quarta-feira, 3 de setembro de 2014

# atleticania (xviii)


De longe tudo pode parecer mais bonito.

A miopia da saudade, assim, provoca-nos a imaginar, a sonhar, a delirar sobre a realidade.

Nesta noite, o Clube Atlético Paranaense finalmente voltou para a sua terra e a sua gente.

Anos e anos de punição, de sofrimento e de mal-tratos que causaram a separação mais triste e longa da história do maior clube do Paraná: a torcida e a sua casa.

Hospedados nos mais diversos campos de Curitiba e do Brasil, a torcida do Atlético perfazia-se caixeira-viajante, um saltimbanco ciganeando pelos caminhos tortuosos de espaços alheios, acenando timidamente um lenço vermelho-e-preto apenas para não perder o rumo do vento e não abafar a ideia fixa na cabeça.

Desconfortável, se amontoava para tentar acompanhar os fracos times montados.

Reinante, não largou a sua paixão em nenhuma destas mais de mil e uma noites.

E hoje tudo passou, e a torcida rubro-negra manteve-se firme na prova da sua intransponível devoção. 

Agora, o Atlético, e a sua massa fanática como a maior razão de ser, só volta a exigir respeito.

E consideração, que não significa apenas ter o melhor estádio do Brasil e a melhor gestão financeira do nosso futebol.

Mas, sim, ver dentro das quatro linhas um grande time.

Que vista a camisa rubro-negra por amor.

Que tenha o sangue forte e o vigor sem jaça.

E que tenha a qualidade digna da sua estrutura e da sua gente.

Das arquibancadas, os jogadores já sabem, não se terá um minuto sequer de silêncio.

Resta agora partir para o plano de jogo, pois a novíssima Baixada já está feita e entregue.

Adonada pelos milhões de atleticanos está grandiosa como sempre.

E como hoje.

Numa noite em que olhava Deivid mas via Franz Beckenbauer.