A França -- e o mundo todo, como a Itália de Federico Fellini --, vejam só, também já entendeu o que tem de "novo" na política de Marina, a nossa Madre Teresa da Amazônia (v. aqui), e para onde vai: é a nova direita...
UM ESPAÇO LÍRICO-SIDERAL SOBRE TURFE, UTOPIA, LIVROS, LEIS, NÓS, MARX, FILMES, POEMAS, TORRONES, DRONES, DEUS, DESTILARIAS, EGO, GOLS, FAROESTE, FAZ-DE-CONTA, METAFÍSICA E A VIDA, COMO ELA É...
sexta-feira, 19 de setembro de 2014
terça-feira, 16 de setembro de 2014
# às claras
Já se falou aqui (e aqui, aqui, aqui) de que a tão auspiciosa candidatura de Marina Silva, a nossa "Madre Teresa da Amazônia", é a degradação em potencial da política, com a despolitização da vida pública e apolitização da vida social.
Mas, claro, diante do que se tem à mesa não há como sequer comparar Dilma com a sua adversária, e muito menos o PT com legendas como o PSB.
Antes, uma premissa escancarada: o PT é o único partido político minimamente organizado, estruturado e programado deste país. Não à toa, dos outros dez candidatos à presidência, 6 (seis!) estiveram no PT, com sérias e duradouras ligações, saindo dele pelos mais diversos motivos e sob as mais variadas causas e desculpas, verdades e mentiras.
Para um apanhado geral, comecemos pelo assunto mais midiático de todos: "corrupção".
A questão, pois, está na criação de mecanismos institucionais de controle.
E na não-ilusão de que
o mundo dos anjos deveria estar na política ou de que o mundo privado deveria
ser exemplo para alguma coisa.
Inclusive porque está no próprio mundo privado a nascente dos crimes -- a empresa é o "sujeito ativo" do crime de corrupção --, e é neste modus operandi do mundo privado que está, em regra, o segredo da grana e do sucesso. A propósito, foi no Governo Dilma, frise-se, que se criou uma lei responsabilizando administrativa e civilmente as empresas pela prática de atos contra o a Administração Pública.
Inclusive porque está no próprio mundo privado a nascente dos crimes -- a empresa é o "sujeito ativo" do crime de corrupção --, e é neste modus operandi do mundo privado que está, em regra, o segredo da grana e do sucesso. A propósito, foi no Governo Dilma, frise-se, que se criou uma lei responsabilizando administrativa e civilmente as empresas pela prática de atos contra o a Administração Pública.
E se foi a fundo, na
medida do possível e na medida dos freios aos impulsos democráticos impostos
pelo impávido e colosso Poder Judiciário (v. aqui).
Nesses quatro anos, a Corregedoria-Geral da União -- criada por Lula e que, no âmbito do Poder Executivo, é a responsável pela defesa patrimônio público e ao incremento da transparência da gestão, por meio das atividades de controle interno, auditoria pública, correição, prevenção e combate à corrupção -- investigou e trabalhou com rara intensidade.
Nesses quatro anos, o Procurador-Geral da República -- na chefia de órgão independente que zela pelos interesses públicos, difusos e coletivos da sociedade --, não titubeou em nenhum momento e sob nenhuma circunstância, bem diferente dos anos dourados tucanos, em que tal autoridade ficou conhecida como "Engavetador-Geral da República".
É por isso que as coisas que sempre aconteceram só agora "acontecem", "surgem" e "vazam" -- e ainda bem.
E, claro, é por isso que a sensação é a de que se tem mais corrupção, mais malversações e mais filhos da puta no ambiente das relações público-público ou público-privado.
Evidentemente, os fatos que pululam são
um prato-cheio para a grande mídia servir ao público, de modo a desgastar o
partido do Governo (PT) e, claro, a Política.
Afinal, não se deixe dourar a pílula: a elite brasileira tem medo, muito medo da Política (v. aqui).
E do povo.
Por isso o Brasil precisa parar de ser hipócrita ou inocente acerca deste assunto.
E os brasileiros precisam
parar de achar que tal praga é nosso privilégio ou coisa tupiniquim -- v. aqui, por exemplo --, e de usar qualquer outro
argumento que, no fundo, quer apenas retirar da Política a arte de resolver as grandes questões nacionais.
E fazer acreditar, pois, em fadas e unicórnios.
E fazer acreditar, pois, em fadas e unicórnios.
sexta-feira, 12 de setembro de 2014
# aspas (xliii)
Boaventura de Souza Santos -- cientista social de escol, professor catedrático da Universidade de Coimbra e coordenador do "Projeto Alice" (v. aqui) --, a respeito da candidatura da Gandhi de saias, a nossa Madre Marina da Amazônia (v. aqui):
Marina Silva é um 'instrumento' da direita brasileira, que entendeu ser
muito difícil voltar ao poder diretamente por meio de uma disputa ideológica
entre Dilma Rousseff e Aécio Neves.
A direita descobriu, muito rapidamente, que Aécio Neves não é de forma nenhuma
uma alternativa, porque faria uma disputa ideológica entre esquerda e direita.
As forças que sempre governaram o Brasil viram que era mais fácil chegar
ao poder sem fazer essa disputa ideológica, utilizando uma terceira pessoa, que
combina em sua ambiguidade alguns elementos de esquerda, não pelo que diz hoje,
mas pelo que foi.
Tem que usar um desvio e o desvio necessário é
buscar alguém que tem um perfil de esquerda para depois instrumentalizá-la.
Marina Silva é, neste momento, esse instrumento. É, portanto, um desvio a que a
direita é forçada para conquistar o poder.
Para nós, que viemos da Europa, basta quando vem aquela frase mágica da
independência do Banco Central... É a grande marca do modelo neoliberal.
Tive o cuidado de ver o programa da Marina Silva
e, obviamente, uma das coisas que diz o programa de política externa é, no
fundo, voltar ao tradicional alinhamento do Brasil com os Estados Unidos.
É só saber ler seu programa. As
perspectivas são as políticas neoliberais.
Penso que essa fulguração de Marina atingiu seu
máximo. As pessoas começam a ver os riscos por trás de uma política nova que,
afinal, é bastante velha; a ver a fragilidade da Marina com as oscilações
perante aqueles que controlam sua campanha e que lhe dão apoio.
Continua a haver uma esperança de que, no
segundo mandato, a presidente Dilma vá fazer o que se espera de um governo do
PT.
Ao passo que da Marina Silva, francamente, não
há nada a esperar.
segunda-feira, 8 de setembro de 2014
# zumbília
Apesar de todo o blá-blá-blá sem sentido algum, muito bem se sabe o que se terá com Marina Silva na presidência da República: uma sopa rança temperada com raspas de tucano.
Não é medo preconceituoso, mas simples fobia conceitual da nossa recente história.
E se Marina, a Gandhi amazônica, não precisava de mais provas do que pretendia sob os escombros do seu discurso vago, lunático e dissimulado, eis que pululam fatos.
Marina, com esteio no seu merchand da "nova política", traveste os farrapos da trupe neoliberal que se imaginava trancafiados num baú ou presos para sempre num passado (ainda) remoto.
Marina, uma espécie de unicórnio da política, quer um banco central independente, e ao mesmo tempo quer a soberania econômico-financeira do Brasil.
Marina, herdeira única do trono episcopal, é contra as políticas de direitos de homossexuais, mas ao mesmo tempo é contra a discriminação de orientação sexual.
Marina, uma metamorfose anódina e histriônica, não aceita, mas também não recusa, doações de empresas de bebida, de tabaco e de agrotóxicos.
Marina, no seu jeito vaga-lume de ser, não é a favor e nem contra os transgênicos, nem quer e nem desquer a reforma agrária, apoia e desapoia as lutas no campo..
Marina, uma metamorfose anódina e histriônica, não aceita, mas também não recusa, doações de empresas de bebida, de tabaco e de agrotóxicos.
Marina, no seu jeito vaga-lume de ser, não é a favor e nem contra os transgênicos, nem quer e nem desquer a reforma agrária, apoia e desapoia as lutas no campo..
Marina, a Viúva Branca (v. aqui), diz, desdiz, contradiz e rediz coisas, as mesmas coisas, a todo instante e sobre variados temas, num circunlóquio constrangedor.
E não bastassem estas (e outras tantas) peripécias da candidata canonizada pela classe média brasileira e pelos discípulos de junho de 2013 (v. aqui e aqui), eis que Marina vem se superando.
Agora, vejam só, ela é contra a revisão da lei de anista aos torturadores da ditadura militar (v. aqui).
Diante de tão inusitada postura, os velhos milicos do Clube Militar do Rio de Janeiro, antro mofo dos reacionários de carteirinha, declaram-se fiéis eleitores da mítica candidata (v. aqui).
E nada mais é preciso dizer.
A não ser cogitar o próximo ressuscitado: o barbeiro, da doença de Chagas.
quarta-feira, 3 de setembro de 2014
# atleticania (xviii)
De longe tudo pode parecer mais bonito.
A miopia da saudade, assim, provoca-nos a imaginar, a sonhar, a delirar sobre a realidade.
Nesta noite, o Clube Atlético Paranaense finalmente voltou para a sua terra e a sua gente.
Anos e anos de punição, de sofrimento e de mal-tratos que causaram a separação mais triste e longa da história do maior clube do Paraná: a torcida e a sua casa.
Hospedados nos mais diversos campos de Curitiba e do Brasil, a torcida do Atlético perfazia-se caixeira-viajante, um saltimbanco ciganeando pelos caminhos tortuosos de espaços alheios, acenando timidamente um lenço vermelho-e-preto apenas para não perder o rumo do vento e não abafar a ideia fixa na cabeça.
Desconfortável, se amontoava para tentar acompanhar os fracos times montados.
Reinante, não largou a sua paixão em nenhuma destas mais de mil e uma noites.
E hoje tudo passou, e a torcida rubro-negra manteve-se firme na prova da sua intransponível devoção.
E hoje tudo passou, e a torcida rubro-negra manteve-se firme na prova da sua intransponível devoção.
Agora, o Atlético, e a sua massa fanática como a maior razão de ser, só volta a exigir respeito.
E consideração, que não significa apenas ter o melhor estádio do Brasil e a melhor gestão financeira do nosso futebol.
Mas, sim, ver dentro das quatro linhas um grande time.
Que vista a camisa rubro-negra por amor.
Que tenha o sangue forte e o vigor sem jaça.
E que tenha a qualidade digna da sua estrutura e da sua gente.
E que tenha a qualidade digna da sua estrutura e da sua gente.
Das arquibancadas, os jogadores já sabem, não se terá um minuto sequer de silêncio.
Resta agora partir para o plano de jogo, pois a novíssima Baixada já está feita e entregue.
Adonada pelos milhões de atleticanos está grandiosa como sempre.
E como hoje.
Numa noite em que olhava Deivid mas via Franz Beckenbauer.
E como hoje.
Numa noite em que olhava Deivid mas via Franz Beckenbauer.
# aspas (xlii)
A fascinante crônica do Velho Cronista sobre a grande noite que se reinaugura logo mais.
E nada mais precisa ser dito (v. aqui).
Olhe lá, a Baixada quieta, calada feito
criança culpada, não dispara um único som. Dorme um sono pesado, de concreto e
ferro fundido.
Descansa, calma feito noite fria.
Tudo está quieto demais no front.
As trincheiras estão vazias, os bunkers
estão desabitados, as casamatas estão desguarnecidas.
E todos nós já vimos filmes de guerra o
bastante para saber que esse silêncio verborrágico, essa calada perniciosa,
prenuncia um estrondo fatal e desvairado.
Na calada da noite, enquanto os
santos dormem, uma multidão inteira, com pensamentos peçonhentos, ocupa as
trilhas que levam ao Estádio Joaquim Américo.
E quando nos dermos conta, aquele estádio
estará integralmente tomado por um povo ensandecido, com pavilhões e fardas a
chacoalhar nas mãos, ecoando cânticos elevados e promissores.
Quando rebentar o primeiro disparo será
como o estouro de mil manadas a correr, cascos febris castigando o concreto em
galopes ligeiros.
Hoje, a imensa torcida do Clube Atlético
Paranaense vai matar, com ferroadas lancinantes de fascínio, toda a saudade da
sua casa.
E a massa vermelha nem vai ter tempo de
chorar a emoção da volta. Mal vai pisar no concreto imaculado da Baixada e já
vai ter de entoar gritos de escora e auxílio, empurrando o escrete para
cima do adversário, posto que o encargo do Atlético-PR é mastodôntico: precisa impor
terríveis três gols no tinhoso time do América-RN.
Quarenta mil almas serão forjadas no
desespero e na aflição, curvando a cada giro do relógio. Os céticos – se é que
ainda existem depois daquele
embate contra o Sporting Cristal, comprado no calor das penalidades –
que não apareçam por lá.
Este estádio, meus caros, não foi erguido
para incrédulos. Ele foi feito para quem, à imagem dele, foi criado a
ferro e fogo, a quem tem vigas no lugar de veias, a quem traz na espinha dorsal
a firme convicção da virada.
Os ateus, portanto, que deixem espaço para
quem segue esse time por toda parte.
Hoje, Curitiba sairá toda em
romaria, gente de fé, multidão inteira, órfã de casa há mais de
mil dias, que vem de pegar emprestados campos e arquibancadas Brasil
afora, e que anseia em lançar mão de uma só vez sobre aquele campo que é só
seu.
O Atlético-PR está voltando, enfim, para
casa. E ele chega, pontual, no momento mais perfeito para o regresso: quando os
estádios todos da Copa do Mundo já estão usados, frequentados, consumidos. O
Joaquim Américo estreia hoje intacto. É como a joia guardada para o final,
o presente que chega por último.
Obrigado aos Castelões, às Arena Manaus,
às Fontes Novas, que abriram o espetáculo, mas é hora do recital principal.
Agora, todas as luzes desses holofotes
curiosos estão mirando exatamente ela, a Baixada, que debuta hoje.
Morteiros vermelhos cruzarão os céus,
canhões serão apontados para o centro da grama, lanças e setas viajarão pelo
terreno. E o povão ensandecido encherá de cor aquele cinza e o Brasil inteiro
verá que a palidez do cimento deste estádio é proposital – a matiz deste campo
pertence ao povaréu nas arquibancadas, às camisas e flâmulas que tremulam
incansáveis.
A Arena da Baixada hibernou por duas
eternidades e agora se levanta.
E o país inteiro vai estremecer ao som dos
seus rugidos.
segunda-feira, 1 de setembro de 2014
# falso atalho
Marina Silva, a Ghandi amazônica, é a infundada opção para a turma apolítica que se finge ser "contra tudo isso que aí está", mas que na verdade tem apenas vergonha de vestir o luto tucano e ir às ruas declarar seu fúnebre apoio ao PSDB – por isso, fica muito mais fácil e descolado aceitar goela abaixo esta midiática operação "besta de Troia".
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