sábado, 21 de novembro de 2009

# hybris & sophrosyne


Na reportagem da penúltima edição da maior revista de economia e finanças do mundo, a inglesa "The Economist" (v. aqui), diz-se que o maior perigo do Brasil é a "húbris" (ou hybris).

Este é um conceito grego que alude a uma confiança excessiva, à presunção e à insolência, que com frequência termina sendo punida.

Em oposição a isso está a "sofrósina" (ou sophrosyne), a virtude da prudência, do bom senso e do comedimento, que significa o autocontrole e a moderação guiados pelo verdadeiro autoconhecimento.

Ora, nem lá nem muito cá, o Brasil precisa, na verdade, continuar nesta marcha de reexame, de "conhecer-se a si mesmo", mas com a ousadia e a autoconfiança necessárias para sair da armadilha ideológico-conceitual que enxerga o binômio “capitalismo-democracia” nos moldes que a elite política e intelectual dos países ricos pseudocultiva.

Em suma, o Brasil deve evitar os excessos das ideologias ocidentais.

Na crise neocapitalista mundial, que ainda não chegou ao fim, faz-se a hora de levantarmos a cabeça e colaborar na construção de outro modelo de economia e filosofia política que não se deixe prender nos limites da cobiça sem limites, do consumismo sem limites e do também ilimitado laissez-faire.

O Brasil, com todas as nações em desenvolvimento e que refutam o pensée unique global, deve fixar como objetivo o adequado equilíbrio entre mercado e Estado, entre necessidades individuais e coletivo-estatais, entre igualdade e eficiência, entre crescimento material disforme e crescimento humano solidário, e entre alimentar os negócios inovadores e seus empresários, ao mesmo tempo que se alimenta toda a população com os direitos humanos fundamentais.

Aqui, portanto, não se deve temer a hybris, mas sim acomodá-la com a sophrosyne.

Eis então o caminho para o justo desenvolvimento de um país verdadeiramente soberano.