sábado, 21 de novembro de 2009

# atleticanas (xxxviii)

fdsNão vi o gol de empate. Fugi ainda crente na vitória e no fim de mais um patético pesadelo.
fdsAinda tonto, numa mistura de alívio e frustração, encontro-me logo na saída do portão da Arena com um grande amigo -- mas que infelizmente pouco vejo -- cuja sensação é idêntica. Num fraternal abraço que durou dez metros e centenas de palavrões em relação ao nosso Atlético, ele, pelo rádio colado ao ouvido, escuta e, esgazeado, avisa: gol do Cruzeiro.
fdsProcelosos e em marcha pesada, avanço com o meu pai e do meu amigo quase nem me despeço. Quando então olho para trás e o vejo, sozinho e transtornado, a ter a mais escolástica e sincera reação para o (suposto) momento, atirando ao chão e destruindo rádio, fones e pilhas.
fdsE eis uma absoluta verdade: a indignação não tem preço, não merece amarras e não deve inibir os mais sinceros e consequentes sentimentos. O empate, ali, naquela hora, era inconcebível.
fdsAgora, o drama continua, até o decisivo jogo contra o Botafogo, no próximo domingo -- como aqui já previmos.
fdsE como diria um outro grande amigo, aja coração!
fds

# hybris & sophrosyne


Na reportagem da penúltima edição da maior revista de economia e finanças do mundo, a inglesa "The Economist" (v. aqui), diz-se que o maior perigo do Brasil é a "húbris" (ou hybris).

Este é um conceito grego que alude a uma confiança excessiva, à presunção e à insolência, que com frequência termina sendo punida.

Em oposição a isso está a "sofrósina" (ou sophrosyne), a virtude da prudência, do bom senso e do comedimento, que significa o autocontrole e a moderação guiados pelo verdadeiro autoconhecimento.

Ora, nem lá nem muito cá, o Brasil precisa, na verdade, continuar nesta marcha de reexame, de "conhecer-se a si mesmo", mas com a ousadia e a autoconfiança necessárias para sair da armadilha ideológico-conceitual que enxerga o binômio “capitalismo-democracia” nos moldes que a elite política e intelectual dos países ricos pseudocultiva.

Em suma, o Brasil deve evitar os excessos das ideologias ocidentais.

Na crise neocapitalista mundial, que ainda não chegou ao fim, faz-se a hora de levantarmos a cabeça e colaborar na construção de outro modelo de economia e filosofia política que não se deixe prender nos limites da cobiça sem limites, do consumismo sem limites e do também ilimitado laissez-faire.

O Brasil, com todas as nações em desenvolvimento e que refutam o pensée unique global, deve fixar como objetivo o adequado equilíbrio entre mercado e Estado, entre necessidades individuais e coletivo-estatais, entre igualdade e eficiência, entre crescimento material disforme e crescimento humano solidário, e entre alimentar os negócios inovadores e seus empresários, ao mesmo tempo que se alimenta toda a população com os direitos humanos fundamentais.

Aqui, portanto, não se deve temer a hybris, mas sim acomodá-la com a sophrosyne.

Eis então o caminho para o justo desenvolvimento de um país verdadeiramente soberano.


sexta-feira, 20 de novembro de 2009

# ira natural

... e além disso, o calor atroz ainda provoca tudo isso que se vê, agora, aqui fora: torrentes, temporais, tempestades, dilúvios, raios, tufões, inundações, desmoronamentos, desabrigo, lama, lepra, loucura etc.
fds
(Não preciso mais me pronunciar. A própria natureza ajudou-me a dar uma breve e violenta resposta aos tantos emails que recebi a xingar-me pela ode ao frio feita abaixo. É a ira dos céus diante do horrendo calor.)
fds

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

# climatério


fdsDefinitivamente, esse clima amarelo-avermelhado, esfumaçante, quente e pulsante, não é civilizado. Não pertence, ao menos, à civilização curitibana da gema.
fdsPessoas a suar, a pingar, a malcheirar, a ferver, a sofrer, a cozer, a torrar, a se desarrumar, a se descabelar, a se defumar. Para quê?
fdsNão somos do Rio, nem somos lagartos, nem tomates verdes para serem fritos.
fdsNão estamos na Bahia e, por isso, diante do que se vê do lado de fora das janelas ou do lado de dentro das quatro paredes, não devemos sorrir (v. aqui).
fdsSomos de uma capital fria, de gente fria, de clima subtropical, sem clima para ter clima quente. Somos blasés demais para o todo contagiante calor que a quase todos despe, abraça, pinta e borda.
fdsPara que esse calor infernal, que tonteia, que turva, que amolece e que nos desfalece e resfolega? Quem é que aproveita esse sol todo? E a que horas? fd
fdsPresos (quase) todos num trabalho que exige a vestida presença 10 horas por dia e numa cama onde se levam mais 6 horas, a descontar tempos em trânsito e em higienes, restam, assim, somente as primeiras horas da aurora -- para apenas os heróis que lá estão em pé -- e as poucas últimas antes do crepúsculo noturno.
fdsE só.
fdsE já cai a noite, na qual (quase) ninguém fica ao léu a curtir as estrelas, mas confiscados em bistrôs, bares, bocas&boates, sendo, logo, irrelevante o tal alto-astral do tempo e do calor externos. Nesses lugares e nessas horas, se os gatos são mesmo pardos, todos eles são também poiquilotérmicos, sem, pois, se importar com tudo que está lá fora.
fdsEnfim, chega desta garrafa térmica que nos ebole; chega deste forno que faz de todos assados em potencial.
fdsChamem os bombeiros, os sorveteiros, os esquimós, as focas e os ursos.
fdsChamem todos para trazer de volta a paz, a bonança e as nossas sinapses.
fdsChamem até os escafandristas se for caso, para que tudo explorem até encontrar as cinzas e perpétuas nuvens que confortam e afagam.
fdsE assim, diferente de Goethe no seu leito de morte, devo dizer: "Grau, mehr grau!".
fdsfdsfds
 

# punhal & garfo

--- x ---
fdsOs últimos -- embora, nesta área, sejam os de sempre -- acontecimentos no mundo do futebol já não mais deixavam dúvidas acerca da imperiosa necessidade de se ter um verdadeiro "quarto árbitro", disposto em campo com um monitor que o permita, mediante os recursos tecnológicos que a televisão dispõe, interferir nos (in)vulgares erros dos trios de arbitragem que percorrem o esporte em todo o planeta.
fdsAgora, o que o mundo viu -- à exceção do árbitro e dos seus auxiliares -- no decisivo jogo de qualificação à Copa do Mundo de 2010, entre França e Irlanda, foi definitivo para que doravante assim a FIFA passa a exigir, ao menos nos torneios internacionais oficiais e nos campeonatos nacionais de primeira divisão.
fdsO bizarro erro da arbitragem, que validou o grotesco gol classificatório da França no final do primeiro tempo da prorrogação, deu cabo a 4 (quatro!) anos de intensa preparação por parte da seleção irlanadesa. Repita-se: o tosco gol, todo preparado com a mão esquerda do atacante francês, jogou no lixo 4 (quatro!) anos de jogos, treinos, viagens etc. aos quais a Irlanda se submeteu em toda essa pré-qualificação à Copa.
fdsInsistir nisso tudo como está, com todos à mercê dos bons&maus olhos humanos é, no mínimo, querer lavar as sujas mãos para deixar que os grandes e mais poderosos sejam (sempre) beneficiados por inescrupulosos arranjos que invariavelmente dependem do apito amigo.
fds

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

# à portuguesa


Em Coimbra, n'À Capella, está provavelmente o melhor lugar de Portugal para se ouvir o grande fado local, beber vinhos e viajar, à luz de velas e no mais intimista dos lugares: uma antiga pequena igreja ("capela") que remonta ao séc. XIV -- mas que hoje leva uma reformada estrutura do séc. XVIII --, localizada num pequeníssimo largo onde desembocam algumas das mais estreitas e medievais ruas da Sé Velha (v. aqui).
 
Por que lembrar-se disso agora? Afora a sempre vívida lembrança dos amigos (de sempre) e da vida lusitana (de outrora), há a decisão de logo mais, às 17:45 (hora de Brasília), na qual a "Selecção das Quinas", com a vantagem do empate, entra em campo contra a valente (e surpreendente) equipa da Bósnia-Herzegovina para então decidir uma das últimas vagas à Copa do Mundo de 2010.
 
Portanto, como se o hino nacional quisesse dizer especialmente aos jogadores: "às armas, às armas!".

E então levantai, hoje de novo, o esplendor de Portugal.

 
fds

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

# atleticanas (xxxvii)

ffComo está na moda, o grande Antônio Lopes também parece às vezes padecer de apagões. Como não é homem de se deixar levar por forças ocultas ou interesses oblíquos, somente isso pode justificar a excrescente escalação do bizarro Everton, responsável direto pelo primeiro gol e por tantas outras toscas jogadas, tamanho o péssimo posicionamento, a falta de qualidade e a perturbação psíquica. Um terror, uma das piores coisas que já apareceu na defesa do Atlético.
ffJunte-se a isso o inseguro&instável Rodolfo, co-responsável pelos dois gols contra, e que insiste em querer fazer o que não consegue e jogar como não sabe (mas... temos outro zagueiro?).
ffE, assim, prontamente se explica a derrota para o medíocre -- embora determinado, voluntarioso e empolgado -- Fluminense.
ffMas além da incapacidade técnica destes dois elementos, também deve ser debitada da superavitária conta do Lopes: (i) a não escalação do Patrick no lugar do Wallyson, pois precisávamos de alguém para prender a bola lá na frente, (ii) a não fixação de um jogador (quaisquer dos volantes) para "colar" no armador Conca (alma tricolor) e (iii) a colocação do medonho Renan no lugar do Rafael Miranda, quando esse nosso sempre eficiente volante saiu lesionado (neste caso, inventasse qualquer outra coisa, menos colocar o horroroso ruivo).
ffPor fim, insisto que o nosso esquema, pelas peças que temos, é o 4-4-2, à italiana (v. aqui, aqui, aqui e aqui). Espero que a volta do Marcinho, após ter cumprido suspensão, faça Lopes entender isso, bem como também espero que o nosso treinador não tenha se iludido com a meia-dúzia de minutos de razoável futebol do Alex Mineiro.
ffComo já previsto (v. aqui), salvo uma absurda 36ª rodada, a nossa decisão será contra o Botafogo, em casa.
--------- xx ----------
ffE os coxas realmente mostraram que não têm time para cair. Nem devem, e nem queiramos, believe it or not.
ffInapelavelmente, passaram por cima do Galo, time que, sem nada ter de mais, somente agora, e para sempre, sai do G-4.
ffCoisas do (quase) todo medíocre futebol atual.
fds

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

# despiértate


Hugo Chávez, o grande presidente venezuelano e um dos líderes desta América Latina que pensa e implementa novos rumos para nuestros países, por meio da independência política, da transformação sócio-econômica e do desenvolvimento nacional, não pode se dar ao luxo de cair na armadilha plantada pelos EUA.
 
Embora sob o comando -- será?? -- de um homem que quer se diferenciar dos tantos outros que fizeram do país mais poderoso do mundo o mais odiado, os grandes grupos político-economicos que dominam a nação estadunidenses não querem nada menos do que evitar a independência, a transformação e o desenvolvimento de qualquer outro país que não seja Israel, o Reino Unido e a China -- sendo que, neste último caso, por medo (econômico, financeiro, militar etc.) -- e, por isso, já agora pensam em colher os frutos de outra guerra, cujas sementes já vinham, aos poucos sendo plantadas.

Sim, depois de duas eleições seguidas vencidas por Hugo Chávez e depois de duas tentativas fracassadas de golpe, os EUA miraram e elegeram o mais novo vassalo latino-americano, a Colômbia, para, a partir dela, criar factóides que possibilitem invadir a Venezuela e aplicar um terceiro e definitivo golpe.

É claro que sob a ótica política o acordo militar assinado entre Colômbia e EUA, pelo qual tropas americanas poderão usar bases militares em território colombiano, deva merecer o adjetivo de apenas "inconveniente", vez que se trata de uma decisão, ainda que formal, "soberana" do Estado colombiano. Porém, já se percebe um clima de "pré-guerra" entre ambos.

E quem vai entrar no pseudoconflito para apaziguar, restabelecer a "democracia" na região e acabar com os maus meninos latinos? Sim, claro, os yankees.
 
Sob "n" argumentos mendazes, falaciosos e fantasiosos -- como historicamente são do feitio --, os EUA pretendem reentrar definitivamente em cena para acabar com o Estado que, com coragem e soberania, enfrentou os paradigmas da política e da economia neoliberal e permitiu que tantas outras nações latino-americanas seguissem (ou estudassem) o caminho.

Por isso, com vistas a pensar não apenas no seu próprio povo, a Venezuela precisa lembrar que com ela também estão tantos outros países e que uma guerra tão-somente frustrará os planos e o futuro de todo um continente, exemplo para o mundo na construção da alternativa.

E, por isso, o melhor que Chávez e a Venezuela devem hoje fazer é conclamar todo os países americanos, chamar todos os países do mundo e convocar todas as organizações internacionais e mostrar o que realmente está por trás desta provocação e destas ameaças do Estado colombiano.

Enfim, esse é o caminho, com o anúncio e a intimidação à paz, e não à guerra. Para frustração do Tio Sam.

 
 

# roleta da competência

O blog da Petrobras (v. aqui) traz uma das grandes notícias da semana: concluiu-se a perfuração do quarto poço na área do plano de avaliação de Tupi e o resultado reforçou as estimativas do potencial de 5 a 8 bilhões de barris de petróleo leve e gás natural recuperável nos reservatórios do pré-sal daquela área, localizado em águas ultraprofundas da Bacia de Santos.
Com as áreas em prospecção vizinhas, isso praticamente dobra as reservas brasileiras de petróleo, estimadas em 15 bilhões de barris. E isso corresponde a só 30% da área do pré-sal sobre a qual já se tem resultados mensuráveis.
Ninguém exageraria ao afirmar que estas reservas podem chegar a ser maiores que 60 bilhões de barris, o que colocaria o Brasil entre os seis maiores produtores de petróleo do mundo.

fds

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

# e as onças bebem água


fdsAdivinhem qual país das Américas atingirá o maior crescimento econômico neste ano de crise mundial? A Bolívia, que por 20 anos consecutivos (1985-2005) seguiu à risca os acordos com o FMI até se consolidar como o país mais pobre da América do Sul e, no final deste período, conseguiu ter a sua renda per capita mais baixa do que 27 anos antes.
fdsSegundo o próprio FMI, no seu último relatório, a economia da Bolívia registrará o maior crescimento na América Latina este ano com uma taxa de pelo menos 3%. Como assim? A Bolívia, aquela coisa insignificante, comandada por um índio e que vem praticando estatizações, políticas econômicas próprias, reformas estruturais radicais e distribuição de renda? Por supuesto...
fdsA partir de 2006, com e eleição de Evo Morales, tudo passou a mudar -- ainda que lentamente, haja vista os gigantescos problemas estruturais internos --. e, apenas três meses depois de assumir a presidência, o novo comandante descartou o FMI e nacionalizou a indústria de hidrocarbonetos (especialmente gás natural).
fdsNão é preciso dizer que isso não agradou as elites locais e a comunidade corporativa internacional, pelas quais o novo governo boliviano passou a ser diariamente massacrado, hostilizado e boicotado.
fdsA nacionalização e os crescentes lucros advindos dos royalties dos hidrocarbonetos, no entanto, têm rendido ao novo Estado bilhões de dólares em receita adicional, cujas rendas têm sido úteis para a promoção do desenvolvimento nacional e a diminuição da pobreza e da desigualdade. E aqui que se começa a fazer a diferença.
fdsE o outro país da América Latina que mostra desempenho diametralmente oposto à crise? Sim, o Equador, comandada por outro pirata (v. aqui), Rafael Corrêa, cujas vanguardistas políticas públicas (sociais, econômicas, estruturais etc.) destoam do pensée unique global e caminham, pari passu, com as teses, os planos e as ações da nova onda de esquerda latino-americana.
fdsEnquanto isso, o México, exemplo para a direita e os neoliberais brasileiros (e internacionais), fiel seguidor da cartilha global e vassalo dos grande grupos econômicos locais, afundará com uma contratação prevista superior a 7,5% (v. aqui, aqui e aqui).


fds

# u-lula-lá

(The Economist, 12/11/2009)
fds

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

# (in)felizzes

fdsRonda por aí uma versão adulta dos personagens dos Teletubbies que, crescida, parece ainda querer aliar o comportamento do pobre povo crente que, medusicamente, se doa a alguma dessas igrejas ultra-neopentecostais.
fdsA vagar por aí com a retórica missão de crescer (!?) e "querer construir" um mundo melhor, este pós-moderno grupo de pessoas autointitula-se "Família Felizz" -- isso mesmo, autografa-se com dois "Zs", talvez para diferenciá-la da imediata confusão popular que a identificaria como um blend da feliz "Família Folha" curitibana com o "McLanche Feliz" global -- e assim busca ser... felizz.
fdsPois bem, até aí nada contra, afinal, parvos ou não, o que sempre importa é a ação e a atitude certa, proativa e em busca do bem comum e de todos, com égalité, fraternité e justa (e séria) liberté, fundamentais para as relações humanas desde pelos menos 1789. Porém, parece que pouco disso está presente nos teletubbies.
fdsEmbora o blá-blá-blá tenha vestes de coletivismo, de cooperação e de comunhão, não precisa múltiplos neurônios para se perceber que, na realidade, nada mais buscam -- inclusive o grão-mestre -- a não ser a maximização do individualismo, do egocentrismo e da performance pessoal, típicas da atual vertente social, típicas de quem quer o melhor do melhor do melhor do mundo.
fdsEm aparente transe, a sua maioria crê que o melhor do mundo está em si e que a conquista do eldorado está na própria realização. Ou melhor, na maneira pela qual se fazem enxergar ou vender -- é, pois, a sede de imagem, a qual para eles é tudo.
fdsE pseudocontaminados -- vez que fora da aldeia (em regra) nada mudam --, em cada gesto e em cada palavra de quase todos os teletubbies você fica com a nítida impressão deles estarem querendo se vender, como um daqueles produtos Amway.
fdsSim, quando você avista um grupo desses vindo em sua direção -- abraçados ou não --, você vê ali aqueles típicos vendedores de um produto pasteurizado, prontos a te convencer que o mundo sem eles -- os próprios "produtos" -- é fadado ao fracasso. Ali, meus irmãos, a cura não está na Bíblia.
fdsNas atitudes deles, ainda, há frequentes mensagens subliminares que buscam louvar o máximo líder, um homem habilidoso que consegue arrebanhar ovelhas cabisbaixas, meio vazias ou com dificuldades pessoais, e delas cobrar uma quantia bastante expressiva -- um fim de semana com o guru não custa menos de mil e tantos reais -- para dizer-lhes as obviedades (e as mentiras) que todas querem ouvir.
fdsÉ "o segredo", best-seller na forma menos evoluída de um profeta high-tech -- Maurino Veiga é, parece, o nome da fera -- que prega o networking para se fazer business entre novos brothers. É quase aquela música do Pagodinho com o Baleeiro.
fdsA turma, que surge de encontros e cursos com o pseudocientífico nome de "Treinamento Evolution", é formada na quase totalidade por pessoas que, com problemas das mais diversas ordens, pagam para ouvir palestras de autoajuda e realizar atividades infanto-juvenis; porém, como pega mal para as pessoas assumirem isso a quem lhes pergunta, diz-se que se faz um curso de "treinamento" ou de treinamento "empresarial", "comportamental", "desenvolvimentista" ou algo do gênero.
fdsE não digo porque "acho" isso, mas porque vejo o comportamento e porque tive o relato de alguns que confessaram do que se trata: um engodo que apenas reúne gente curiosa ou órfã de alto-estima e bom-senso, abusadas pela desequilíbrio pessoal.
fdsOra, os déficits humanos dessas -- e da (quase) totalidade das -- pessoas hão de serem discutidos e resolvidos não por conversas pirotécnicas, promovidas por um especialista em marketing pessoal que faz reunir a baixo-estima de tantos anônimos, mas, sim, por diálagos com familiares e amigos e com verdadeiros profissionais -- aqueles da psicologia, da psicanálise ou da psiquiatria --, os quais tem, respectivamente, o amor e a perícia para tanto. Afinal, são estes que, verdadeiramente, sabem lidar com as suas dores, frustrações, dúvidas, medos, expectativas, vontades e anseios.
fdsDepois, se o objetivo não é a "pessoa", mas os "negócios" dessa pessoa, deve-se parar com essa hipocrisia e dizer, às claras, que o negócio é gerenciamento empresarial e de carreira, e daí o foco (e o discurso) deve ser outro, ainda que com reticências múltiplas. Caso contrário, o embuste permanece, pois faria confundir "desenvolvimento humano" com sucesso pessoal.
fdsE assim, a felizz (?!) história da maior parte desses, repito, teletubbies, com um mendaz discurso do politicamente correto e da vida bela, se parece muito com aquelas histórias já bem comuns patrocinadas pelas nossas elites, que adoram fazer passeatas de branco pedindo pela paz, de preto exigindo menos tributos ou com roupas de grife empunhando cartazes escrito "Basta!".
fdsPorém, para o animador de auditório que abusa da fraqueza dos participantes e que tergiversa a ciência médico-comportamental, pensando que assim cria novos "super-homens" -- que, obviamente, nada tem de nietzchiano --, ser "felizz" não parece ter as mesmas prerrogativas (e as mesmas causas e consequências) que ser... feliz.
fds

domingo, 8 de novembro de 2009

# atleticanas (xxxvi)

fds Ainda que pouco empolgante, a formação tática é um tema inevitável para se discutir o Atlético, e já por isso reconheça-se a humildade (e a capacidade de ver e pensar o jogo) de Antônio Lopes, pois (implicitamente) assumiu que o esquema 4-3-3, com pontas e com um meio-de-campo vazio e inoperante, nas costas de Paulo Baier, deveria ser esquecido, visto que fracassado em quatro dos 6 jogos.
fds Ontem, na indiscutível vitória sobre o Goiás, voltou a adotar o 3-5-2 e, embora não seja o melhor -- em especial pela falta das peças essenciais que o sistema exige, razão pela qual preferimos o 4-4-2 à italiana --, apresentou-se relativamente bem, com muita segurança e inteligência, e pouco desespero e chutões.
fds Já agora sem qualquer risco lógico-técnico de cair -- a restar, apenas, o matemático, mas que sucumbirá à mais certa classificação à Copa Sulamericana --, cabe à Diretoria, além de renovar com a Comissão Técnica, promover uma limpeza (quase ideológica) no seu elenco.
fds Por baixo, há 12 jogadores sem qualquer capacidade de vestir a camisa rubro-negra e que fazem por merecer a imediata dispensa, talvez até "por justa causa".
fds No lugar, pois para completar elenco não há dúvida de que os jogadores da base darão conta do recado, contrate-se 2 grandes jogadores, essenciais para maiores aspirações: um zagueiro (técnico, elegante, um par perfeito ao grande Manoel) e um centroavante (citius, altius, fortius e artilheirus), aos quais devemos pagar centenas de milhares de reais, dar casa,comida&roupa-lavada e uma viatura de alto-luxo.
fds Sim, hoje o melhor negócio do mundo é o Atlético trocar dois por uma dúzia.
fds

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

# latifúndio eletromagnético

s
fdsfdsO Governo do Paraná, na esteira do que os outros 25 Estados da Federação fazem -- e o Governo Federal fará, em dezembro --, promove, de hoje a domingo, no "Canal da Música" e com transmissão ao vivo da TV Educativa, a Conferência Estadual de Comunicação (v. aqui), com vistas a pensar e debater um novo marco regulatório para as comunicações (a mídia, os veículos, as tecnologias etc.) no Brasil, (re)criando um sistema sob os estritos moldes constitucionais, de modo verdadeiramente livre e democrático.
fdsfdsA apresentar uma composição tripartite -- governo, empresas de mídia e telecom e "sociedade civil" -- e a ter três eixos de discussão -- meios de distribuição, produção de conteúdo e cidadania --, a Conferência tem, encrostado um fim maior: combater o "latifúndio do ar" e por um fim na maneira oligopolista, oligarca e patriarcal de se fazer comunicação no Brasil, na esteira do que vários países da América Latina vem fazendo (v. aqui, por exemplo, o que a Argentina já fez, com a sua nova "Ley de Medios").
fdsfdsO caminho? Visar à relativização da libertina liberdade de imprensa, a qual, por ser meramente mercantil e, portanto, refém do mercado, assenta-se não no interesse público e no seu compromisso constitucional, mas na conveniência da verdade, no obscurantismo da informação e no viés coronelista e golpista da existência.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

# a-diversidades

Não é apenas o clima e o comportamento social que enlouqueceram, afinal, vivemos numa época em que a raça (?!) não é simplesmente humana e que a opção (!?) sexual exige explicação.
fds

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

# atleticanas (xxxv)

O jogo decisivo para o Atlético será contra o Botafogo, na penúltima rodada, em casa. Afora esse, terá Goiás e Cruzeiro em casa, e Fluminense e Barueri fora, nos quais malemal conseguirá 3 (três) pontos.
E mesmo assim escapará do inferno; mas não, infelizmente, do purgatório, donde já há três anos vem a mostrar uma campanha ridícula e vergonhosa.
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Diante das tabelas que os times que lutam pelo título e que lutam para não cair têm e diante do momento e do elenco que cada um apresenta, à sombra da mangueira imortal desconfia-se que o campeonato será decidido no photo-chart, com os clubes a cruzar o disco final na seguinte ordem de chegada -- embora se espere (e se torça para) que a posição de um, à frente, e a não inclusão de outro, entre os debaixo, não se concretizem: São Paulo, Internacional, Palmeiras e Flamengo, na turma de cima, e Botafogo, Náutico, Santo André e Sport, na turma de baixo -- ou seja, lá ou cá, as duas maiores torcidas tricolores do Brasil estarão em festa.
fds