La
Dolce Vita revela o vazio existencial e a decadência moral da sociedade
burguesa italiana nos anos 60.
Mas também, e muito bem, se aplica às soluções da turma demo-tucana (DEM e PSDB) para o Brasil, uma vez que se mostram absolutamente decadentes e vazias.
As
suas ideias insistem em desabar num rotundo vácuo, a flagrar o nada existencial
e político desta classe política que está num beco, sem saída e sem volta, só
com um precipício à frente.
É
esta direita, marcada na burguesia da obra de Fellini, que pretende retomar as
rédeas do Brasil.
E
nas propostas a comédia é dramática.
Uma delas, espalhada com insistência constrangedora por Aécio Neves, é aquela de reduzir o número de ministérios pela metade, magnânimo plano para reduzir custos da máquina pública mas que apenas mostra a retórica da velha ideologia do Estado mínimo – a propósito, v. aqui o bravo Ciro Gomes já desmontando esta panaceia, bem diante do ordinário choro do rapagote da Veja.
Ora, ora, qual seria o impacto fiscal? Praticamente nulo, afinal, (i) os servidores de carreira não serão demitidos, só serão incorporados por outros órgãos, e (ii) as políticas públicas não serão abandonadas, só serão repassadas para os orçamentos de outros órgãos.
Ademais, os
cortes serão em ministérios pequenos, com poucas despesas administrativas,
parte das quais será incorporada a outros ministérios, sob pena de gerar um
déficit de atenção em áreas tão importantes como "igualdade racial",
"mulheres" e "pequenos negócios".
Enfim,
o corte efetivo restringir-se-á aos salários dos ministros e às eventuais
reduções de despesas administrativas, que reduzidas ao papel não chega a uma
economia mensal minimamente razoável.
É
claro que debater o número de ministérios faz sentido do ponto de vista
gerencial, mas nunca sob a ótica financeira.
Mas isso a turma oposicionista passa longe, pois aquela ladainha de "xoque de jestão" dos tucanos já foi desmascarada e hoje não engana mais ninguém.
É claro que debater a contenção de gastos é importante, mas não se pode tratar a medida com este simplismo ou sob a cantilena de que só não se faz porque não se quer (v. aqui).
Mas disso não se fala a sério, tão-pouco com a mínima retidão exigida.
Afinal, Política não é o que se quer discutir.