gripe, ele será eternamente criticado por não ter se preparado, por não ter investido, por ter sido negligente etc.; e, por outro lado, (ii) se realmente dá ouvidos às notícias e aos reclames da mídia e das indústrias fármaco-hospitalares, e gasta uma fortuna para se precaver e combater a tal gripe, e ela não vem (ou vem, como bem se viu, como outra doença qualquer que, mais ou menos sólida, se desmanchou no ar), será eternamente criticado por ter desperdiçado tempo e dinheiro público, por não ter examinado direito a situação, por não ter sido eficiente etc. Sim, é assim que o jogo sempre funciona, e a solução, vez que os dados com que se joga são vidas humanas, sempre tende para essa segunda. 

Portanto, o que a população necessita, de verdade, é de “kits” e “vacinas” contra os surtos midiáticos -- afinal, então sim, quanto mais prevenção maior será a proteção. Para a gripe, precisa-se, na verdade, de muita ciência e muita cautela (v. aqui).fds


P.S. O hilário Il Monstro, de Roberto Benigni, pode muito bem servir como paródia para o fato aqui descrito. fds

# ratos


fdsA Venezuela, quando em 2007 promulgou a sua nova Constituição, avançou em vários pontos relacionados à democracia e à participação direta da população nos rumos e na governança do país.
fdsDentre essas mudança, passou a prever o instituto do "Referendo Revogátorio", o qual permite aos cidadãos venezuelanos solicitar um referendo, após dois anos do mandato de qualquer Chefe do Executivo -- prefeitos, governadores e o presidente --, para decidir se ele deve ou não continuar no exercício do cargo.
fdsAssim, desesperadas e sem ainda crer no rumo sócio-político-econômico que segue o país -- a passos largos e sem retroceder, embora isso não signifique a precisa releitura de certos programas e políticas lá em voga --, por que a direita e as oligarquias venezuelanas não clamam "toda" a população que parece apoiá-las e solicitam esse Referendo, ao invés de ficarem promovendo estes tantos tumultos e paralisações, tão-somente com o fim de (tentar) desestabilizar o Governo?
fdsOra, como elas sabem que o atual Governo tem o apoio de ampla maioria do povo, tentam a via da violência, a pretender chamar as atenções para outros países e, quem sabe, buscar "aquela" ajuda, bem comum nos anos 60-70.
fdsNão se faz por demais lembrar que em 2004, por conta própria, Hugo Chávez submeteu-se a um plebiscito nestes mesmos termos. E venceu com mais de 60%.
fds"Eu os desafio a fazer um referendo revogatório se acreditam que os ratos estão abandonando o barco, se acreditam que começou a desordem (...). Violência e desestabilização sempre foram os códigos de contrarrevolução para tentar derrubar o governo. Vamos ver quem pode mais. A mesa está servida. Não devemos nos deixar levar pelo caminho da violência”, desafiou o presidente venezuelano -- reeleito com amplo apoio popular --, para frustração da grande mídia americana (latina e do norte), que, a fazer o possível e o impossível para que o caos se instale na Venezuela, esperava que Chávez afrouxasse.

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fdsA oposição, que em setembro vai disputar os votos para a eleição parlamentar, colocou nas ruas para protestar estudantes de algumas escolas particulares. Fazem barulho, porque as suas manifestações contam com todo o apoio de um amplo setor da mídia conservadora que considera Chávez o diabo.
fdsE essa gritaria toda ainda tem outros fundamentos, como a suspensão temporária de seis emissoras de TV a cabo, uma delas a RCTV -- a Globo de lá.
fdsPorém, a nossa mídia manipula a informação, a editar o noticiário que dizia que o Governo venezuelano fechou os canais de televisão simplesmente porque se recusaram a transmitir os pronunciamentos do presidente venezuelano.
fdsOra, as emissoras foram suspensas temporariamente até que demonstrassem que estavam seguindo a legislação midiática aprovada pelo Congresso. Nada ilegal, portanto, como o noticiário induz. Em poucos dias, cinco grandes canais a cabo entregaram a documentação exigida pela Comissão Nacional de Telecomunicações e comprovaram que são canais internacionais, o que permite restabelecer as transmissões. Caso a RCTV a cabo não faça o mesmo, continuará suspensa.

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fdsEnfim, se o reeleito presidente venezuelano -- com amplo apoio popular -- não se ligar, os chauvinistas porcos da direita tomam-lhe o poder, na marra (por outro viés, aqui já alertamos).
fdsAinda mais depois da declaração do presidente da Federação de Câmaras e Associações de Comércio e Produção da Venezuela, Noel Álvarez, em uma entrevista na RCTV: a única solução para a saída de Chávez é a “solução militar” (v. aqui).
fds
fds

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

# antifahrenheit 451 (xix)

fdDas duas investigadas razões para a rebelião ocorrida há algumas semanas na "Penitenciária Central do Estado", em Piraquara" – e que foi contida em 16 horas mas elevada à hecatombe pela grande mídia que não recebe um tusta para propaganda –, ambas confirmaram-se: (i) o confronto entre facções rivais, talvez facilitada por corrupção de servidores que permitiram misturá-las nas mesmas alas do presídio, e (ii) a sabotagem de agentes penitenciários, os quais há meses pressionam para, absurdamente, portarem armas e mudar a escala de trabalho, em que trabalhariam 8 dias por mês e folgariam 22.
fdSim, dois agentes penitenciários já foram presos sob a acusação de tramar a rebelião. O Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) cumpriu nesta terça-feira outros nove mandados de prisão contra detentos da PCE, também acusados de envolvimento na rebelião e que foram transferidos para presídios do Paraná e de outros Estados.
fdEntre os agentes envolvidos na trama estão o chefe e o subchefe da segurança da penitenciária.dAs investigações foram conduzidas pelo Cope, da Polícia Civil do Paraná, que descobriu que o motim foi tramado e incentivado através da colocação de presos rivais jurados de morte numa mesma ala. O objetivo, segundo a polícia, seria forçar a volta dos 20 policiais militares retirados da guarda interna do presídio dias antes.
fdSegundo o Secretário de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, a investigação foi acompanhada e chancelada por um Promotor de Justiça e também pelo Juiz-Corregedor dos presídios, o qual afirmou que a investigação foi conduzida com muita seriedade e lisura e que foi acompanhada pela Corregedoria dos Presídios desde o início.
fdDe acordo com o relatório de investigação do Cope, a rebelião foi resultado de uma “imprudente” decisão de remover presos rivais para uma mesma galeria, dominada por uma das facções criminosas.
fdO inquérito policial ainda aponta que a experiência de mais de 20 anos de agentes penitenciários no presídio lhes daria perfeita condição de saber o que estaria por acontecer com essa transferência, o que reforça a ideia de que o motim resultou de uma “trama muito bem planejada pela chefia de segurança e alguns presos, tendo como premissa maior o retorno de policiais militares ao estabelecimento prisional”, conforme traz o relatório.
fdEm relação às mortes e aos danos ocorridos, o Cope assinala que fizeram parte do planejamento, tendo em vista que algumas vítimas e agressores dispunham de armas e conhecimento sobre o confronto que ocorreria. “Nesse contexto, é de se presumir que os chefes da segurança do presídio protagonizaram o papel de verdadeiros intermediadores de uma arena de gladiadores, o que corresponde dizer que dispuseram meios para ambos os lados se digladiassem, insuflando-os a contenta até a morte”, conforme traz o inquérito.
fdO Promotor de Justiça da 10ª Vara Criminal, Pedro Carvalho Santos Assinger, baseado em indícios muito fortes de que toda a rebelião foi tramada e articulada pelo chefe e subchefe da segurança do presídio, concedeu parecer favorável às prisões temporárias e ao cumprimento dos mandados de busca e apreensão.
fdAlém destas prisões, a Delegacia de Piraquara prendeu dez funcionários do Centro de Triagem II que trabalhavam como auxiliares de carceragem e foram acusados de facilitar a fuga de dois detentos – um deles transferido recentemente da PCE, envolvido na rebelião e jurado de morte.
fdAs investigações continuam e a polícia tem o prazo de 10 dias para concluir o inquérito, que tem 182 páginas. (v. aqui)
fd

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

# coelho branco: o não-segredo

fdsO leitor Lucas e o amigo Valmir Parisi explicam-me o que era e onde cheguei quando, no final da tarde deste domingo, encontrei o Withe Rabbit.
fdsO negócio, enfim, era o quarto domingo do bloco pré-carnavalesco "Garibaldis e Sacis", que há 10 anos, num ritmo alucinante (e alucinógeno) de crescimento, faz a grande e divertida festa de rua de Curitiba. E que eu não conhecia.
fdsO bloco, que se reúne no Largo da Ordem nos seis domingos anteriores ao Carnaval, tem seu início em frente à clássica Sociedade Garibaldi, lá fica por algumas horas e depois desce, pelas antigas ruas do Largo até o Conservatório de MPB de Curitiba, aos arredores do bar do Saci.
fdsDomingo que vem tem mais, avisam.

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fdsE já neste ritmo, lembro a todos (e a todas) que neste próximo sábado de véspera do carnaval (dia 6), em São Paulo, o amigo Samy Garson e toda uma grande equipe saem às ruas e comandam um dos já famosos blocos de rua paulista, para a 4ª edição do bloco “Passaram a Mão na Pompeia”, em um clássico trajeto -- recheado de bares&botecos -- que roda o tradicional bairro da cidade.fdsAinda que o sol resolva aparecer, você paulista ou você de passagem pela "terra da chuva" não pode perder o festivo e organizado bloco, com muita marchinhas, fantasias e cultura popular (v. aqui).
fds

# rubro-negras (ii)

fdsNa pauta vermelho-e-preta deste final de semana, mais do que a obrigatória vitória contra o plurinominal time de São José dos Pinhais, o destaque foi a "Carta Aberta ao Torcedor Atleticano" (v. aqui), na qual Antônio Lopes expõe, tecnicamente, as razões pelo bastante fraco desempenho do Atlético nessas primeiras rodadas deste bizarro campeonato.
fdsMostra, no documento, ciência da realidade e consciência do que está a fazer, diferente daquilo que a onisciente mídia esportiva paranaense insiste em repercutir (e tergiversar, e inventar).
fdsPorém, um fato foi omitida na carta -- como, claro, haveria de ser por questão de hierarquia profissional: a negligência da Diretoria que insiste em não contratar um grande jogador, um grande centroavante -- a nossa mais absoluta carência (e explico abaixo a razão) --, a preferir inchar o elenco com 5 ou 6 nomes de 20 ou 30 mil reais.
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fdsMuitos falam -- embora, em tese, seja mesmo uma carência -- da necessidade de se contratar um grande lateral. Mas discordo do investimento.
fdsCom a volta -- a grande volta -- de Alan Bahia, já temos um segundo-volante e podemos voltar a jogar no 3-5-2, cujo sistema exige alas, e não meros laterais.
fdsUm temos, o cabeludo Azevedo; o outro, pela direita, seria criado: o garoto Marcelo, o qual, a mostrar disposição, técnica e cacoete, será ensinado pelo Prof. Lopes e aprenderá a jogar no setor, como outrora aconteceu com Wesley, já de saudosa memória.
fdsE com a recuperação de Paulo Baier e o sorteio de qualquer um dos meia-atacantes que temos (?!) para jogar como segundo homem de ataque (Bruno Mineiro, Wallyson, Serna, Tartá, Ximbica etc.), faltar-nos-ia uma única grande peça: um centroavante.
fdsSim, um senhor centroavante, altius, citius & fortius, daqueles vips, daqueles de parar o trânsito, daqueles de fazer fila em supermercado para distribuir autógrafos e de ser carregado em caminhão de bombeiros.
fdsO mundo atleticano por um centroavante.
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fdsOuvi a coletiva do Lopes após o jogo e, por outro lado, ouvi o que a turma da rádio (e da tv) repercutiu no final de semana.
fdsImpressionante como dissimulam as palavras e como não compreendem -- dolosamente ou não -- o que explica o treinador rubro-negro.
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fdsE por falar na mídia radiofônica esportiva, faça minha a irrepreensível metáfora apresentada pelo amigo causídico Luiz Antônio Grisard, comentarista da Rádio Mais, sobre o zagueiro atleticano: "Esse Rodolpho parece painel de jipe: não tem recurso nenhum!".
fds

# coelho branco


fdsfdsCuritiba tem a sina de ser um Portugal no Brasil, tamanha a sensatez e a alegria com que faz a maior festa do mundo, o Carnaval.
fdsfdsPorém, no final da tarde ensolarada deste domingo, em despretensiosa, pero no mucho, passagem pelo Largo da Ordem -- centro histórico-cultural da cidade --, um baque, um susto.
fdsfdsEis que me deparo com uma pequena multidão em êxtase, em esfuziantes danças&cantorias e num amontoado ziriguidum&telecoteco, a lotar a praça histórica da capital. "Quanto riso, oh quanta alegria!", eu me disse.
fdsfdsNum microtrio liderado por meia-dúzia de tenores e uma simpática charanga, o povo -- na sua maioria jovens e mulheres, belas e alternativas --, sem resfolegar-se, pulava, cantava, sorria, beijava e bebia ao som das grandes marchinhas de carnaval e dos nossos mais clássicos sambas-enredos.
fdsfdsNão sei o que foi, nem quem inventou ou promoveu. Mas quero registrar aqui a grande ideia e o grande barato do negócio.
fdsfdsPor alguns instantes, eu parecia ter entrado no buraco de Alice e caído noutro lugar, noutra terra.

 
fds